Milhares de bolsonaristas pedem intervenção militar após vitória de Lula – UOL Confere

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02/11/2022 12h00
Milhares de bolsonaristas se reuniram em frente a quartéis, nesta quarta-feira (2), para pedir uma intervenção militar após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.
Milhares de seguidores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram em frente ao Comando Militar do Sudeste, na cidade de São Paulo, constatou a AFPTV.

Aos gritos de “Eu autorizo” e “Intervenção federal já!”, pediam uma ação das Forças Armadas, após a derrota de Bolsonaro para Lula no último domingo (30).
“Não reconhecemos o resultado da eleição, porque sabemos que foi fraudulento”, disse o comerciante Rodrigo Mata, de 41 anos, defendendo uma intervenção “para que o país não se torne comunista”.
“Queremos intervenção federal, porque exigimos a nossa liberdade. Não admitimos que um ladrão nos governe”, disse Ângela Cosac, de 70 anos, à AFP, ao lado de um cartaz que dizia “SOS Forças Armadas”.
Protestos também ocorriam em Brasília, com milhares de manifestantes em frente ao quartel-general do Exército, constatou a AFP.
“Resistência civil”, gritavam os bolsonaristas. 
No centro do Rio de Janeiro, manifestantes gritavam na chuva “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, segundo vídeos da imprensa.
Outra manifestação de bolsonaristas estava planejada durante o dia para acontecer na Avenida Paulista, em São Paulo.
No centro do Rio de Janeiro, uma onda verde e amarela cantava, sob a chuva, “Lula, ladrão, teu lugar é a prisão”. Também celebravam a prisão do juiz do STF Alexandre de Moraes, uma “fake news” que circulava pelas redes, constatou a AFP.
Pelo país, bloqueios e interdições nas estradas continuavam, pelo terceiro dia consecutivo, mas com uma tendência de queda.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atualizou seu balanço: de 167 bloqueios em 17 estados na manhã desta quarta, passou para 150 em 15 estados ao meio-dia. Na terça-feira (1º), esse número chegava a 271. 
Na terça à noite, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, pediu aos manifestantes a liberação das rodovias para “evitar prejuízos ao país” e garantir “a circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustível”. 
O número de bloqueios caiu após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro, na terça-feira à tarde, no qual prometeu “cumprir a Constituição”.
Bolsonaro ficou em silêncio por dois dias após perder na votação (49,1% dos votos contra 50,9% para Lula). Seus críticos acusam-no de ter, com isso, estimulado a proliferação dos atos de protesto.
O presidente, que na terça-feira autorizou a transição no governo sem admitir sua derrota para Lula, transmitiu uma mensagem ambígua sobre os bloqueios. 
Ele pediu que as manifestações fossem pacíficas e que seus seguidores não utilizassem “os mesmos métodos da esquerda”, prejudicando “o direito de ir e vir”. Justificou-as, porém, alegando que se originam de um sentimento de “injustiça” em relação ao processo eleitoral. 
Nas redes, grupos bolsonaristas interpretaram a mensagem de Bolsonaro como um impulso para manter as mobilizações. 
“O sonho continua vivo”, dizia uma mensagem no Telegram, ecoando as palavras do presidente no dia anterior. 
Para o analista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, “é improvável que os protestos continuem crescendo. Apesar de ter sido uma eleição muito apertada, as elites brasileira e internacional já felicitaram Lula”. 
Na entrevista à AFP, César vaticinou que os protestos desta quarta “vão se esgotar” com o passar do tempo.
Neste contexto, a polícia recorreu à força nesta quarta-feira, com o aval de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenando o uso de “todas as medidas necessárias” para desbloquear as vias. 
Em São Paulo, a tropa de choque da Polícia Militar dispersou com bombas de gás lacrimogêneo dezenas de manifestantes e caminhões que dificultavam a circulação na principal rodovia que liga o estado ao Centro-Oeste do país.
Caminhões buzinavam, enquanto no asfalto os manifestantes agitavam bandeiras na frente dos veículos que passavam.
A PRF também informou que, até esta quarta, dispersou 631 manifestações.
Os bloqueios têm causado grandes transtornos, inclusive no acesso ao principal aeroporto do país, em São Paulo, Guarulhos, que teve de cancelar voos. 
Ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou para um “risco iminente de desabastecimento e de falta de combustível”, caso as estradas não sejam desbloqueadas rapidamente.

msi/app/lbc/mr
© Agence France-Presse
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Ricardo Kotscho

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