Moradores de Itapuã promovem a tradicional lavagem do bairro na quinta-feira (20)
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Neste ano, a tradicional Lavagem de Itapuã, última celebração das festas populares de Salvador que precedem o Carnaval, acontece na quinta-feira (20). A festa começa com a apresentação do Bando Anunciador, grupo de músicos de instrumentos de sopro e percussão da comunidade, que percorre as várias ruas do bairro, a partir das 2h.
Em seguida, às 5h, o amanhecer é marcado pela alvorada, queima de fogos de artifícios anunciando a festividade. A partir disso acontece a Lavagem Nativa, às 5h30, realizada pela comunidade local e pelo Grupo Mãe, que lava as escadas e o pavimento de entrada da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Itapuã, na Praça Dorival Caymmi, bem em frente a orla. Em seguida, acontece o samba de roda, em frente à igreja, com a participação das Ganhadeiras de Itapuã, grupo de mulheres que preservam a história e a cultura do bairro e da cidade, por meio das cantigas de roda.
Depois disso, todos participarão de um momento de confraternização, no café da manhã comunitário, tradição iniciada por D. Niçu e seguida por seus familiares. No sentido contrário ao cortejo, acontece o arrastão do grupo Mulheres que Incentivam, com saída da Praça Dorival Caymmi às 7h, com destino ao coqueiral de Piatã.
Às 11h30 ocorre a lavagem das escadarias da paróquia, desta vez realizada pelas baianas. A festa segue com o cortejo tradicional, composto por aproximadamente 150 baianas, com seus trajes tradicionais e muita água de cheiro, perfumando nosso imaginário de tradições e costumes de nossa terra. O cortejo será acompanhado pelos Alabês, formados pelos vários segmentos de matriz religiosa afro-brasileira.
A Lavagem contará ainda com um carro alegórico temático, conduzindo os homenageados em 2025: Gildete Santana Mendes dos Santos, que participa da Festa de Itapuã no cortejo das baianas com o balaio de milho branco e pipoca, além de organizar o presente na Segunda-feira Gorda; e José Carlos Santana, popularmente conhecido como Doté Zé de Gbessem.
O desfile dos grupos artísticos e culturais, originários da comunidade de Itapuã e adjacências também ganha as ruas do bairro com a sua diversidade. Entre blocos de chão, arrastões, afoxés e batucadas, as apresentações revelam muita criatividade e irreverência, dando um sentido de identidade à festa.
A festa terá as presenças do afoxé Filhos de Omolum, Grêmio Afrodescendentes da Bahia, afoxé Filhos de Nanã, Bloco Cultural de Itapuã – Galera do Mar, Arrastão do Jenipapeiro, Associação dos Moradores de Itapuã – Puxada Itapuãnzeira, blocos Yamel, Chabisc, As Santinhas, Cardume do Som, Anarkas – bloquinho de Itapuã e outros.
Outro ponto alto da festa é a participação da Baleia Rosa do Amor, que este ano apresentará uma nova roupagem e também irá homenagear a jornalista Helô Sampaio. A Baleia é um ícone cultural da Lavagem de Itapuã e marca uma celebração que começou em 1987, com Waly Salomão e João Loureiro. Os amigos criaram a Festa da Baleia, à época, em referência ao bairro ter sido um ponto de caça de baleia entre os séculos XVII e XIX.
De acordo com Celso Di Niçu, organizador da Lavagem de Itapuã, a festa conserva a tradição de ser a única festa popular da cidade organizada pelos moradores do próprio bairro. “É uma festa que representa o sentimento de ser ‘itapuãnzeiro’. Para mim não é somente um prazer organizar a lavagem, mas também é mais que uma obrigação garantir que a festa vai se perpetuar da forma que ela tem que ser. É um misto de sentimentos”, contou.