O agente mais corrosivo da República é a corrupção – JC Online

0
54

A vida pública exige uma linguagem e um vocabulário: o “republicanismo”, que é um conjunto de valores como a tolerância, a amizade, a compaixão a solidariedade, a aversão à tirania…
República: eis aí uma palavrinha que agora todo mundo usa e, sobretudo, abusa. República é um termo antigo e carregado de ambigüidades: Platão e Aristóteles lhe atribuíam mais de um sentido, e a coisa ficou ainda mais complicada quando Cícero traduziu “politeía” por “res publica”, significando duas coisas: uma disposição associativa (como direito de viver na comunidade política – a Pólis), e uma relação governante-governado (como direito de viver livre entre iguais).
A vida pública exige uma linguagem e um vocabulário: o “republicanismo”, que é um conjunto de valores como a tolerância, a amizade, a compaixão a solidariedade, a aversão à tirania. A República é ferida quando o governo e o sistema político perdem o sentido dos direitos fundamentais e passam a ver a Constituição como entrave (nossos golpistas); a República é ameaçada quando a sociedade desiste de proteger seu catálogo de direitos em caráter permanente: os direitos são uma baliza do mundo público que fixa o indivíduo na sociedade política e define aquilo que ele precisa abrir mão para viver em sociedade: esta é a ideia de liberdade pública ou civil moderna, sem o quê, não é possível a constituição da comunidade política.
Mas o agente mais corrosivo da República é a corrupção: desde a época do “terror revolucionário” (sob os Jacobinos) que se definiu uma espécie de “virtudes modelares”: a pureza que modela a justiça e a lei. Robespierre achava que a pureza moral do governante fundava o verdadeiro estado republicano e a educação revolucionária era, sobretudo, uma nova educação moral, como se o mundo político fosse baseado em virtudes individuais extraordinárias, o que tem muito pouco a ver com a República (que não é a reunião dos virtuosos no espaço público), coisa, aliás, que Maquiavel já sabia desde o século XV: quando a virtude precisa de um porta-voz é mau sinal! A corrupção, claro, degrada moralmente a confiança que temos uns nos outros, destrói o espaço público e o bem comum, mas é um erro imaginar que a crítica da corrupção é a crítica da moralidade do governante (o “corrupto”): é um determinado arranjo político e cultural que produz a corrupção – o patrimonialismo, o “jeitinho”, a malandragem, o “eu gosto de levar vantagem em tudo” (Lei do Gérson) e, claro, uma visão degradada da coisa pública, vista como bem apropriável. Assim não é um ativismo moralista que nos livrará de pessoas corruptas ou da própria corrupção. Entre os Gregos, a corrupção significava, ao mesmo tempo, “quebra” e “degradação” da confiança e eles já sabiam que ela era o veneno mais letal da República!
 

Flávio Brayner, professor emérito da UFPE 
É o fato ou acontecimento de interesse jornalístico. Pode ser uma informação nova ou recente. Também diz respeito a uma novidade de uma situação já conhecida.
Texto predominantemente opinativo. Expressa a visão do autor, mas não necessariamente a opinião do jornal. Pode ser escrito por jornalistas ou especialistas de áreas diversas.
Reportagem que traz à tona fatos ou episódios desconhecidos, com forte teor de denúncia. Exige técnicas e recursos específicos.
Conteúdo editorial que oferece ao leitor ambiente de compras.
É a interpretação da notícia, levando em consideração informações que vão além dos fatos narrados. Faz uso de dados, traz desdobramentos e projeções de cenário, assim como contextos passados.
Texto analítico que traduz a posição oficial do veículo em relação aos fatos abordados.
É a matéria institucional, que aborda assunto de interesse da empresa que patrocina a reportagem.
Conteúdo que faz a verificação da veracidade e da autencidade de uma informação ou fato divulgado.
É a matéria que traz subsídios, dados históricos e informações relevantes para ajudar a entender um fato ou notícia.
Reportagem de fôlego, que aborda, de forma aprofundada, vários aspectos e desdobramentos de um determinado assunto. Traz dados, estatísticas, contexto histórico, além de histórias de personagens que são afetados ou têm relação direta com o tema abordado.
Abordagem sobre determinado assunto, em que o tema é apresentado em formato de perguntas e respostas. Outra forma de publicar a entrevista é por meio de tópicos, com a resposta do entrevistado reproduzida entre aspas.
Texto com análise detalhada e de caráter opinativo a respeito de produtos, serviços e produções artísticas, nas mais diversas áreas, como literatura, música, cinema e artes visuais.
Jornal @ 2022 – Uma empresa do grupo JCPM
PARA SOLICITAÇÃO DE LICENCIAMENTO, CONTACTAR [email protected]

source

Leave a reply