'Ninguém fica em paz com isso', diz ex-secretário de Bolsonaro sobre yanomamis – UOL
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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
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Ex-secretário especial de Saúde Indígena do governo Jair Bolsonaro, Robson Santos da Silva diz se comover com as imagens que expõem a crise humanitária vivida pelos yanomamis, mas afirma estar tranquilo com relação a investigações envolvendo o seu nome por suposta omissão.
“Ninguém fica em paz com isso. As imagens são perturbadoras para qualquer pessoa. Eu fui em territórios, fui a todos os distritos. E a gente fica triste porque conhece, a gente sabe que são pessoas humildes. Ficar em paz? Nunca. Você não fica em paz”, afirma ele, que é coronel da reserva do Exército.
“Agora, enquanto gestor, sim [fico em paz]. Da minha parte, estou confiante de que as ações que foram feitas são suficientes para mostrar que não houve omissão da minha parte ou da minha gestão”, continua. “Como ser humano, claro que a gente fica preocupado. Mas a minha tranquilidade, entre aspas, está na crença na Justiça”, diz ainda à coluna.
Na segunda-feira (30), o governo Lula publicou uma lista com 23 casos em que acusa a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de omissão na assistência aos povos indígenas.
O território yanomami sofre com o aumento da malária e com a desnutrição infantil crônica, que atinge 80% das crianças de até cinco anos, segundo estudo recente financiado pelo Unicef e realizado em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o Ministério da Saúde.
A ação do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami está no centro da crise atual. De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o garimpo na região levou ao desmatamento de 232 hectares de floresta amazônica só em 2022, um aumento de 24,7% em relação ao índice registrado no ano anterior (186 hectares).
Alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar se houve omissão do Estado brasileiro na crise, o ex-secretário Robson Santos da Silva deixou a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) no final de março do ano passado —e diz que não pode responder por outras gestões.
“Se você ficar dez meses sem comer ou com restrição alimentar, eu tenho certeza de que eu, você, qualquer pessoa, vai emagrecer bastante”, afirma.
Questionado, então, se atribui a crise yanomami ao secretário Reginaldo Ramos, que o sucedeu nos últimos meses do governo Bolsonaro, ele contemporiza. “Não acredito que a situação tenha se agravado, não posso dizer isso. O que eu posso afirmar é: enquanto estava lá, todas as medidas foram tomadas”, diz.
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O ex-titular da Sesai afirma que críticos do governo anterior caíram em um “esquecimento seletivo” em relação à pandemia de Covid-19 e as dificuldades extras geradas por ela.
“Não se fala mais de Covid-19, parece que nunca existiu. Os anos de 2020 e 2021 são tratados de uma forma como se estivesse tudo bem, e não estava. Nós enfrentamos sérias crises, ausência de funcionários, de servidores. Muitos [ficaram] doentes”, diz sobre a Sesai.
Silva endossa teses replicadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro de que há venezuelanos entre os yanomamis socorridos —embora os atendimentos realizados nos últimos dias tenham se destinado àqueles que estão estabelecidos em território nacional.
A versão, sem respaldo entre autoridades brasileiras e especialistas, também vem sendo difundida por opositores do regime do ditador Nicolás Maduro.
“Todo mundo que você viu lá são venezuelanos? Não, mas excluir que existam venezuelanos, aí é uma ação política”, diz Silva à coluna, insistindo em sua defesa.
O ex-secretário ainda sugere que autoridades sanitárias locais também sejam investigadas pela situação dos indígenas. “Em cada um desses distritos, existe uma autoridade sanitária que também é um ordenador de despesas. Hoje, tudo traz para Brasília. ‘Foi o presidente’, ‘foi o ministro’, ‘foi o secretário’. [Espera] só um pouquinho. Lá [no distrito indígena] tem uma pessoa”, diz.
“Acho que quando mostrarem os documentos, as reuniões, os planos, o aumento de recursos, o envio de várias equipes para reforçar o atendimento do distrito… Esse é um caso que tem inúmeras partes. Quando juntar tudo isso, vai se ter um cenário correto do que é justo, do que aconteceu”, finaliza.
O advogado criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira prestigiou a celebração de 80 anos da fundação da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), realizada na capital paulista, na noite de segunda-feira (30). A presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Patricia Vanzolini, compareceu. O advogado Alberto Zacharias Toron também esteve lá.
com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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A relação, que tem mais de 3.500 nomes, foi enviada pelo Ministério das Relações Exteriores
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