O que Bolsonaro tem a ver com “gaslighting”, a palavra do ano – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
15/12/2022 6:00, atualizado 15/12/2022 4:35
Uma coisa nada tem a ver com a outra, salvo a coincidência das datas. Um mês depois da derrota do bolsonarismo, o Merriam-Webster, o mais famoso dos dicionários americanos, elegeu “gaslighting” como a palavra do ano de 2022.
Sem equivalente em português, o termo é descrito como “manipulação psicológica de uma pessoa, geralmente por um longo período de tempo, o que faz com que a vítima questione a validade de seus próprios pensamentos”.
Está dito no site oficial do dicionário que “ao contrário da mentira, que tende a ocorrer entre indivíduos, e da fraude, que tende a envolver organizações, o ‘gaslighting’ se aplica tanto a contextos pessoais quanto a contextos políticos”.
A palavra apareceu em 1938 em uma peça teatral do britânico Patrick Hamilton. Nela, um homem tenta fazer sua mulher acreditar que está enlouquecendo por dizer que a intensidade das luzes da casa estava diminuindo. A mulher estava certa.
A diminuição da intensidade das luzes se devia à ação deliberada do marido no sótão, mas ele nega e busca convencer a mulher de que ela não deve confiar em suas percepções. Quantas vezes em quatro anos de governo Bolsonaro não agiu assim?
Quer exemplo melhor do que ele repetir que sempre jogou “dentro das quatro linhas da Constituição” depois de ter tentado enfraquecê-la de todas as formas? Bolsonaro só não ultrapassou certos limites porque foi impedido pela Justiça.
E quando em vídeo ele imitou uma pessoa agonizando por falta de ar e nega até hoje tê-lo feito? E quando chamou adolescentes venezuelanas refugiadas de “garotas de programa” com as quais tinha “pintado um clima” e desmente o que está gravado?
Não é sobre liberdade de opinião. É sobre “manipulação psicológica de uma pessoa [ou coletividade], geralmente por um longo período de tempo, o que faz com que a vítima [ou vítimas] questione a validade de seus próprios pensamentos”.
Para não ser novamente acusado de manipulação, Bolsonaro faz muito bem em calar-se diante da suspeita de que sabia o que iria acontecer em Brasília na noite da última segunda-feira.
Terroristas alimentados e abrigados desde o domingo nos jardins do Palácio da Alvorada saíram de lá e foram depredar prédios públicos e tocar fogo em carros e ônibus no centro da cidade.
Eles, também,  são produtos da “gaslighting” bolsonarista. Chique, não?
“Despeço-me do Senado, não da vida pública. Não sei aonde a vida vai me levar, mas farei política enquanto viver. Continuarei a lutar pelo fim desta situação em que somos um país com tanta desigualdade social”. (Simone Tebet, com um pé dentro do governo Lula e o outro fora)
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