Opinião – Walter Casagrande Jr.: Domingo, 2 de outubro: hoje é final de campeonato – folha.uol.com.br

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Comentarista e ex-jogador. É autor, com Gilvan Ribeiro, de "Casagrande e seus Demônios", "Sócrates e Casagrande – Uma História de Amor" e "Travessia"
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Que dia importante é este domingo (2).
Escrevo neste momento em que estou para sair de casa para votar, com muita expectativa, friozinho na barriga, batimento cardíaco um pouco mais alto e suando frio. Ou seja, com todas as sensações que tinha na semana, na véspera e no dia de um grande jogo ou de uma final de campeonato.
Essa semana foi parecida com a que passei em 1982, antes dos jogos finais do Campeonato Paulista. Por quê?
Simples: porque iríamos decidir a continuidade da Democracia Corinthiana, assim como hoje iremos decidir a sobrevivência da democracia do Brasil.
Acho que somos favoritos hoje, assim como fomos contra o São Paulo em 1982.
Passei aquela semana no hotel concentrado junto com os solteiros, mas o ponta Eduardo (casado) se ofereceu para tomar conta da gente.
Eu me lembro que saímos na segunda à noite, na terça concentramos, na quarta ganhamos do São Paulo por 1 x 0 (Sócrates) e saímos para o De Repente Bar, na rua Bela Cintra. Na quinta saímos novamente, assim como na sexta.
No sábado, véspera do jogo, comemos uma feijoada na casa do Magrão –a maioria da imprensa achou um horror, dizendo que era um absurdo e que não conseguiríamos nem correr.
Bom, domingo (como hoje), fomos para o Morumbi, nos trocamos, e na hora de subirmos para o campo, o alto-falante estava tocando a música do Gil “Andar com Fé”.
Aquilo mexeu com a gente, e subimos cantando “Andar com fé eu vou / Que a fé não costuma falhar”.
E não falhou.
Conseguimos correr e vencer por 3 x 1. Biro-Biro marcou duas vezes, eu fiz o terceiro gol, e o meu amigo Dário Pereira fez o do Tricolor. A Democracia Corinthiana venceu, e abrimos as portas para lutarmos com mais força por ela no país.
Já nessa semana que passou, participei da última live do Lula com muitos convidados, públicos ou não, lá no Anhembi. E foi uma grande emoção, com muita energia boa e positiva.
Na terça, fui a um outro encontro com Lula, ao lado dos esportistas.
Fui surpreendido com um lugar reservado a mim na mesa das pessoas que falariam para a plateia.
Adilson Monteiro Alves, Ana Moser, Gleise Hoffmann, Isabel, Andreia Rosa, Diogo Silva, eu e Aloísio Mercadante.
Todos falaram.
Na minha vez, eu me lembrei da nossa luta, e que sempre estivemos do lado da democracia. É claro que me veio o Magrão, o que foi muito emocionante para todos.
Pois bem: na sexta-feira, 30, dei uma entrevista para uma rádio francesa, e o jornalista Alexander me fez uma colocação importante.
Ele me perguntou sobre a Democracia Corinthiana, assunto que chegou ao seu conhecimento por ocasião da leitura da Carta pela Democracia no largo São Francisco. Ele viu faixa, camisas e as nossas presenças em todas as manifestações, e, claro, a minha presença no palanque do primeiro comício, no Anhangabaú.

O jornalista então me fez duas perguntas: como foi a Democracia Corinthiana? Contei toda a história, desde o início do processo até o término, passando pelos títulos, dificuldades e perseguições sofridas pela ditadura.
Depois me perguntou qual foi o legado que ela deixou. Rebati a pergunta: “No futebol ou na sociedade?” “Nos dois”, ele respondeu.
Pensei, pensei e respondi: “Infelizmente no futebol, nada, principalmente aqui no Brasil”.
Na Europa e nas Américas Central e do Norte, o assunto é muito falado. “Já participei de vários documentários, programas, livros e entrevistas, como essa, com você”, disse a ele.
Mas nenhum legado prático ficou no futebol brasileiro.
Deixou, no entanto, um legado muito forte na sociedade brasileira: basta ver que a Democracia Corinthiana sempre está presente de alguma forma em qualquer movimento democrático.
Percebi também que tanto o nosso movimento quanto os personagens principais dele serão eternos na luta em defesa da democracia brasileira, porque onde houver uma faixa, uma camisa escrito Democracia Corintiana, virá na cabeça de todos o Adilson Monteiro Alves, o Sócrates, o Casagrande e o Wladimir.
Que orgulho ficar para a história pela democracia do Brasil.
Hoje não farei o gol decisivo, mas farei o meu gol para que a democracia brasileira se fortaleça e se consolide novamente, apesar dessa extrema-direita reacionária tentar destruí-la.
E como eu disse no minidiscurso durante o encontro que nós, do esporte, tivemos com Lula, peço a vocês que se levantem, ergam o braço com o punho cerrado, como o Magrão fazia, e repitam comigo:
VIVA A DEMOCRACIA!
VIVA A LIBERDADE!
VIVA O LULA!
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