Opinião – São Paulo Antiga: Se esta será a recuperação do centro … – UOL

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No último dia 13 de dezembro publiquei nesta coluna a desagradável sensação de um peso e duas medidas na recuperação do centro de São Paulo por parte da prefeitura paulistana. Se por um lado a inaugurava-se um quadrilátero “para inglês ver” na esquina mais famosa da cidade, do outro a 250 metros de distância a realidade era completamente outra.
No afã de se tornar mais conhecido o Prefeito Ricardo Nunes (MDB) está divulgando aos quatro ventos a recuperação do centro de São Paulo, que começou pelo cruzamento das avenidas Ipiranga e São João. Porém, começou muito mal.
Sem consulta aos órgãos culturais da cidade, como a Secretaria de Cultura (SMC) e o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) as obras parecem pouco preocupadas em valorizar e melhorar aquela região do centro histórico. Não ocorreu um estudo aprofundado sobre como adequar aquele cruzamento famoso de acordo com os preceitos do tombamento da região central e nem mesmo do mobiliário urbano municipal.
O resultado é um show de horrores, capitaneado pela SP Urbanismo que deveria consultar e executar aquilo que o DPH e a SMC possivelmente tem de ideias e não sair pela cidade instalando estátuas cafonas e desconectadas com a história da região e placas de rua com suportes que parecem estar prontas para receberem algumas samambaias. Sendo justo vi como melhorias de fato o aterramento da fiação e a melhora das calçadas e instalação de piso tátil. Mas o que foi feito de bom não vai além disso.
A julgar pela instalação das estátuas colocadas no famoso cruzamento paulistano fica evidente que a prefeitura não quer um centro melhor. O que ela quer é um centro “instagramável” onde pessoas sem o menor senso estético, subcelebridades ou gente desconectada com o patrimônio da cidade vão fazer fotos e vídeos para publicar nas redes sociais um centro que não existe na realidade. Isso se o celular deles não for furtado antes, numa região onde roubos acontecem quase que 24 horas por dia.
A real iniciativa de colocar as estátuas ali parece ser criar uma falsa sensação de um centro melhor, especialmente aos frequentadores do Bar Brahma que são tão alienados quanto os frequentadores da Sala São Paulo, esta última isolada no terror da Cracolândia que só acabou para os olhos de nossas autoridades.
Acha que é exagero? No dia da inauguração da esquina “requalificada”, horas antes de o Prefeito chegar para tirar foto abraçado com um Adoniran Barbosa que mais lembra o Vovô Gepeto do Pinóquio, uma pessoa ficou gravemente ferida a poucos metros dali em uma tentativa de assalto. Um homem aguardava o ônibus no ponto quando foi abordado por ladrões de celular e, ao resistir, foi atacado por um objeto pontiagudo no tórax. Ele ficou deitado no meio-fio até o socorro chegar, uns bons minutos depois. Os ladrões? Fugiram.
Ali foram instaladas quatro estátuas, delas apenas uma tem total sentido com aquele local e uma outra é repete um outro monumento paulistano, ou seja, não houve um estudo mais aprofundado sobre o que colocar ali.
Começando pelo estátua de Adoniran Barbosa, instalada quase que grudada à porta do Bar Brahma. Aquela esquina não é famosa por conta dele, mas por conta de Caetano Veloso com sua música Sampa e que seria uma ótima homenagem em vida ao cantor. Aliás, ao lado da estátua de Adoniran tem uma placa da Memória Paulistana homenageando Veloso, mas pelo visto não notaram que ela estava ali e quem é de fora vai confundir um com o outro.
Depois o engraxate. É muito legal a figura do engraxate que, reconheço, estava espalhada por todo o centro de São Paulo. Mas convenhamos porque gastar dinheiro público para fazer um monumento que já existe uma obra de proposta similar? Chama-se Contando a Féria e está na praça João Mendes.
Agora vem a escultura do lambe-lambe. Quem em algum momento recorda de ter visto algum lambe-lambe em fotografias antigas do cruzamento das avenidas Ipiranga e São João? Possivelmente ninguém, afinal eles eram conhecidos e famosos em outras áreas de São Paulo, áreas estas que poderiam receber melhor essa obra: o parque da Luz, onde fizeram história, e a praça da República.
Para finalizar aquela que talvez é a única estátua que se adequa de verdade naquele local: Paulo Vanzolini, zoólogo e compositor de “Ronda”, canção que homenageia a avenida São João. A obra parece ser a única realmente estudada para estar ali e que cuja arte remete ao que a esquina e a região representam.

Algumas pessoas entraram em contato comigo reclamando do assédio que é feito por funcionários do Bar Brahma quando estão fotografando a escultura. Segundo eles ao chegarem perto da estátua para tirar uma foto são insistentemente convidados a entrar no estabelecimento e diante da negativa das pessoas são convidadas a sair do local, para não atrapalhar a entrada do bar.
Fui pessoalmente ao local e constatei que isso realmente acontece. Mesmo em horários de pouco movimento – estive por volta das 11h da manhã – a área onde fica a estátua estava isolada por bloqueios do bar e ao me aproximar para fotografar junto com minha esposa fui “convidado” de maneira irritante a entrar no estabelecimento. Questionei a pessoa que parecia ser chefe de salão sobre se a estátua era privada ou pública e a mesma nos deu às costas.
Encaminhei questionamento sobre o fato para assessoria da Fábrica de Bares, responsável pelo Bar Brahma a respeito deste assédio mas até o momento, 10 dias depois, não recebi qualquer retorno.
De fato, começou muito mal a suposta recuperação do centro paulistano. Ao custo de R$ 4,9 milhões a impressão de que tenho é que será um ralo de dinheiro público sem qualquer estudo mais aprofundado, com obras de gosto duvidoso e de benefício questionável ao centro e ao bem-estar do paulistano. A conferir.
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