Mourão revela quais os planos de Jair Bolsonaro, em silêncio desde a eleição – Revista Fórum
Jair Bolsonaro (PL) segue calado desde o segundo turno da eleição. Diante de sua derrota, o ainda presidente se mantém quase totalmente recluso há mais de um mês e aposta em publicações enigmáticas nas redes sociais, como forma de alimentar as esperanças golpistas de seus apoiadores.
Diante do silêncio do mandatário, coube ao vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) revelar o que passa pela cabeça do ocupante do Palácio do Planalto. Em longa entrevista ao jornal Gazeta do Sul publicada nesta sexta-feira (2), o militar da reserva e senador eleito, além expor os planos de Bolsonaro, rechaçou a possibilidade de um golpe militar, reconheceu a vitória de Lula (PT) e ainda disse que o presidente eleito “tem que governar”.
“A partir do momento em que aceitamos participar do jogo com esse jogador, que não poderia participar, tudo poderia acontecer, inclusive ele [Lula] vencer, conforme venceu. Está chegada a hora de as pessoas compreenderem que ele foi eleito e agora tem que governar”, declarou Mourão.
Em recado aos golpistas que não aceitam o resultado das urnas, Mourão disse que os atos são “tardios” e rechaçou a afastou qualquer chance de acontecer uma “intervenção militar”. “É importante que as pessoas compreendam que não temos liberdade de manobra para uma ação fora do que prevê a Constituição. Isso redundaria em sanções contra o nosso país e, consequentemente, desvalorização da nossa moeda e aumento de juros e inflação, uma situação muito difícil”, pontuou.
Com relação aos planos de Bolsonaro, Mourão sinalizou que ele deve se lançar candidato à presidência, mais uma vez, em 2026. “Julgo que o presidente Bolsonaro sai dessa eleição forte. 58 milhões de votos não é pouca coisa e ele tem plenas condições de se articular com uma Câmara e um Senado onde tem uma base muito consistente e eleita em cima das ideias dele. Então, ele tem condições ao longo desse período de liderar esse grupo, apresentar-se como uma oposição responsável”, afirmou. “O presidente pode ser eleito em 2026 em uma situação muito melhor do que a de agora”, prosseguiu.
Na mesma entrevista, o militar revelou ainda o que Bolsonaro pretende fazer – ou não fazer – até o dia 1º de janeiro, data em que está marcada a cerimônia de posse do presidente eleito Lula.
“O presidente não vai renunciar. Essa questão da passagem da faixa é de menor importância nesse momento. É apenas um ato simbólico, que significa o final de uma transição entre um grupo que está saindo do governo e outro que está chegando. Pelo que eu sei, o presidente não irá passar a faixa e também não irá renunciar. Consequentemente, alguém colocará a faixa em uma almofada e entregará ao novo presidente após ele subir a rampa”, atestou.