O Lula que eu conheço – UOL

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Empresário, fundador do Grupo Qualicorp e presidente da Qsaúde
Oriundo da classe média baixa, filho de pais separados, pai advogado, ex-policial, ferrenho defensor da ditadura e com uma mãe assalariada que lutava para criar três filhos, comecei a trabalhar aos 13 anos de idade. Durante a adolescência, acometido de uma gagueira severa, engajei-me ferrenhamente num movimento de igreja rotulado de esquerda. Em 1984, estava no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, torcendo pela votação da emenda Dante de Oliveira, das “Diretas Já”, não aprovada.
Nesse ambiente aprendi a valorizar a democracia, a respeitar opiniões diversas, debater e principalmente conviver com as diferenças de ideias, com tolerância. Esta Folha fez parte dessa construção e, mesmo tendo tido divergências com ela ao longo da minha vida, era e é um símbolo de democracia, de espaço ao contraditório e de luta contra quaisquer arbitrariedades de poder.

Em 1997, abri uma empresa com dois funcionários em 36 metros quadrados, buscando viabilizar o acesso da população à saúde privada. Em 2008, recebi o primeiro aporte financeiro privado estrangeiro. Em 2010, o segundo e, em 2011, já a maior do setor no Brasil, abri capital da empresa na Bolsa de Valores, nunca recebendo dinheiro público algum, ocasião em que tive o privilégio de conhecer o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fiquei perplexo com alguém tão lúcido e vivido, e a partir de então desenvolvemos uma fraterna relação de amizade pessoal.
Lula foi vítima de uma injustiça atroz, extensiva à sua família com requintes de crueldade medieval. A ele devemos um crescimento econômico e social estupendo entre 2003 e 2010. Não conheço empresário que reclame desses anos. Ele nasceu nordestino e pobre, excluído da sociedade e, mesmo num governo de sucesso, com erros e falhas, o preconceito e a luta pelo poder ensejaram uma arbitrária e leviana perseguição contra ele. A Justiça tardou, mas não faltou. As narrativas detratoras são tão profundas quanto a espessura de um guardanapo de papel usado.

Com orgulho, sempre abri as portas da minha casa para recebê-lo, com empresários, em discussões democráticas e pluralistas para um Brasil melhor. Testemunho que o Lula desses encontros com algumas das mais importantes lideranças empresariais brasileiras é tão afetuoso, humano e verdadeiro quanto o Lula que presenciei participando de comícios nas periferias e de encontros com catadores de materiais recicláveis.
Não há ideologia melhor que o respeito às instituições democráticas. Não há governo bom sem diálogo, sem atenção aos pobres, sem políticas de inserção e ascensão social, sem uma política educacional de base igualitária e que, ao mesmo tempo, garanta estabilidade, segurança jurídica, empreendedorismo, proteção à iniciativa privada e responsabilidade fiscal. Governo bom é, ainda, o que incentiva a transparência e garante a autonomia das instituições que combatem a corrupção, não intimidando ou incentivando ataques aos Poderes constituídos.
Voto em Lula por um Brasil que reencontre a reconciliação, a prosperidade e busque a justiça social.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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