O dia em que Garrincha jogou em Bagé | Editoria Esportes – Jornal Minuano
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Há 40 anos o mundo perdia o gênio do futebol das pernas tortas: Garrincha. Manoel Francisco dos Santos morreu em 20 de janeiro de 1983, em decorrência dos anos de alcoolismo. Nascido em 1933, o atacante ganhou o mundo com o apelido do pássaro “Garrincha”, tornando-se um dos símbolos do “futebol arte” tão praticado no Brasil no passado.
Foi com essa força e presença mítica de ídolo maior do Botafogo, e bicampeão pela seleção brasileira de futebol, tendo sido o principal destaque na Copa do Mundo do Chile, em 1962, que Garrincha chegou a Bagé para fazer história em 1975.
Selecionado brasileiro reuniu ídolos do futebol
Na ocasião, o maior camisa 7 da história do futebol mundial foi um dos astros da seleção brasileira de showbol – modalidade criada no Canadá que envolvia regras do futebol de salão com características próprias, como a de a bola nunca sair das linhas da quadra, possibilitando que os jogadores “tabelassem” com a rede que envolvia as laterais e o fundo da quadra. Entre os destaques da canarinho, o recentes tricampeão da seleção brasileira de 1970, Jairzinho. Outros ídolos como Djalma Dias (Palmeiras) e Rildo (Santos e Botafogo), além do ex-jogador do Internacional, Oreco, entre outros badalados craques, também vestiram a amarelinha.Na disputa contra o selecionado brasileiro estava um combinado com ex-craques do Guarany e do Bagé.
Um dia antes da partida festiva no há pouco inaugurado Ginásio Presidente Médici (Militão), os craques foram recepcionados por lideranças e representantes da comunidade bajeense. Nos arquivos do extinto jornal Correio do Sul, disponíveis no Arquivo Público Municipal Tarcísio Taborda, é possível verificar o encantamento dos bajeenses com os atletas do showbol, mas principalmente com Garrincha. Lideranças como então prefeito de Bagé, Camilo Moreira, saudou a vinda o ídolo de pernas tortas à cidade.
O jogo no Militão
No dia da partida festiva, mais de 2,6 mil pessoas compareceram ao Ginásio Militão, tendo sido testemunhas privilegiadas por assistir a um espetáculo e homenagem a um símbolo mundial do esporte. Uma homenagem a quem mesmo sem as mesmas condições atléticas do passado, ainda oferecia o que de melhor entregava ao público: arte e alegria com o esporte.
Antes do jogo principal, houve uma preliminar com duas equipes do curso de Educação Física, da então Faculdades Unidas de Bagé (FunBa). Em seguida, o principal momento da noite: a entrada do time de showbol, com a chamada pelos alto falantes de um a um dos jogadores. Quando chegou a hora de anunciar Garrincha, o último a entrar na quadra, foi executada a canção “Balada Número 7”, composta por Moacir Franco e lançada em 1971, em homenagem ao craque do Botafogo e que foi um sucesso imediato no período.
O talento dos jogadores da seleção brasileira ficou evidente desde os primeiros minutos. Em pouco tempo, já estava 2×0 para a canarinho, com gols de Rildo e Lance. O selecionado bajeense descontou com Paulo Sérgio, perdendo em seguida a oportunidade de empatar a partida através de um pênalti. Toninho, pela seleção canarinho, ampliou para 3×1.
A prevalência da equipe brasileira se mostrou com ênfase no primeiro tempo, encerrado com o placar de 9×4. Já no segundo tempo, o time bajeense mostrou mais força e deixou o placar mais apertado, em 16×10. Por fim, a partida festiva de showbol encerrou em 27 x16 para a seleção brasileira.
Garrincha entrou na quadra para disputar 20 minutos da partida. Dos seus magistrais dribles, tentou apenas uma vez sobre o jogador Solis Rodrigues que o desarmou. No entanto, o eterno ponta fez algumas jogadas de efeito e cobrou pênaltis para a seleção brasileira. Ao todo, Garrincha assinalou seis gols naquela noite, recebendo aplausos de todo o público que comparecera ao ginásio Militão.
Uma lenda que não morre
A passagem de Garrincha em Bagé foi breve, mas histórica pela sua já reconhecida importância para o futebol mundial. Na época, o jogador já havia abandonado a carreira profissional, participando de jogos festivos e amadores, vivia problemas financeiros e de saúde. Se no passado, Garrincha havia superado todas as probabilidades do que se projeta para um atleta; em 1975, ele sobrevivia de seu legado. Afinal, se na década de 50, ele vencera a deformidade nas pernas, que juntas formavam um arco, tendo a esquerda seis centímetros a mais que a direita, tornando-o “visualmente” sem condições de praticar o esporte, ele se tornou ao longo dos anos a representação exata do que é o futebol brasileiro: criativo, genial, mágico e também malandro.
Garrincha foi o maior ponteiro direito que o futebol já viu nascer. Autor de dribles desconcertantes, que deixavam defensores desorientados, sendo presas fáceis para suas investidas ao ataque, Garrincha traduziu o que se espera de um jogador de futebol brasileiro: a habilidade apurada acima da força física. Contudo, Garrincha não soube ter nem a metade de seu talento para a rotina fora do campo. E essa foi a derrocada de Manoel dos Santos. Até sua morte, em 1983, não conseguira jamais driblar e derrotar o alcoolismo.
Mas o que os bajeenses viram naquela noite de Primavera de 1975 ficou eterna como um dos momentos mais bonitos que a Rainha da Fronteira já presenciara: a homenagem em vida a um dos maiores jogadores da história do futebol mundial!
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