Orbán quer dissolução do Parlamento Europeu após escândalo de corrupção – Jornal de Notícias
O primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán
Foto: AFP
O primeiro-ministro da Hungria defendeu, esta quarta-feira, a dissolução do Parlamento Europeu (PE) e a sua substituição por uma assembleia de delegados dos parlamentos nacionais, em reação ao recente escândalo de corrupção que envolveu vários eurodeputados.
“Queremos que o PE seja dissolvido” e que os eurodeputados sejam eleitos pelos parlamentos nacionais e não por voto direto dos cidadãos, como acontece agora, afirmou o ultranacionalista Viktor Orbán, numa conferência de imprensa hoje realizada em Budapeste.
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Orbán, que tem sido duramente criticado precisamente pelo PE, mas também pela Comissão Europeia, pelo nível de corrupção associado ao seu Governo e pelo desrespeito pelas normas do Estado de direito, disse hoje que o controlo do PE deve ser “mais rígido”.
O caso conhecido como ‘Qatargate’, um escândalo de alegados subornos a eurodeputados e assistentes de grupos parlamentares pelo Qatar para ganhar influência em Bruxelas, originou nos últimos dias várias detenções, entre as quais a da ex-vice-presidente do PE Eva Kaili, acusada do crime de participação em organização criminosa, branqueamento de capitais e corrupção.
O escândalo está a abalar as instituições europeias, em especial a sua luta contra a corrupção nos Estados-membros.
A presidente do PE, Roberta Metsola, reafirmou, na segunda-feira, que haverá “tolerância zero à corrupção” na instituição, tendo já prometido na semana passada, numa intervenção no hemiciclo, reformas nesse sentido.
Segundo vários analistas, a situação está a ser aproveitada pelo Governo húngaro para deslegitimar as críticas dirigidas a Budapeste.
O PE foi a instituição europeia que solicitou sanções mais severas contra a Hungria devido à corrupção no país e à deriva antidemocrática, o que levou Bruxelas a congelar 6.300 milhões de euros de fundos comunitários ao país, condicionando a sua atribuição a uma série de reformas legais.
Orbán reiterou ainda um pedido para “drenar o pântano” das instituições europeias, parafraseando a mensagem do ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump durante a campanha eleitoral de 2016, quando afirmou que o pântano da corrupção em Washington tinha de ser drenado.
Na mesma conferência de imprensa, o primeiro-ministro húngaro também criticou Bruxelas pela posição face à guerra na Ucrânia, considerando que a União Europeia (UE) “mergulhou até ao peito” no conflito ao fornecer armas e ajuda financeira.
Considerado o maior aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, na UE, Orbán afirmou que todos os países que enviaram ajuda para a Ucrânia sob a forma de armas ou que treinaram soldados ucranianos “estão envolvidos na guerra”.
A ajuda financeira a Kiev prevista pela UE para o próximo ano — 18 mil milhões de euros — “apenas sublinha” esse envolvimento, referiu o governante.
A Hungria é o único país dos 27 da UE que se recusa a ajudar o país vizinho atacado pela Rússia, proibindo mesmo a passagem pelo seu território de material militar destinado a Kiev, sob a alegação de que isso significaria envolver Budapeste na guerra.
“A UE mergulhou até ao peito na guerra com o programa de 18 mil milhões de euros”, ao qual Budapeste se opõe categoricamente, declarou Orbán, acrescentando que todos os países europeus estão a ser prejudicados pela guerra em curso.
“Até agora a guerra só tem perdedores, as duas partes [a Ucrânia e a Rússia], mas também a economia da UE”, já que ninguém beneficia “da separação das economias europeia e russa”, concluiu.
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