Mudança política em Portugal – Observador

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Está a surgir um novo paradigma no panorama partidário que rompe com o tradicional desde 1974, há novos partidos e uma tendência para que os partidos do arco da governabilidade sejam ultrapassados.
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O panorama político em Portugal está a alterar-se significativamente, por responsabilidade dos intervenientes políticos dos últimos anos que não estiveram à altura da confiança dos Portugueses e hoje deparamo-nos com o descredito da classe política actual dando espaço a novas forças políticas que têm surgido.
Temos o CDS, partido fundador da democracia, completamente irrelevante a nível nacional que chega ao cúmulo de ter sondagens que lhe atribuem 0%, depois de uma guerra interna fratricida que a actual direcção fez à anterior e que afinal com os tais apregoados quadros de relevo na sociedade, anunciados por Nuno Melo, tem tido a capacidade de fazer bem pior.
Temos o PCP com pouca expressão, limitado a um leitorado fiel envelhecido e com uma enorme perda da força que advinha dos trabalhadores, via sindicatos instrumentalizados. O que se está a passar na Educação é por demais evidente, o “camarada” Mário Nogueira já não convence ninguém e foi ultrapassado rapidamente por um novo sindicato, assim como noutros sectores, vemos sindicatos independentes e comissões de trabalhadores a liderarem os processos.
Temos o BE, conhecido como a esquerda caviar, que já não ilude ninguém e tem uma liderança desgastada que mostrou o que (não)valia quando integrou a geringonça, ou seja, Catarina e as manas Mortágua falam muito mas já não convencem ninguém.
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Temos o PSD com um novo líder, mas sem o assento necessário no parlamento que lhe permitiria outra visibilidade e outro desempenho. Para além disso, o partido está descredibilizado por muitos casos em que estiveram envolvidos alguns dos seus rostos visíveis. Isto para não falar da parte doutrinária dos últimos anos que se aproximou do PS.
Temos o PS que não aprendeu com o passado recente e permitiu esta sucessão de casos que descredibilizou por completo o governo e o partido. Como se não bastasse, vai enfrentar um combate interno duro pela liderança que poderá expor ainda mais fragilidades actuais. É um grande partido que fruto do comportamento de vários dos seus membros, está a perder a confiança dos portugueses e consequentemente do eleitorado.
Por outro lado, temos a Iniciativa Liberal que surgiu com uma comunicação inovadora e tem vindo a crescer sustentadamente, apresentando-se como uma alternativa credível, pena Cotrim Figueiredo ter deixado a liderança do partido, pois já todos percebemos as qualidades de Guimarães Pinto e Cotrim Figueiredo e de alguns membros do grupo parlamentar. A ultima Convenção passou uma imagem de discórdia e até de um combate interno acutilante, mas entendo que é natural num partido democrático composto por muitos quadros qualificados e muitos jovens, gente que pensa pela sua cabeça. Vamos ver se o desempenho do novo líder é pelo menos semelhante ao dos seus sucessores e se assim for, terá mais força no próximo quadro parlamentar.
Por fim, temos o Chega que muito rapidamente se tornou na 3ª força política. É um partido de um homem só, percebe-se que se André Ventura abandonasse agora o partido, o partido extinguia-se mais depressa do que a velocidade a que cresceu. Mas não é apenas o facto de ser um partido recente que o favorece, é agitar bandeiras de causas que ninguém se atreve a agitar, mas em que muita gente se revê embora não o assuma. De facto, André Ventura pode ser considerado populista e muitas outras coisas, mas tem o mérito de num partido novo sem quadros reconhecidos e alguns rostos até um pouco “sinistros”, conseguir captar os votos dos que se revêem nas causas que defende e de muitos que não se reveem em nenhum dos outros partidos, nem na classe politica, mas optam pelo Chega para colocar um voto de protesto. O eleitorado do Chega não é de direita como se diz por aí, é de todos os quadrantes políticos.
Concluindo, está a surgir um novo paradigma no panorama partidário em Portugal que rompe com o que era tradicional desde 74, há novos partidos na Assembleia da República e há uma tendência para que os partidos do arco da governabilidade sejam ultrapassados por novos partidos. Se isto é positivo, tenho sérias duvidas, mas é consequência de anos a fio de abuso de poder, de corrupção e desgoverno. Os Portugueses estão cansados de pagar pelos erros dos políticos e receptivos a experimentar uma mudança, falta saber se mudaremos para melhor ou para pior.
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