Josias de Souza – Lula decide tratar militares 'sem caça às bruxas' – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S.Paulo” (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército”.
Colunista do UOL
29/11/2022 19h33
Às voltas com uma transição de governo atípica, Lula opera em Brasília com um olho no Congresso e outro na porta dos quartéis. Acelera o processo de escolha do ministro da Defesa e dos futuros comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Equilibra-se sobre um paradoxo. Embora queira expurgar das Forças Armadas a política, oferece aos militares tratamento análogo ao que dispensa aos políticos do centrão. Sinaliza que não haverá “caça às bruxas”. Em troca do estreitamento de inimizades, insinua que deve conservar os privilégios.
Bolsonaro tornou a bruxa de farda uma caça fácil e abundante. Lula poderia, por exemplo, apontar o dedo para qualquer um dos três comandantes militares e dizer: “É uma bruxa”. Simpatizantes dos atos antidemocráticos que clamam na frente dos quartéis por intervenção militar, o general Marco Antônio Gomes, o brigadeiro Carlos de Almeida Junior e o almirante Almir Garnier marcham na fronteira entre a descortesia e a insubordinação.

A trinca trama deixar os comandos das forças em dezembro, ainda sob ordens de Bolsonaro. Após negligenciar por três semanas a formação de um grupo de trabalho sobre Defesa no escritório de transição, Lula viu-se compelido a queimar etapas. Credenciou José Múcio Monteiro, um político de perfil conservador e acomodatício, como seu interlocutor junto aos militares. Com ares de provável futuro ministro civil da Defesa, Múcio foi bem recebido.
Lula deseja manter a praxe de acomodar na chefia das três armas os oficiais mais antigos de cada força. Resta saber se Bolsonaro fará o obséquio de assinar as indicações. Lula mandou dizer, de resto, que não cogita rever vantagens salariais e previdenciárias obtidas pelos militares durante a gestão do capitão.
Simultaneamente, Lula age para apressar a cerimônia de diplomação da chapa que formou com Geraldo Alckmin. Marcado inicialmente para 19 de dezembro, o evento deve ser antecipado para o dia 12. Tenta-se criar mais um fato consumado que desestimule o prolongamento dos atos antidemocráticos até o dia da posse, em 1º de janeiro.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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