Lula esconde o vermelho do PT graças a Tebet, contra relinchos de Bolsonaro – UOL

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Em termos de linguagem, a propaganda eleitoral não produziu uma contraposição criativa. Predominam, nas imagens visuais e sonoras de Lula e Bolsonaro, as marquetices habituais: falas pastosas do povão; escândalos à la jornalismo marrom; toadas sentimentaloides; massas em êxtase.
A forma parecida não significa que Lula e Bolsonaro sejam semelhantes no conteúdo. Isso é balela da terceira via, que não tem o que dizer à nação em crise. Mas a publicidade televisiva não precisava ser uma feijoada de clichês.
Em 1962, na campanha contra o parlamentarismo, imposto pelos militares para podar o poder de Jango, a linguagem radical deu alta voltagem a cartazes e panfletos (o alcance da TV era irrisório). Com ela, o modernismo chegou à política.
A propaganda usava só duas cores e ia direto ao ponto com figuras heroicas e letras sem serifa: “Chegou a hora de dizer não!”. Concebida pelo colega Janio de Freitas, a forma elétrica foi decisiva para que o presidencialismo triunfasse —com 83% dos votos.
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Em 1989, a Rede Povo recorreu à agitprop brechtiana e desmontou Collor. O PT mostrou um engenho e eficácia que, se transpostos para o seu governo, indicavam que poderia mudar o Brasil mesmo. Mas o marajá ganhou e o partido desmantelou a Rede Povo.
O contexto mudou e hoje os códigos são outros. Rebocado com pancake, Bolsonaro perora num cenário clean. Fala manso e ameniza a carranca. Parece lasanha congelada: a foto da embalagem é chamativa, mas o que sai do micro-ondas é a gororoba de sempre.

O bolsonarismo também vomitou que Lula foi o mais votado nos presídios. Exibiu em seguida fotos granuladas e sombrias de José Genoíno, ex-deputado do PT, e decretou que fora preso por ladroagem. Do amálgama resultou a mensagem: petistas são bandidos.
Contudo, o analista Mauro Paulino observou que os presos votaram como os livres, pois a maioria de pobres e pardos escolheu Lula. Quanto a Genoíno, vítima de uma Justiça mendaz e satanizado pela propaganda, não embolsou uma piastra e mora na casa acanhada onde vivia antes.
No dia de N. S. Aparecida, data da chegada de Colombo à América, Lula evitou marolas que pudessem sacudir a sua, como disse, Arca de Noé. Não falou de religião, que a extrema direita manipula, nem da invasão mercantil do Novo Mundo. Em vez disso, festejou o Dia das Crianças.
Fofo, surgiu numa sala de creche tão maquiada quanto a carantonha de Bolsonaro. Prometeu à petizada que em breve traria presentes. Lembrava um personagem conhecido; qual mesmo? Ah, é: Papai Noel.

Simone Tebet exultou porque o bom velhinho não estava de vermelho. Ela convencera o PT a abandonar a cor do sangue, da aurora e da paixão. Argumentou que o vermelho faria Bolsonaro relinchar e, numa tropelia de manada, o rebanhozinho da terceira via votaria no Cavalão. Vai entender.
A batalha cromática não diz respeito só à forma. As cores estão no cruzamento da prática com a política, da semiótica com a história. Que o diga Rimbaud, que escreveu um soneto juntando cores e vogais: “A preto, E branco, I rubro, U verde, O azul”.
Bolsonaro adotou o verde (o renascer primaveril das plantas, a esperança) e o amarelo (o sol vivificador, o valor do ouro) porque é um predador travestido de patriota. Entreguista de engraxar o sapato de Trump, seu verde-amarelo é o dos incêndios amazônicos.
O vermelho simboliza perigo (como nos sinais de trânsito), urgência (prontos-socorros) e libido (coração, desejo). Na política, consolidou-se na Comuna de Paris, em 1871. Foi a cor de insurretos socialistas e comunistas.

Um belo dia a esquerda entrou em pane. A alvorada revolucionária pifou e o vermelho vem sendo apagado da política. Foi substituído pelo arco-íris LGBTQIAetc, pelo verde ambientalista (e do islamismo militante) e pelo branco de quem prega a paz sem parar o trânsito, no Twitter e olhe lá.
Simone Tebet propôs o fim do vermelho porque, antes de ser um apelo à trégua, a bandeira branca foi a saída de derrotados. Aniquilada nas urnas, a senadora quer que o PT erga o pano branco e capitule. Seu brado implícito é o de Bolsonaro: nossa bandeira jamais será vermelha.
Lula atendeu-a. Resta ver se o PT aceitará a passiva identidade branca. Leve-se em conta que ele nunca foi contra o capitalismo nem revolucionário. É um partido de centro-esquerda cada vez mais de centro e menos de esquerda. Mas cuja espinha dorsal é de trabalhadores que agem, lutam, elegem presidentes —o que perturba a paleta política.
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Lula estava visivelmente mais à vontade e relaxado que Bolsonaro

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