Luanda: Chefe da polícia diz que foi extorquido por agente – DW África

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Um agente da Polícia Nacional de Angola é acusado de extorquir o comandante provincial em Luanda. O caso foi denunciado pelo próprio comandante, Francisco Monteiro Ribas da Silva.
A situação inusitada está a agitar as redes sociais. Um agente da Polícia Nacional (PN) de Angola é acusado de extorquir o comandante provincial da Polícia em Luanda. O caso foi denunciado pelo próprio comandante, Francisco Monteiro Ribas da Silva, e reportado primeiramente pelo Novo Jornal.
Num vídeo que circula na Internet, Ribas da Silva apresenta o acusado, falando para os efetivos da PN, em parada, alegando que o agente lhe extorquiu 5000 kwanzas, o equivalente a nove euros.
“Isto é extremamente grave. A nossa vida é de risco permanente e aqueles que gostam de andar a extorquir nunca sabem a quem estão a extorquir. Sem saberem podem extorquir um ministro, um governador ou juiz, um procurador, um administrador ou um embaixador que queira andar de forma descaraterizada”, alertou.
Quando perguntou o que devia fazer com o agente em causa, Francisco Monteiro Ribas da Silva mostrou-se surpreendido pela resposta, em coro, dos efetivos: “Perdoar, senhor comandante”.
“Perdoar? Não acredito que estamos aqui num comando de ‘penteadores’. Nem posso acreditar nisto”, contrapôs.
O agente foi alvo de um processo disciplinar, noticia o Novo Jornal.
Em declarações à DW África, João Malavindele, coordenador da organização não-governamental OMUNGA, diz que este novo episódio traz à tona o velho debate sobre o comportamento dos agentes da polícia na sua relação com os cidadãos.
“Ainda bem que aconteceu [este caso]. É assim que tem sido o dia a dia dos cidadãos. Todos os dias, atos recorrentes de corrupção, situações que não abonam aquilo que é o verdadeiro papel do agente da polícia, que deve ser um exemplo, um garante da estabilidade e da segurança. Volta e meia, são os mesmos agentes que estão envolvidos em situações que nos envergonham como cidadãos, como angolanos”, afirma.
Quanto ao pedido dos agentes para que o colega fosse perdoado, só mostra “cumplicidade”, comenta Malanvidele, já que, “no entender deles, acham que isso é uma prática normal”.
O coordenador da ONG OMUNGA defende que é preciso “criar um mecanismo de fiscalização e de controlo, responsabilizando os agentes que estiverem envolvidos em atos do género”.
“Isso vai também, de certa forma, desencorajar outros a não praticarem atos de género”, conclui.

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