Mulheres negras na política institucional – The Keyword | Google

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22 Nov, 2022
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Este texto compõe uma série de entrevistas com representantes das organizações sem fins lucrativos apoiadas pelo Google.org, que atuaram com foco no apoio a candidaturas de grupos politicamente sub-representados, de todo espectro político-partidário, nas Eleições brasileiras de 2022.
O Instituto Marielle Franco é uma Organização Sem Fins Lucrativos (ONG) que batalha para ampliar a representação na política institucional de mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas, que atuam como lideranças coletivas e, em especial, defensoras de direitos. O instituto colabora para que a democracia brasileira seja verdadeiramente inclusiva e efetivada no país.
“Temos atuado para viabilizar e potencializar no interior dos partidos políticos e também para a sociedade em geral, a importância dos feitos de mulheres negras brasileiras na política institucional. Mostrando que já vínhamos contribuindo com a construção e implementação de políticas públicas e que isso deve ser reconhecido e fortalecido”, afirma Marcelle Decothé, gestora de programa do Instituto Marielle Franco.
Segundo Marcelle, os principais desafios enfrentados pela organização são a resistência de partidos políticos em abraçar e impulsionar lideranças de mulheres negras que estão se lançando na política institucional e combater a violência política de gênero e raça que, de acordo com o instituto, se apresenta como uma importante barreira para atuação na política nestas eleições. O projeto do instituto é liderado cotidianamente por uma equipe de 13 mulheres negras, cis e trans, espalhadas por todas as regiões do país.
Crédito: Divulgação site Estamos Prontas
“Em um primeiro momento, trabalhamos na formulação de uma estratégia de fortalecimento das habilidades e conexões das lideranças coletivas participantes do projeto a partir de temáticas essenciais ao processo eleitoral brasileiro e ao legado histórico da participação de mulheres negras na política institucional. Depois, nos dividimos cotidianamente na promoção de ações online e territoriais para impulsionar a opinião pública brasileira sobre a defesa da democracia, do voto negro e feminino para mudar verdadeiramente a realidade do país”, esclareceu Marcelle.
A rotina da organização se baseia em fomentar as redes, dar suporte às lideranças, desenvolver planejamento e ações de incidência com atores do sistema político eleitoral em prol da proteção e do maior apoio a essas mulheres de forma organizada.
Crédito: Divulgação site Estamos Prontas
Marcelle Decothé também afirmou que o aumento de candidaturas de pessoas negras, em especial de mulheres negras, é um indicador relevante para alcançar mudanças estruturais e impulsionar a renovação política do Brasil. “A partir do projeto Estamos Prontas mobilizamos ações nos 27 estados do país, com lideranças organizadas nestes territórios que agora —depois de acessar ao projeto— estão mais preparadas para enfrentar o desafio do engajamento político-eleitoral no Brasil.”
Outro feito do instituto foi a articulação, junto a pressão em órgãos do Estado, de um protocolo de recebimento e encaminhamento de denúncias de violência política no Brasil. “Um fato inédito até então, uma ferramenta unificada que poderá contribuir para responsabilizar e prevenir mais casos de violência e ameaças contra candidatas e ativistas mulheres negras inseridas em campanhas eleitorais”, explica Marcelle.
O Instituto Marielle Franco contou que o apoio do Google.org permitiu que o Ciclo de Desenvolvimento de Habilidades do projeto Estamos Prontas fosse executado. “A partir desse apoio, foi possível levarmos formação política para mulheres negras, lideranças coletivas de todo o país. Formamos uma turma de 27 mulheres negras, lideranças em cada estado brasileiro, oferecendo aulas de Direito Eleitoral, Comunicação Política, Financiamento de Campanhas, História do Movimento de Mulheres Negras, Políticas Sociais, entre outros”, concluiu Marcelle.
Crédito: Divulgação site Estamos Prontas
A gestora de projetos do instituto compartilhou que, com o apoio do Google.org, também foi possível ofertar consultorias focadas nas pautas e necessidades de cada uma das mulheres, respeitando as especificidades de cada uma. A parceria com o Google.org viabilizou profissionais em todas as regiões, que acompanharam e produziram diagnósticos sobre a situação das lideranças e de seus territórios.
Para as eleições deste ano, o objetivo do instituto é ampliar a percepção da sociedade brasileira sobre a importância do voto em candidaturas de mulheres negras, que defendem uma agenda de direitos humanos e da democracia, além de observar uma mudança do padrão das casas legislativas do país, com a presença de mais mulheres, mais pessoas LGBTQIA+, mais pessoas negras de forma geral.
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