Os próximos passos da campanha de Lula depois da primeira ‘DR’ pós-urnas – CartaCapital
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Em reunião da coordenação política no dia após o 1º turno, aliados demonstram tranquilidade com resultados das eleições
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve realizar nesta terça-feira 4, de manhã, uma reunião para traçar as agendas do 2º turno. A expectativa é de que o petista tenha foco nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, estados onde perdeu para o presidente Jair Bolsonaro (PL), e em Minas Gerais, onde a sua vantagem sobre o adversário foi de somente cinco pontos percentuais.
Ao chegar em uma reunião em que Lula discutiu com aliados a avaliação sobre o 1º turno e os próximos passos da campanha, o ex-governador Márcio França (PSB) disse a jornalistas que o petista precisa se mobilizar para obter de 500 mil a 1 milhão de votos em São Paulo. Ainda se espera, no entanto, um plano para o interior paulista, pior reduto para Lula, onde a campanha presidencial fez poucas passagens.
Lula deve, ainda, voltar aos estados em que seus aliados disputam 2º turno, como no caso da Bahia, em que Jerônimo Rodrigues (PT) compete com ACM Neto (União Brasil), e de Sergipe, que terá confronto entre Rogério Carvalho (PT) e Fábio Mitidieri (PSD).
Lula pretende trabalhar para atrair forças políticas que não o apoiaram no 1º turno. As conversas com Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) já estão ocorrendo, e os acordos devem ser definidos na terça ou na quarta-feira 5. Em entrevista a jornalistas, Marina Silva (Rede) se colocou à disposição para esse diálogo.
Depois de o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-presidente do partido, anunciar apoio a Lula, os aliados do ex-presidente da República também esperam uma aproximação maior com o PSDB.
Uma avaliação do entorno do petista é de que Eduardo Leite (PSDB) precisa de apoio para derrotar Onyx Lorenzoni (PL), candidato de Bolsonaro que foi para o 2º turno na liderança. O estado que deu vitória a Bolsonaro deixou o PT em 3º lugar na disputa para governador, com João Edegar Pretto.
Em São Paulo, a avaliação da campanha é de que a conversa com Rodrigo Garcia (PSDB) para a obtenção de apoio a Fernando Haddad (PT) e a Lula vai chegar. A derrota do tucano no 1º turno deu fim a um período de 28 anos do partido no governo.
Márcio França disse ter conversado com o tucano por aplicativo de mensagens, mas que o debate sobre apoio no 2º turno não foi tratado. Descarta-se que Garcia vá apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro.
A campanha petista também mira o apoio de Gilberto Kassab, presidente do PSD. O cenário de São Paulo, no entanto, é um complicador, porque o partido de Kassab apoia o candidato de Bolsonaro. Ainda assim, espera-se que uma ala expressiva do PSD migre para Lula.
Ainda não se prevê a apresentação de um programa de governo definido, para que haja espaço para negociações, já que as forças políticas tendem a apresentar reivindicações programáticas para anunciar apoio.
O mercado também tem demonstrado interesse para que a campanha de Lula já divulgue nomes de possíveis ministros, sobretudo na área econômica. Entre os aliados, é reforçada a vontade de Lula de que o plano siga sendo levar ao posto um nome político.
Em discurso no Hotel Gran Mercure, Lula disse que pretende procurar alianças com forças políticas divergentes.
“Nós temos que conversar com todas as pessoas nesse País que não votaram conosco no 1º turno. Agora a escolha não é ideológica”, afirmou Lula. “Agora nós vamos conversar com todas as forças políticas que tenham voto, que tenham representatividade, que tenham significância política nesse País, para que a gente consiga somar, num bloco, os democratas, contra aqueles que não são democratas.”
Os aliados de Lula se comportam com tranquilidade ao serem questionados sobre a ida de Bolsonaro e Lula para o 1º turno. Destacam que Bolsonaro tem a missão de alcançar uma margem maior de votos do que o petista, que está a 1,5% de passar dos 50%. Além disso, afirmam que Lula tem baixa possibilidade de perder os votos que obteve. Ressaltam, ainda, que Bolsonaro marca a primeira vez em que um presidente que tenta a reeleição chega ao 2º turno sem estar na liderança.
Nas ruas, movimentos sociais não têm previsão de que haja um dia especial de manifestação nas próximas semanas, apesar de o 2º turno elevar as demandas por mobilização de votos. Os eventos de destaque devem continuar sendo os comícios de Lula.
A avaliação de uma liderança ouvida pela reportagem é de que as mobilizações até o momento não ocorreram de forma suficiente. Faltaria uma adesão maior da população que não é associada a movimentos políticos, sobretudo em atividades no interior, desde a abordagem dos eleitores até a mobilização de atos.
Victor Ohana
Repórter do site de CartaCapital
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