Josias de Souza – Veja por que Valdemar virou coadjuvante da palhaçada eleitoral de Bolsonaro – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S.Paulo” (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército”.
Colunista do UOL
22/11/2022 20h00
Dono do PL, Valdemar Costa Neto tornou-se o longa manus de Bolsonaro na delinquência antidemocrática da contestação do resultado das urnas. Numa tradução literal, a expressão em latim significa “mão longa”. No português da bandidagem, serve para qualificar o sujeito que executa o crime premeditado por outro. Valdemar tornou-se coadjuvante da palhaçada bolsonarista porque o papel favorece os seus negócios. Por trás da decisão do ex-presidiário do mensalão está o bolso do contribuinte brasileiro.
A representação que o PL protocolou no TSE para contestar o resultado do segundo turno da disputa presidencial foi uma exigência de Bolsonaro. Exilado no Alvorada, o capitão desistiu de presidir a República. Mas continua no comando do mundo paralelo em que decidiu viver desde que foi derrotado por Lula. Valdemar precisa corresponder aos caprichos golpistas de Bolsonaro pelo menos até o dia 2 de fevereiro. Nessa data, tomam posse na Câmara os 99 deputados federais eleitos pelo PL nas urnas de 2022.

É com base na bancada do dia da posse que são feitos os cálculos dos fundos eleitoral e partidário a que as legendas terão direito nos próximos quatro anos. Dos 99 deputados eleitos pelo PL, cerca de 50 chegaram à Câmara na aba de Bolsonaro. Muitos ameaçaram bater em retirada se os caprichos do capitão não fossem atendidos. Para não perder dinheiro, Valdemar precisa reter a tropa do seu lado pelo menos até a posse.
Aconteceu algo semelhante em 2018. Naquele ano, Bolsonaro disputou o Planalto a bordo do PSL, partido de Luciano Bivar. A legenda saltou de três deputados para 52. Bolsonaro brigou com Bivar pelo controle do cofre. Derrotado, deixou a legenda. Levou junto os bolsonaristas mais fiéis. Mas não carregou um mísero tostão. Posteriormente, Bivar fundiu o seu PSL com o DEM, que havia empossado 29 deputados. Dessa cruza nasceu o União Brasil, que foi às urnas deste ano com um fundo eleitoral de R$ 782 milhões. Sozinho, o PL de Valdemar terá ainda mais dinheiro se conseguir segurar os seus 99 eleitos até o dia da posse.
Na representação protocolada no TSE, o PL contesta algo como 60% das urnas eletrônicas. Limita o questionamento ao segundo turno. Nas urnas restantes, Bolsonaro teria obtido 51,05% dos votos válidos, contra 48,95% de Lula. Resultado diferente daquele obtido na contagem oficial, na qual Lula prevaleceu com 50,9% dos votos, contra 49,1% de Bolsonaro.
“Este relatório não expressa a opinião do Partido Liberal”, disse Valdemar aos repórteres. “Mas é o resultado de estudos elaborados por especialistas graduados em uma das universidades mais respeitadas do mundo e que, no nosso entendimento, deve ser analisado pelos especialistas do TSE, de forma que seja assegurada e resguardada a integridade do processo eleitoral, com um único intuito: fortalecer a democracia para fortalecer o Brasil.”
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, deu prazo de 24 horas para que a coligação de Bolsonaro, liderada pelo PL, apresente um relatório completo sobre as eleições, incluindo o primeiro turno. Moraes anota em seu despacho que urnas eletrônicas questionadas na representação foram “utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022”. Acrescenta: “Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições…”
Moraes aplicou em Valdemar, o longa manus de Bolsonaro, algo muito parecido com um xeque-mate. Para sustentar a hipotética ilegitimidade das urnas presidenciais do segundo turno, o PL terá de questionar também as urnas do turno inaugural, quando foram eleitos os 99 deputados que farão do ex-mensaleiro Valdemar o gestor das mais vistosa caixa eleitoral do mercado partidário. Vivo, Tancredo Neves diria que a esperteza, quando é muita, come o dono.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Josias de Souza
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