Líder birmanesa Suu Kyi é condenada a 33 anos de prisão – UOL Confere

0
44

30/12/2022 08h04
Um tribunal militar de Mianmar condenou Aung San Suu Kyi, nesta sexta-feira (30), a mais sete anos de prisão por corrupção, elevando sua sentença total para 33 anos ? informou uma fonte judicial. 
A opositora, de 77 anos, poderá terminar na prisão uma vida marcada pela luta pela democracia. 

Vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, ela está presa desde o golpe militar de 1º de fevereiro de 2021, que encerrou um breve período democrático neste turbulento país do Sudeste Asiático. 
Um tribunal da capital do país, Naypyidaw, na prisão onde a líder está detida, considerou-a culpada das últimas cinco acusações de corrupção pendentes contra ela. 
Uma delas corresponde à compra e à manutenção de um helicóptero que causou “prejuízo ao Estado”, segundo a fonte judicial. 
“Todos os casos estão concluídos, e não há mais acusações contra ela”, afirmou a fonte, que pediu anonimato porque não está autorizada a falar com a imprensa.
O ex-presidente birmanês Win Myint, que também foi réu nesta última fase do processo, recebeu a mesma pena. 
Ambos vão recorrer da sentença, acrescentou a mesma fonte.
Os Estados Unidos consideraram a sentença como “uma afronta à Justiça e ao Estado de direito”, enquanto a União Europeia “condenou fortemente” o veredicto e, do mesmo modo, denunciou o “desmantelamento geral da democracia e do Estado de direito” no país. 
Corrupção, fraude eleitoral, violação de segredos de Estado, restrições anticovid… Desde o início de seu processo judicial, em junho de 2021, Aung San Suu Kyi recebeu várias condenações.
O fim deste julgamento de 18 meses abre um novo período de incerteza em Mianmar, com a promessa de eleições em 2023. 
As duas últimas eleições legislativas, em 2015 e 2020, foram vencidas pela Liga Nacional para a Democracia (NLD), o partido fundado por Aung San Suu Kyi no final dos anos 1980.
O Exército, que governou por décadas, justificou o golpe de Estado por uma suposta fraude eleitoral, embora observadores internacionais tenham dito que o processo foi justo. 
Em dezembro, o Conselho de Segurança da ONU exigiu a libertação imediata de Suu Kyi, em sua primeira resolução sobre Mianmar em décadas. Este apelo foi possível, graças à abstenção da China e da Rússia, que costumavam apoiar Naypyidaw. Desta vez, ambas renunciaram ao seu direito de veto. 
A junta militar acusou a ONU de querer “desestabilizar” o país.
Desde o golpe, a líder civil foi vista apenas em algumas fotos de baixa resolução tiradas pela imprensa oficial em um tribunal vazio.
As acusações de corrupção são “ridículas”, comentou Htwe Htwe Thein, professor associado da Curtin University, na Austrália.
“Nada na liderança, governo, ou estilo de vida de Aung San Suu Kyi sugere o mínimo de corrupção”, acrescentou. 
Para Richard Horsey, do International Crisis Group, “a questão será o que fazer com Aung San Suu Kyi (…) se cumprirá sua sentença em algum tipo de prisão domiciliar e se terá acesso limitado a enviados estrangeiros”. 
Ainda muito popular em Mianmar, a imagem internacional de Suu Kyi foi manchada por sua incapacidade de defender a minoria muçulmana rohingya, vítima de abusos do Exército entre 2016 e 2017, descritos pelos Estados Unidos como genocídio.
Desde o golpe de Estado, Mianmar mergulhou no caos, com confrontos diários entre o Exército e milícias.
Uma ONG local estima as mortes da repressão militar em mais de 2.600 pessoas. Vários grupos de direitos humanos acusaram o Exército de bombardear áreas civis, o que constituiria crime de guerra. 
O Exército, por sua vez, contabiliza 4.000 civis mortos.
O chefe da junta, Min Aung Hlaing, disse que o regime planeja convocar eleições em 2023, quando o país estiver “pacífico e estável”.

bur-ah/del/chv/rr/dbh/meb/mr/tt
© Agence France-Presse
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}

Por favor, tente novamente mais tarde.

Não é possivel enviar novos comentários.
Apenas assinantes podem ler e comentar
Ainda não é assinante? .
Se você já é assinante do UOL, .
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia os termos de uso

source

Leave a reply