Minas Gerais perde espaço com escassez de lideranças políticas – O Tempo
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Durante sua campanha para retornar ao Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve Minas em lugar de prestígio na sua agenda, diante do histórico no qual o Estado é peça-chave para a corrida eleitoral.
Após uma vitória apertada em Minas, de cerca de 50 mil votos sobre Jair Bolsonaro (PL), Lula colocou apenas uma pessoa ligada aos mineiros no alto escalão do seu governo: o ex-senador Alexandre Silveira (PSD), ministro de Minas e Energia. Por outro lado, Bahia e Maranhão terão dois ministros; Pernambuco, três; São Paulo, 11; e Rio de Janeiro; seis.
A avaliação de antigos ministros e aliados dos governos petistas, ouvidos por O TEMPO, é que Minas merecia mais espaço, apesar do reconhecimento deles de que há escassez de lideranças políticas na unidade federativa.
Presidente da Eletrobras entre julho de 2005 e janeiro de 2007, entre o primeiro e o segundo mandatos de Lula, o engenheiro Aloísio Vasconcelos (MDB) se diz decepcionado com a falta de quadros mineiros nos ministérios.
“Chamou a atenção de todo mundo. Primeiro, o presidente Lula ganhou a eleição em Minas nos dois turnos. Isso tem um peso. Ele perdeu a eleição em São Paulo e no Rio. Além disso, ele teve aqui um adversário duríssimo, que foi o governador Romeu Zema (Novo). Minas merecia uma retribuição maior, porque é o segundo em população. Minas é o primeiro em transportes, tanto em rodovia quanto em ferrovia, e o segundo em geração de energia. Minas tem ministro desde o primeiro governo da República, representada pelo doutor Afonso Pena. Chegou a ter sete ministros em um momento do governo Lula”, disse Vasconcelos.
Carência. O cientista político e professor de sociologia da ESPM, Paulo Niccoli Ramirez, entende que Minas vive uma carência de lideranças políticas que é vista no Brasil inteiro. Para ele, a falta de ministros ligados ao Estado também passa pelo fortalecimento da direita.
“A gente tem que lembrar que Minas tem perdido a força já há algum tempo, desde que o ex-governador Aécio Neves (PSDB) se envolveu com o não reconhecimento das eleições de 2014. Isso enfraqueceu o PSDB local. Zema foi eleito duas vezes, o que fez os partidos de centro-direita se mobilizarem ao redor do bolsonarismo. Apesar de Lula ter vencido em Minas, as bases do bolsonarismo têm se fortalecido. Isso provocou um distanciamento do PT e de parte da base da esquerda com as figuras que predominam em Minas Gerais”, avalia.
Além disso, Ramirez diz que o predomínio de São Paulo e da região Nordeste nos ministérios não surpreende pelo histórico do PT no interior paulista e pela ampla vitória de Lula nos Estados nordestinos. “O PT surgiu do Estado de São Paulo, então ele se voltar a São Paulo vem para fazer uma afronta ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro de Bolsonaro. A escolha de tantos paulistas se justifica para que se faça um contrapeso. Tem ainda outro fator, que é o voto em massa do Nordeste no PT. Então, há uma espécie de dívida”, diz.
Congresso. Para o professor de ciência política da UFMG Bruno Reis, são muitas forças partidárias para acomodar e garantir base no Congresso porque o Legislativo nunca foi majoritariamente petista. “A escolha de ministros pensando nos Estados vêm num segundo momento. O Estado vem como critério de desempate”, afirmou.
Ainda de acordo com o especialista, Alexandre Silveira entra na cota partidária, e não meramente por uma cota de Estados. “No caso do Alexandre Silveira, o critério é outro. O PSD é um aliado, como se fosse um novo MDB, e pode trazer outros partidos, como o União Brasil, por exemplo”, diz.
Reis lembra ainda que esse é um primeiro ministério de Lula. A história mostra que, ao longo dos meses, ministros desidratam e novos nomes vão surgindo no alto escalão do governo federal. “O próprio presidente sabe que, mais adiante, podem haver mudanças. Além disso, o Ministério de Minas e Energia, pelo peso econômico das mineradoras que financiam campanhas políticas, tem importância”, afirma o cientista político.
Também ex-ministro, mas do governo FHC, o ex-prefeito de BH Pimenta da Veiga (PSDB), que chefiou Comunicações entre 1999 e 2002, concorda que os mineiros perderam visibilidade política. “Com a alta votação que o presidente eleito teve em Minas, a representatividade do Estado devia ter sido muito maior do que essa. Sem dúvida, faltou ação política. As lideranças do Estado não foram presentes nesse processo de formação dos ministérios”, disse.
Já um antigo ministro dos governos petistas ligado a Minas conversou com a reportagem em anonimato e se disse decepcionado e surpreso com o ministério praticamente sem representantes do Estado. “Estive com o Lula durante a campanha em Minas. Ele se vangloriou várias vezes por ser o presidente que mais valorizou os mineiros na história do País. Agora, na hora da escolha de fato, só entrou o (Alexandre) Silveira, que nem do PT de Minas é. Ele é do PSD. Não adianta falar que vai nomear mineiros no segundo e terceiro escalões. Quem manda e articula, no fim das contas, é o ministro. É o ministro quem ganha capital político e exposição”, diz.
Dois ex-nomes fortes dos governos petistas ligados a Minas defendem as escolhas de Lula. Para Anderson Adauto (PCdoB) – ministro dos Transportes entre janeiro de 2003 e março de 2004, no primeiro governo Lula –, a dificuldade para encaixar lideranças do Estado já era esperada.
“Eu já fui prefeito (de Uberaba, no Triângulo). Tive uma dificuldade muito grande para montar o secretariado, que é um verdadeiro jogo de xadrez. Eu posso dizer que, claro, nós queríamos que Minas tivesse mais ministérios. Mas, por outro lado, o presidente deve ter tido as suas dificuldades para não atender Minas com mais ministérios”, diz.
O ex-ministro Hélio Costa (PSD), que ocupou Comunicações de julho de 2005 a março de 2010, entre o primeiro e o segundo mandato de Lula, não considera que Minas tenha perdido espaço. Para ele, o Estado ficou com um dos ministérios de maior peso – Minas e Energia. “É preferível ter um ministério tão importante quanto esse a ter dois ou três ministérios de menor importância”, avalia.
Hélio diz que entende a necessidade de acomodar políticos de diferentes partidos e Estados: “O cenário de agora é completamente diferente do que vivemos nos dois primeiros governos do presidente Lula. Os apoios de diferentes partes do país e de tantos partidos foram fundamentais para a vitória do presidente. Portanto, é natural que os partidos que participaram dessa grande aliança façam parte do governo”.
Distribuição por Estados. Os Estados contemplados com ministros foram São Paulo (11), Rio de Janeiro (6), Pernambuco<TB>(3), Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia (dois cada) e Minas, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Pará, Mato Grosso, Ceará, Amapá, Alagoas e Distrito Federal (1 cada).
Conta dos últimos 20 anos. Lula chegou a ter sete ministros mineiros em seus dois mandatos, mesmo número nos dois períodos de Dilma Rousseff, incluindo nessa conta secretarias com status de ministério. Já Michel Temer não contou com nenhum mineiro em sua equipe, e Jair Bolsonaro (PL) teve três.
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