Lula e Bolsonaro seguem caminhos distintos para conquistar votos do agro – Revista Globo Rural

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Por Redação Globo Rural, com agências
10/10/2022 11h54 Atualizado 10/10/2022
O resultado das eleições 2022 no primeiro turno mostrou posições diferentes quando se trata da votação nas regiões rurais do Brasil. O atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) venceu na maior parte dos municípios entre os 100 com maior Valor Bruto de Produção do Brasil (VBP). Já o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi vencedor na maioria entre os 100 municípios onde há maior presença de agricultura familiar no país.
Com a votação em segundo turno se aproximando, no dia 30 de outubro, as duas campanhas devem ter caminhos diferentes para manter o que já têm e conquistar o que ainda precisam de apoio de lideranças ligadas ao setor rural do Brasil. Bolsonaro, até o momento, recebeu o apoio de representantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
“Fizemos isso há quatro anos e agora estamos aqui de novo”, disse a senadora eleita por Mato Grosso do Sul e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Quatro anos atrás, quando a FPA se manifestou favorável à candidatura do atual presidente, ela presidia a FPA e, posteriormente, acabou licenciando-se do mandato de deputada para integrar o primeiro escalão do governo.
“O agro não parou nem na pandemia. É o grande pilar de sustentação da economia e tem responsabilidade no desenvolvimento”, acrescentou o presidente da FPA, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), em encontro com Bolsonaro, em Brasília, para ratificar o apoio.
Lula terminou a apuração do 1º turno na frente, com Bolsonaro em 2º lugar (Foto: Reuters/Agência Brasil) — Foto: Globo Rural
No primeiro turno das eleições, no dia 2 de outubro, a Frente Parlamentar Agropecuária reelegeu 127 congressistas, sendo 126 deputados e um senador. E, além de Tereza Cristina, outros cinco deputados foram eleitos senadores e trocam de Casa a partir da próxima legislatura.
O presidente e candidato à reeleição pelo PL recebeu ainda o apoio de governadores de estados importantes para a produção agropecuária, como São Paulo, Goiás, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso. Já o petista encontra maior respaldo na região Nordeste, onde saiu vencedor no primeiro turno em todos os Estados.
Já grupos ligados aos trabalhadores sem-terra e aos agricultores familiares manifestaram apoio à candidatura de Lula. Entre eles, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Contag) e a Associação Nacional de Agroecologia (ANA).
Para o cientista político Leandro Gabiati, diretor da Dominium Consultoria Política, o caminho da campanha de Lula em direção ao setor agro é mais difícil. O petista recebeu o apoio de lideranças de peso do setor em Mato Grosso, por exemplo, como o deputado federal Neri Geller (PP), ex-ministro da Agricultura, e do senador Carlos Favaro (PSD).
No entanto, boa parte do setor, sejam lideranças ou movimentos de produtores rurais, manifestou uma convergência de ideias com Bolsonaro ao longo do governo e agora, durante o período eleitoral, lembra o especialista. Assim, afirma Gabiati, Bolsonaro não deverá mudar muito a relação com o agro no segundo turno, ao contrário de Lula, que tenderá a ter mais trabalho para convencer o setor de que é a melhor opção.
Neste sentido, o candidato à vice na chapa do petista, Geraldo Alckmin, pode ter papel importante. “O agro tem força própria e não depende tanto de uma eleição presidencial, mas nessa eleição o setor tem uma convergência de interesses com o atual presidente. Já o ex-presidente Lula vai ter que corrigir erros no diálogo com o setor para ampliar apoios visando o segundo turno”, diz ele.
Lula chegou a ser criticado durante a campanha em primeiro turno, ao chamar de “fascista” uma parte do agronegócio mais próxima de Bolsonaro. Na última sexta-feira (7/10), ao receber o apoio de Simone Tebet, candidata do MDB à presidência que ficou em 3º lugar no primeiro turno, o petista fez um aceno ao agronegócio.
Os dois defenderam o agronegócio como um importante atrativo de investimentos ao país. E destacaram a importância da convivência harmoniosa da produção agropecuária com o meio ambiente e de atenção com as questões ligadas às mudanças climáticas, com impactos no campo. “Nós podemos reverter detalhando claramente o programa de governo do presidente Lula para o agronegócio”, disse Simone Tebet, em referência ao apoio do setor à candidatura adversária.
Neste domingo (9/10), o petista fez mais um aceno ao setor, durante agenda de campanha em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Segundo ele, não se deve confundir o agronegócio com “desmatador”. E que o agro é aquele que produz e que sabe que tem que preservar. Disse ainda que, “quem não preserva o meio ambiente não faz parte do agronegócio. É bandido.”
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