Lula: a democracia em ‘detox’ (por Felipe Sampaio) – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
27/10/2022 11:00, atualizado 27/10/2022 0:43
Se os analistas de pesquisas estiverem certos, é provável que Lula seja eleito daqui a três dias. Nesse caso, sua principal tarefa seria fazer um detox na democracia brasileira.
Para isso, é aconselhável que, mesmo depois da posse, o PT continue acolhendo a contribuição da rara e ampla aliança (que hoje sustenta o seu palanque), cumprindo assim o papel civilizatório de reativar o metabolismo democrático nacional.
A palavra detox é utilizada em tratamentos para eliminar do organismo algum agente contaminante, viciante e degradante da saúde corporal ou mental. Hoje em dia, pra todo mal há um detox (chás, meditação, xampu, suco, acupuntura e outros).
A sociedade também é assim. Mesmo ao alcançar o avançado ‘estágio democrático’ amparado no Estado de Direito, carece de vacinas e de terapias permanentes.
Em 2023 o desafio de Lula será muito diferente daquele de duas décadas atrás, quando a desigualdade social reinava suprema como soberana (interna) de todos os males. E, justamente agora, ela resolve passar a coroa para uma imperatriz planetária ainda mais impiedosa (a crise climática).
A conjuntura política também é outra, quando Lula herda uma onda antidemocrática (que terá a missão de reverter), enquanto na vez anterior recebera um país em franca democratização.
No cenário internacional, mais diferenças: crise econômica, guerra e aquecimento global, com um Brasil isolado e malvisto.
Nas eleições presidenciais do próximo domingo, é exatamente isso que está em jogo: fazer o detox da nossa soberania democrática, infectada por patógenos causadores da ignorância e do retrocesso.
O Brasil, que já padecia de certo grau de atraso crônico, agora está contagiado por uma espécie de alucinação paralisante, que turva o raciocínio e entorpece a lucidez, lembrando o “Ensaio sobre a Cegueira” de Saramago.
Deixou-se de tratar as prioridades sociais, ambientais e econômicas para se gastar tempo precioso em paranoias inventadas, com intuito de passar boiadas e seguir o baile impunemente.
Se a ‘Frente Ampla’ de oposição vencer o segundo turno, não se pode pedir que Lula faça mais, nem melhor, do que um detox intensivo na miopia inoculada no Estado e em quase metade da população.
Dessa vez, Lula terá que trocar pneus com o carro em movimento. Enquanto o detox restabelece os mecanismos de soberania no sentido pleno e de bem-estar social, precisará atuar nas causas e nos efeitos da acelerada mudança climática global (que não espera nem por Lula).
 
Felipe Sampaio, foi assessor especial dos ministros da Defesa (2016-2018) e da Segurança Pública (2018); ex-secretário executivo de Segurança Urbana do Recife; colabora com o Centro Soberania e Clima
“A melhor vacina que existe é pegar a doença. Todo mundo sabe disso. Em todas as doenças é assim”. (Onyx Lorenzoni, candidato bolsonarista ao governo do Rio Grande do Sul, ao responder sobre o descaso do governo federal com a pandemia da Covid-19)
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