Para analistas, relação entre os Poderes melhorou com Lula, mas militares são “pedra no sapato” – InfoMoney

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Impressões foram capturadas pouco mais de uma semana após os atos golpistas de 8 de janeiro, mas se aproximam de resultado observado em novembro
As perspectivas para a relação entre os Três Poderes melhoraram desde a eleição e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo analistas políticos ouvidos pela 41ª edição do Barômetro do Poder, realizado pelo InfoMoney entre os dias 17 e 19 de janeiro.
O levantamento reúne mensalmente as avaliações de algumas das principais consultorias de risco político e analistas independentes em atividade no país, frequentemente ouvidos por agentes econômicos e tomadores de decisão no mercado financeiro. Clique aqui para acessar a íntegra.
As impressões foram capturadas pouco mais de uma semana após os atos golpistas de 8 de janeiro, em que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. O episódio rendeu resposta uníssona do comando dos Três Poderes, em um raro alinhamento institucional.
O Barômetro do Poder mostra que 64% dos especialistas consultados esperam que a relação entre o novo governo e o Congresso Nacional, na configuração após a posse de 1º de fevereiro, seja melhor do que aquela mantida na gestão anterior. Outros 7% discordam, enquanto 29% esperam poucas mudanças.
Os números se dão a despeito do perfil conservador de muitos deputados federais e senadores que assumem na próxima legislatura e da vitória de diversos aliados de Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022. Eles são similares aos de edição do levantamento, realizada em novembro – o que indica que não se trata de efeito provocado pelos desdobramentos do 8 de janeiro.
Segundo o levantamento, 64% dos entrevistados esperam uma relação positiva entre Lula e o parlamento, enquanto 29% acreditam em uma relação morna e 7%, ruim. No último levantamento referente à gestão de Bolsonaro, realizado em agosto de 2022, os três grupos respondiam por 54%, 46% e 0%, respectivamente.

O Barômetro mostra elevada dispersão nas estimativas para o tamanho da base de Lula nas duas casas legislativas. Dividindo os parlamentares em três grandes grupos (alinhados com o governo, de oposição e incertos), as projeções para a base de apoio variam de 130 a 293 assentos na Câmara dos Deputados e de 21 a 46 assentos no Senado Federal.
Já a oposição, na avaliação dos especialistas, deve somar algo entre 47 e 181 deputados federais; e entre 11 e 31 senadores. O grupo do meio, que deverá ser o fiel da balança em diversas votações relevantes para o Palácio do Planalto, é o que mais varia nas projeções: de 53 a 220 na Câmara; e de 8 a 36 no Senado.
A média das respostas capturadas indica 234 deputados alinhados ao novo governo – o que equivale a 45,61% dos assentos da Câmara. Este grupo pode crescer a depender da eficácia dos articuladores políticos de Lula em avançar sobre 136 parlamentares classificados como “indefinidos” pelos analistas. Neste recorte, a oposição somaria 143 representantes – ou 27,88%.
Já no Senado Federal, a média indica uma base de 37 parlamentares – o que equivale a 45,67% dos assentos, algo muito próximo ao observado na outra casa. Os “incertos” somam 20 assentos, o que em tese daria possibilidade de Lula construir maioria constitucional (3/5). O tamanho da oposição é estimado em 24 senadores – ou 29,63%, o que indicaria um cenário um pouco mais desfavorável ao governo na Câmara Alta.
“O governo ganhou algum respiro na relação com o Congresso após as invasões terroristas, e isso deve permitir negociação para aprovação de legislação. Ainda será necessária uma aproximação com setores da bancada evangélica, ainda muito reativa ao governo”, observou um dos participantes.
“O ataque golpista de 8 de janeiro foi um grande tiro no pé da direita radical, pois, além de isolar a oposição, fortalecerá as figuras do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Lula junto ao Congresso Nacional”, disse outro analista.

“O 8 de Janeiro vai escantear a bancada radical bolsonarista, que não condenou e muitas vezes incentivou a violência política”, acrescentou um terceiro especialista. Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.
Lula terá seu primeiro grande teste com a nova composição do Congresso Nacional logo nas eleições para as mesas diretoras das casas legislativas e a formação dos blocos partidários. As negociações são fundamentais na definição de posições estratégicas no parlamento.
Os analistas consultados são unânimes em apostar na reeleição de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara dos Deputados, e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o Senado Federal. Ambos contam com o apoio discreto do Palácio do Planalto. O segundo, porém, enfrenta um cenário mais difícil, com as costuras de adversários no campo da oposição.
Apesar de os analistas esperarem uma melhora nas relações de Lula com o Congresso Nacional, a maior diferença capturada pelo Barômetro do Poder se dá quando o assunto é o diálogo entre Executivo e Judiciário. Para 43%, o relacionamento é “muito bom”, enquanto 57% veem como “bom”.
Em agosto, no último levantamento realizado referente ao governo Bolsonaro, o cenário era o oposto: 40% classificavam a relação entre os dois Poderes como “péssima”, enquanto 47% viam como “ruim”. Outros 7% apontavam o diálogo como “regular” – mesmo percentual dos que viam como “positivo”.
O Barômetro do Poder mostra, por outro lado, uma percepção negativa entre os analistas da relação entre o presidente Lula e as Forças Armadas. Para 69%, ela é “ruim”, enquanto 8% avaliam como “péssima”. Os 23% restantes classificam como “regular”. Considerando uma escala de 1 (péssima) a 5 (ótima), a média das respostas ficou em 2,15.
Desde a transição de governo, Lula enfrentou dificuldades em construir pontes com os fardados. Esta foi a única área em que não houve aquele período oficial de passagem de bastão, com trocas de informações entre equipes no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
A desconfiança de Lula em relação aos militares só cresceu após os atos golpistas de 8 de janeiro. Nas últimas semanas, o presidente disse que houve conivência de policiais e militares com os invasores e questionou a ausência de soldados para impedir a ação dos vândalos.
O mandatário também criticou a postura das Forças em relação aos acampamentos de golpistas organizados desde o fim do segundo turno. No último sábado (21), Lula demitiu o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército e nomeou o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que era comandante militar do Sudeste desde 2021, para o cargo.
Nos bastidores, além de menor simpatia a Lula do que a Bolsonaro, militares resistem a uma perda de espaço no centro do poder. Durante o governo anterior, os fardados puderam avançar de forma significativa sobre cargos da administração pública, aumentando rendimentos e influência política – a despeito de uma percepção de danos de imagem em situações como a gestão da pandemia de Covid-19.
Esta edição do Barômetro ouviu 11 consultorias políticas: Control Risks, Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; Tendências Consultoria Integrada; e XP Política. E 3 analistas independentes: Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); e Thomas Traumann.
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