Milhares de bolsonaristas pedem intervenção militar após vitória de Lula – CartaCapital
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Aos gritos de “intervenção federal já!”, bolsonaristas pedem uma ação das Forças Armadas após a derrota de Bolsonaro para Lula no último domingo
Milhares de bolsonaristas se reuniram, nesta quarta-feira 2, em frente a quartéis para pedir uma intervenção militar após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.
Milhares de seguidores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram em frente ao Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, constatou a AFPTV.
Aos gritos de “intervenção federal já!”, pediam uma ação das Forças Armadas após a derrota de Bolsonaro para Lula no último domingo 30.
“Queremos intervenção federal porque exigimos a nossa liberdade. Não admitimos que um ladrão nos governe”, disse Ângela Cosac, de 70 anos, à AFP ao lado de um cartaz que dizia “SOS Forças Armadas”.
Protestos também ocorriam em Brasília, com milhares de manifestantes em frente ao quartel-general do Exército, constatou a AFP.
“Resistência civil”, gritavam os bolsonaristas.
No centro do Rio de Janeiro, manifestantes gritavam na chuva “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, segundo vídeos da imprensa.
Outra manifestação de bolsonaristas estava planejada durante o dia na Avenida Paulista, em São Paulo.
Pelo país, os bloqueios e interdições nas estradas continuavam, pelo terceiro dia consecutivo, mas com uma tendência de queda.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou esta manhã 167 bloqueios em 17 estados. Na terça-feira (1º), esse número chegava a 271.
Na terça à noite, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, pediu aos manifestantes a liberação das rodovias para “evitar prejuízos ao país” e garantir “a circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustível”.
O número de bloqueios caiu após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro, na terça-feira à tarde, no qual prometeu “cumprir a Constituição”.
Bolsonaro ficou em silêncio por dois dias após perder na votação (49,1% dos votos contra 50,9% para Lula).
Seus críticos acusam-no de ter, com isso, estimulado a proliferação dos atos de protesto.
O presidente, que na terça-feira autorizou a transição no governo sem admitir sua derrota para Lula, transmitiu uma mensagem ambígua sobre os bloqueios.
Ele pediu que as manifestações fossem pacíficas e que seus seguidores não utilizassem “os mesmos métodos da esquerda”, prejudicando “o direito de ir e vir”. Justificou-as, porém, alegando que se originam de um sentimento de “injustiça” em relação ao processo eleitoral.
Nas redes, grupos bolsonaristas interpretaram a mensagem de Bolsonaro como um impulso para manter as mobilizações.
“O sonho continua vivo”, dizia uma mensagem no Telegram, ecoando as palavras do presidente no dia anterior.
Neste contexto, a polícia recorreu à força nesta quarta-feira, com o aval de uma decisão do Supremo Tribunal Federal ordenando o uso de “todas as medidas necessárias” para desbloquear as vias.
Em São Paulo, a tropa de choque da Polícia Militar dispersou com bombas de gás lacrimogêneo dezenas de manifestantes e caminhões que dificultavam a circulação na principal rodovia que liga o estado ao centro-oeste do país.
Caminhões buzinavam, enquanto no asfalto os manifestantes agitavam bandeiras na frente dos veículos que passavam.
A PRF também informou que, até esta quarta, dispersou 563 manifestações.
Os bloqueios têm causado grandes transtornos, inclusive no acesso ao principal aeroporto do país, em São Paulo, Guarulhos, que teve de cancelar voos.
Ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou para um “risco iminente de desabastecimento e de falta de combustível”, caso as estradas não sejam desbloqueadas rapidamente.
AFP
Agência de notícias francesa, uma das maiores do mundo. Fundada em 1835, como Agência Havas.
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