No futebol, imagem é o negócio – Engeplus

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O brasileiro Charles William Miller, em 1894, quando retornou de uma viagem de estudos da Inglaterra, trouxe na bagagem apetrechos como regulamento, bola e uniformes de um desporto que havia aprendido a praticar no velho continente. Foi o início no Brasil da prática coletiva denominada futebol (football/soccer/soccer ball).
Durante mais de 70 anos o futebol foi fundamentalmente dependente da receita da bilheteria dos jogos, rifas e doações de anônimos e de diretores torcedores abnegados. As emissoras de rádio AM retransmitiam “ao vivo” os jogos, os jornais e panfletos promoviam os jogos antes e depois, o cinema reproduzia algumas imagens dias/semanas depois. Basta lembrar as produções do “Canal 100” nos cinemas.
Não havia placas publicitárias nos estádios, os clubes pagavam suas viagens e estadia, os clubes compravam seus uniformes de treinamento, viagens e jogos, compravam as bolas (as mais velhas ficavam pros treinamentos e as novas pros jogos), jogadores eram amadores e recebiam remuneração conforme os resultados, na sua maioria pago após os jogos no vestiário. 
As transmissões dos jogos via televisão da Copa do Mundo de 1970, no México, quando o Brasil consagrou o futebol brasileiro com o Tri Campeonato (1958/62/70), aguçou volúpia mercadológica mundial.   
Os alemães sairam na frente
Em 1973, na Alemanha Ocidental, o clube Eintracht Braunschweig, hoje na terceira divisão do futebol alemão, fez uso no seu uniforme de jogo, merchandising da marca Jägermeister, famoso licor.
No Brasil pela primeira vez, em 1982, o clube Democrata de Sete Lagoas, Minas Gerais, incluiu no seu uniforme a marca “Equipe”.
Entre os grandes clubes do futebol brasileiro, o primeiro a incluir no seu uniforme marca publicitária comercial, foi o Corinthians com a Kalunga, em 1985. Seguiram-se os patrocínios no Flamengo (Petrobrás), Internacional RS (Aplub), Palmeiras (Agip), Santos (Suvinil), São Paulo (Bic).
O grande avança mercadológico comercial no futebol brasileiro ocorreu a partir da criação do “Clube dos 13”, que na verdade já no inicio eram 16, depois 18, depois 20, até se findar. A entidade privada dirigida pelos clubes, em 1987 criou e promoveu a Copa União. Além dos seis clubes acima citados, outros dez: Atlético Mineiro, Botafogo, Bahia, Coritiba, Cruzeiro, Grêmio, Goiás, Santa Cruz, Fluminense e Vasco da Gama, ostentaram a logomarca patrocinadora da Coca Cola simultaneamente. A Copa União recebeu verba principal do contrato para transmissão exclusiva via televisão, mais transporte aéreo patrocinado pela Varig. A própria entidade passou a “explorar” as placas publicitárias nos estádios.
Em 1992, o Instituto Brasileiro do Café patrocinou os uniformes da seleção brasileira na Copa do Mundo. Hoje, nas competições organizadas pela FIFA, são proibidas publicidades nos uniformes oficiais das seleções. Hoje, a CBF possui 19 patrocínios oficiais nos demais materiais institucionais e promocionais da Entidade. É fortuna arrecadada.
O Criciúma Esporte Clube, após 1984 quando trocou o uniforme azul herdado do Comerciário EC pelo uniforme tricolor amarelo, preto e branco, estreou duplo patrocinadores com revezamento no uniforme frente x costas, com inserção das marcas “Carvão Mineral” e “Cerâmica”.
Dependência visual e mercadológica
O futebol em todas suas instâncias e categorias, é uma atividade que exige organização e por envolver custos e investimentos, literalmente não é mais para os ditos apaixonados amadores. As conhecidas “peladas” espontâneas é uma atividade próxima à extinção. O futebol é um negócio de grande responsabilidade e dependência da reputação, da imagem instantânea e histórica.
O bom exemplo a ser enaltecido é relacionado à criatividade e ousadia empregada pelo Grêmio FBPA agora, na contratação do uruguaio Luís Suárez. Quem acompanha ou não o futebol, em algum momento já viu e ouviu algo a respeito do “pistoleiro”, apelido que reflete seus gestos nas comemorações das centenas de gols, nos clubes como Liverpool, Barcelona, Atlético de Madrid e Seleção Uruguaia. A engenharia empregada para sua contratação culminou com estrondosa apresentação individual, com mais de 30 mil ingressos disputados, imediata estreia em jogos oficiais, com sequencia vitoriosa em dois jogos oficiais. “Vim, Vi e Venci”, com espetacular repercussão mundial. A confirmação da dita imagem do jogador na memória fotográfica do simpatizante do futebol assim se concretiza.
Guardada a devida proporção, o Criciúma Esporte Clube agora mesmo recontratou Eder Citadin Martins, nascido em Lauro Muller a 36 anos (15/11/86) jogador formado na base do clube e que havia estreado na equipe profissional em dezembro de 2004.
Nos 18 anos em que o Eder atuou após saída do Criciúma EC, inicialmente foi para o Empoli na Itália, onde também atuou no Frosinone, Brescia, Cesena, Sampdoria, Inter de Milão. Em 2018, ajudou – muito – ao Jiangsu Suning vencer seu único título do campeonato nacional da China. Contratado pelo São Paulo onde atuou em 2021/22, participou em 75 jogos e fez 11 gols em campeonatos regional, nacionais e internacionais.
Nas temporadas de 2015 e 2016, Eder foi convocado e atuou pela Seleção Italiana na Qualificação para Eurocopa e UEFA Euro 2016. Atuando na “Nazionale” fez seis gols.
Agora, o Criciúma EC divulga que fará um dia de autografo com o jogador Eder Citadin, contratado há mais de 10 dias. A prosaica ação difere dos atos até agora e que glorificaram exponencialmente o contratador.
O torcedor e simpatizante do Criciúma EC acompanhou a carreira do Eder Citadin, de longe, com rasas informações e imagens. É oportuno que o clube capture imagens, reproduções fotográficas e sonoras da sua vitoriosa carreira no exterior e no Brasil. Se a inoperância para buscar imagens externas estiver dificultando, imagino que bastará consultar o arquivo pessoal do Eder.
E mais, que a estreia do Eder na competição estadual não seja tratada como uma novela futebolística, onde os relatores – contratador e preparadores físico-técnicos – sejam os protagonistas.
Foto – Eder Seleção Italiana – Gol na Suécia. 
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