Moradores de Pequim estão cansados das restrições da política de 'covid zero' – UOL Confere

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23/11/2022 11h36
Com escolas, restaurantes e estabelecimentos comerciais de novo fechados e com o medo de serem confinados a qualquer momento, a capital chinesa é um celeiro de temor e de exaustão ante o endurecimento das restrições anticovid, quase três anos depois do início da pandemia.
Nos últimos dias, a capital chinesa vive um surto sem precedentes, e dezenas de edifícios residenciais foram confinados, e as empresas decretaram o teletrabalho. 

Uma grande parte da população está cansada das restrições, que são muitas vezes vagas e mutáveis, cuja duração nunca é anunciada com antecedência. 
“Estou cansada de tudo isso. Não tem ninguém nas ruas”, disse à AFP Elaine, uma jovem funcionária de escritório.
“Quero sair para jantar e ver meus amigos, mas é impossível”, desabafa. 
Uma francesa que mora em Pequim se viu presa no apartamento do namorado na manhã de segunda-feira, depois de passar a noite. O motivo? Um dos vizinhos testou positivo, o que levou ao confinamento de todo prédio por cinco dias.
“Todas as noites pensamos que podemos ficar presos em nosso apartamento na manhã seguinte”, comenta a jovem, que prefere não ser identificada para evitar possíveis problemas.
“A única coisa que nos resta é a liberdade de andar na rua e respirar ar puro”, continua. 
Às vezes, as filas se estendem por dezenas de metros em frente aos pequenos postos para testes de PCR espalhados por Pequim.
As lojas devem operar em meio a restrições difusas, já que as diretrizes não são anunciadas, claramente, na mídia. 
Muitas vezes, são as administrações dos bairros que notificam diretamente restaurantes, bares, ou lojas, sobre a ordem de fechamento, em geral de improviso.
A cidade de Pequim anunciou, nesta quarta-feira (23), cerca de 1.500 novos casos, a grande maioria assintomática, em uma cidade de 22 milhões de habitantes. A capital chinesa não registrava esse nível de contágio desde o início da pandemia. Ainda assim, esse patamar continua longe do registrado em outros países.
Quase três anos depois do início da pandemia, a reação das autoridades chinesas parece desproporcional em relação à situação de muitos outros países do mundo que convivem com o vírus. 
Agora, os habitantes de Pequim temem um confinamento geral, similar ao imposto este ano durante três meses em Xangai, a maior cidade do país, com 25 milhões de habitantes.
O episódio foi caracterizado por problemas de abastecimento de alimentos, dificuldades de acesso aos hospitais para pacientes com patologias diferentes da covid-19 e por manifestações de descontentamento. 
No moderno bairro de Sanlitun, no centro de Pequim, as lojas de departamento fecharam nos últimos dias. A zona de Chaoyang, onde fica o bairro empresarial e que é o mais populoso da capital chinesa, está quase deserta.
A maioria dos cabeleireiros, salões de beleza e karaokês fechou. Uma ex-funcionária de uma academia deixou Pequim desde o fechamento do local em maio, durante um surto epidêmico anterior que também levou a restrições rígidas. 
“Esta nova onda de covid teve um grande impacto na vida das pessoas, sobretudo, daquelas que trabalham nos setores de serviços e fitness”, disse Xu à AFP, pedindo para não ter seu sobrenome divulgado, por medo de represálias.
“Muitos dos meus ex-colegas deixaram Pequim, porque não tinham renda”, completa.
No bairro de Dongcheng, coração histórico da capital – onde ficam a Cidade Proibida e vários ministérios -, há mesas na frente dos restaurantes. Nelas, os garçons colocam sacolas plásticas com refeições prontas para serem enviadas para os clientes por um exército de entregadores. 
Segundo um funcionário de um restaurante, os lucros do estabelecimento caíram 99% desde que não puderam mais receber clientes.

bur-lxc/ehl/ka/chv/mab/an/tt
© Agence France-Presse
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Josias de Souza
Mauricio Stycer

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