Pernambucalizaram a política do Ceará | Magela Lima | OPOVO+ – O POVO

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Magela Lima é jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro, doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia
Não é segredo para ninguém – por sinal, é até motivo de inveja – que os nossos vizinhos, pernambucanos, são um tanto arredios à modéstia. Lá, se nasce e cresce habituado a conviver com o maior isso, o mais antigo aquilo, o mais importante aquilo outro. Quando dizem que os rios Capibaribe e Beberibe se unem para formar o oceano Atlântico, estão falando seríssimo. Enfim. Nós, cearenses, ao contrário, não somos assim tão trabalhados no quesito ego, não. Aliás, não éramos. Pelo menos, na política, os sinais são bastante evidentes de mudança.
A nova eleição do pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência parece ter pernambucalizado de vez o panorama político local. Somos 12 representantes cearenses entre os 289 nomes da composição final da equipe de transição de governo, colaborando em áreas decisivas e as mais variadas, como educação, turismo, comunicação, sustentabilidade e desenvolvimento regional. Muito embora o número não seja dos mais imponentes, o grupo reúne ex-prefeito, ex-governador, ex-secretários e, sobretudo, tem causado especulações em torno de ex e futuros senadores e ex e, talvez, futuros ministros.
Pelo que se tem comentado, muitas vezes sem nenhuma discrição, quando janeiro chegar, o Ceará vai dominar a Esplanada dos Ministérios. A conferir. Apesar de o coordenador do Gabinete de Transição, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, ter repetido exaustivamente que o momento não é ainda para a definição de nomes da futura equipe ministerial, fala-se de nada menos que cinco cearenses na nova gestão Lula. Estão na lista, o ex-governador e senador eleito Camilo Santana, a governadora izolda Cela, o deputado federal reeleito José Guimarães e os secretários Fabiano Piúba e Arialdo Pinho.
Na prática, a chance de o, por enquanto, disse-me-disse vir a se confirmar é minúscula. De todo modo, é muito bonito, inusitado, ver a política cearense tão empavonada. Para um governo eleito em torno de um discurso de frente ampla, o bloco de cearenses na disputa por Brasília representa justamente o oposto. Por melhores que sejam os índices das políticas públicas desenvolvidas aqui no Ceará, Lula não teria como garantir diversidade apostando em tantos cearenses, sendo esses tantos cearenses oriundos de um mesmo projeto. O xadrez do presidente não é nada fácil de jogar.
 

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