Movimentos de renovação política se consolidam em meio à polarização – VEJA
Em meio à polarização política entre o petismo e o bolsonarismo nas últimas eleições, a Câmara dos Deputados teve uma renovação de 44,24%, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) – índice pouco menor que o de 2018, quando 46,58% dos eleitos eram novatos.
No entanto, movimentos de renovação política como o Livres, Acredito e RenovaBR, que surgiram na cena política há poucos anos, foram bastante procurados neste ano e tiveram um número de candidatos maior que o do pleito anterior.
Um dos principais deles, o RenovaBR, organização que projetou o nome dos deputados Tabata Amaral (PSB-SP), Vinicius Poit (Novo-SP), e do senador Alessandro Vieira (Rede-SE), teve 355 candidatos a cargos públicos em 2022. Destes, 18 foram eleitos — sete deputados federais e onze estaduais. Em 2018, a organização lançou 117 candidatos – 17 foram eleitos. “A principal métrica de sucesso é a quantidade de pessoas que se candidatam. A meta é oferecer mais alternativas para que a sociedade possa escolher”, afirma Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR.
Nesta semana, o RenovaBR e o Insper vão ministrar um curso de formação para deputados e senadores eleitos com objetivo de preparar os futuros parlamentares para exercer os mandatos. Entre os participantes estão o senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União), e os deputados federais eleitos Rosângela Moro (União-SP), Deltan Dallagnol (Podemos-PR), Camila Jara (PT-MS), Samuel Viana (PL-MG).
Qual o balanço que o senhor faz do movimento RenovaBR na última eleição? A grande métrica do RenovaBR é a quantidade de pessoas que a gente consegue preparar e apoiar para que eles persigam a jornada de serviço público, essa trajetória cívica. Então, a principal métrica de sucesso é a quantidade de pessoas que se candidatam. A nossa meta é oferecer mais alternativas para que a sociedade possa escolher. Tivemos muitas candidaturas, e isso representa um maior nível de debate de ideias.
Quais os principais desafios para esses parlamentares na próxima legislatura? O principal desafio é executar um bom trabalho como liderança cívica. É necessário preparo. As competências que você precisa ter para ganhar uma eleição não são as mesmas que você precisa ter para ser um bom representante — tanto que tem muitos campeões de voto que não são bons representantes. Muitos têm votações menores, mas acabam se tornando parlamentares de bastante relevância. É por isso que estamos preparando um programa semana que vem para apoiar esses representantes na execução de seus mandatos legislativos.
Quais serão as principais discussões desse programa? Está dividida em três áreas. A primeira é para que eles entendam o processo legislativo como um todo. Também tem a parte de desafios do Brasil, qual o país que eles vão encontrar, onde estão os desafios econômicos. Por último, a conjuntura política brasileira, como articular o plano estratégico de mandato e articulação política.
O número de pessoas negras no Congresso aumentou este ano. Também foram eleitas deputadas indígenas e mulheres trans. Como preparar os parlamentares para discutir pautas antirracistas e de diversidade? Estar pronto para discutir pautas de diversidade é algo essencial para qualquer parlamentar. O Brasil é um país diverso, com perfis socioeconômicos e culturais muito diferentes. É uma pauta importante que vamos trazer, mas o primeiro exercício é colocar todo mundo junto para que eles possam se reconhecer nas semelhanças, além das diferenças.
O RenovaBR elegeu 155 candidatos nas eleições municipais de 2020, 17 em 2018 e 18 em 2022. Por que os alunos se saíram melhor nas eleições municipais? O papel do Renova é oferecer alternativas para a sociedade. Dito isso, a parte de resultados eleitorais depende muito de contexto, e essa eleição foi dominada por dois fatores: a polarização e a dominância do financiamento público, que foi principalmente para os detentores de mandato. Tivemos um fundo eleitoral de volume elevadíssimo, mais as emendas, isso deu uma vantagem enorme para quem era detentor de mandato e, consequentemente, afetou o poder de renovação.
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