Novo documentário revela a corrupção na FIFA — e as vigarices do Mundial do Catar – Nit.pt

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A poucos dias do arranque de mais um Campeonato do Mundo de Futebol, talvez seja precipitado dizer que é o mais polémico de sempre. Mas é, certamente, um dos mais controversos — um título que é sublinhado pela mais recente minissérie documental da Netflix, que estreou esta quarta-feira, 9 de novembro, e que resume tudo em três palavras: “FIFA: Futebol, Dinheiro e Poder”.
Há sete anos, o presidente da FIFA, Sepp Blatter, aguardava serenamente o arranque de uma conferência de imprensa, quando um dos jornalistas se levantou. Na lapela, trazia a identificação de membro dos media, ao lado de uma bandeira da Coreia do Norte. Na mão, enormes maços de notas falsas, que atirou para cima do dirigente.
Cinco anos antes, Blatter anunciava com pompa a organização do Mundial de 2018 à Rússia e do de 2022 ao Catar. Esta última, uma escolha estranha, amplamente criticada e que rapidamente levantou suspeitas de corrupção. Os factos viriam a enlamear a imagem da FIFA e do seu presidente.
“Isto é para o [Mundial] da Coreia do Norte em 2026”, ironizou o jornalista que continuava a atirar as notas para cima de um incrédulo Blatter. “Alegra-te, Sepp, está todo aí.” Visivelmente perturbado, o presidente do maior órgão do futebol mundial pediu auxílio dos seguranças, antes de deixar o auditório, onde voltaria dez minutos depois. “Isto não tem nada a ver com o futebol.”
Os casos que atormentaram a FIFA durante os últimos anos vieram a provar o contrário — e a estreia do novo documentário chega no timing certo para continuar a abalar a credibilidade do campeonato mundial de futebol que arranca a 20 de novembro.
Porque é que a organização de um evento desportivo, que une nações e os seus adeptos, irá ter lugar num país onde ainda são negados alguns dos mais básicos direitos humanos? A questão foi colocada por muitos e é precisamente essa a resposta que a minissérie procura responder, numa viagem pela última década, toda ela recheada de casos polémicos de corrupção no seio da FIFA.
É através dos relatos de jornalistas, advogados e ex-membros da FIFA — incluindo o próprio Sepp Blatter, demitido de funções desde 2015 — que a produção tenta, ao longo de quatro episódios, desmontar a máquina obscura da organização, que culminou numa investigação liderada pelo próprio FBI. As buscas das autoridades norte-americanas resultaram na acusação criminal de 14 pessoas, entre dirigentes da organização, advogados, agentes.
Suspeitava-se de um gigantesco esquema de corrupção que envolveu a atribuição da organização de dois mundiais, o da Rússia e o do Catar. Ao fim de mais cinco anos de investigações, a justiça norte-americana mostrava as provas que tinha em mãos.
Se o Mundial da Rússia já tinha decorrido, o do Catar ainda estava no horizonte. O país do Médio Oriente terá, na ótica do Departamento de Justiça dos EUA, oferecido dinheiro a membros da FIFA em troca do seu voto, entre eles o antigo presidente da Federação Brasileira de Futebol e o ex-presidente da CONMEBOL.
Ken Bensinger, um jornalista do “The New York Times” que cobriu o escândalo e escreveu um livro sobre o tema, é um dos muitos que colaborou na produção do documentário. Prometeu que traria “enormes revelações”.
Mas o documentário não se limita a explorar a história recente da FIFA. Mergulha na cultura tóxica e pouco transparente da organização, logo desde a década de 70, antes de revelar a ascensão a um órgão todo-poderoso, cuja influência movimentava e movimenta milhões.
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