PIB da era Bolsonaro cresce menos que o dos governos FHC, Lula e Temer – UOL Economia

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Do UOL, em São Paulo
02/12/2022 04h00
O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,4% no terceiro trimestre deste ano. Com o dado, o crescimento médio do país por ano durante o governo Jair Bolsonaro, de 2019 a 2022, deve ficar em 1,5%.
O desempenho é um dos piores dos últimos governos: ficou atrás dos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, dos dois de Luiz Inácio Lula da Silva, e do de Michel Temer. Ganhou apenas do segundo mandato de Dilma Rousseff (-3,4%). A pandemia de covid-19 é um complicador para o período Bolsonaro que os outros governos não tiveram. Veja a comparação entre os governos em uma tabela mais abaixo neste texto.

Entenda o dado: O cálculo foi feito por Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre e pesquisadora sênior da economia aplicada do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O cálculo no período Bolsonaro considera os seguintes dados do PIB: 1,2% em 2019, queda de 3,3% em 2020, recuperação de 5% em 2021, e projeção de 3% para 2022. Os números foram somados e divididos pelo número de anos do presidente no poder para chegar ao resultado.
O que o resultado comparativo mostra? Os especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que é mais difícil de avaliar o governo de Bolsonaro comparando aos outros por causa da pandemia, que foi um evento que não havia acontecido em nenhum outro governo.
Chico Pessoa, economista da LCA Consultores, afirma que o resultado do PIB tem decepcionado desde 2014 e que o país não conseguiu a recuperação forte esperada depois da recessão de 2015 e 2016.

Thiago Xavier, economista e analista da Tendências Consultoria, afirma que a desaceleração no crescimento do PIB no terceiro trimestre já era esperada pela queda da economia em todo mundo e o aumento da taxa de juros para controlar a inflação.
Xavier diz que o governo Bolsonaro teve dificuldades extraordinárias, mas não lidou bem com algumas políticas que criou ao longo do governo, como a liberação de dinheiro para diversos grupos e não pensar em soluções para os problemas na educação criados pela pandemia.

Qual a expectativa para 2022? A expectativa da FGV é que o PIB cresça 3% neste ano, número um pouco acima da expectativa do mercado (entre 2,8% e 2,9%).
Matos afirma que o crescimento do país foi beneficiado pelo cenário internacional, com a exportação de commodities, e pela reabertura total da economia, com a recuperação mais expressiva do setor de serviços. Isso ajudou na geração de empregos e no consumo das famílias.
O setor de serviços corresponde a 70% do PIB brasileiro. Quando ele tem um resultado ruim, é natural que o PIB seja impactado.
Como o governo ajudou o PIB em 2022? Matos afirma que os estímulos financeiros dados pelo governo federal contribuíram para o crescimento do PIB, como a ampliação do Auxílio Brasil, o pagamento do auxílio para caminhoneiros, o vale-gás, a liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a diminuição na cobrança de impostos (como no caso dos combustíveis).
O que esperar para 2023? A projeção da FGV é que o PIB cresça 0,2% no ano que vem. Matos afirma que o governo não vai conseguir liberar tanto dinheiro aos brasileiros como fez neste ano, que o cenário internacional é mais desfavorável, com desaceleração em todo mundo, e que o controle da inflação aqui no Brasil deve continuar sendo um desafio. Isso vai manter os juros altos por mais tempo.
Hoje os juros são de 13,75% ao ano. Para a especialista, o próximo ano será um período de controle inflacionário para “pagar a conta” do crescimento de 2022. A pandemia deixou inflação e problemas fiscais como herança para o próximo governo.
Por que o Brasil não cresce mais? Matos afirma que o Brasil precisa de uma reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios, de mais educação e de pessoas mais produtivas no mercado de trabalho.
Para crescer, o governo precisa ganhar mais produtividade, segundo Matos. Também é necessário haver menos polarização política para que se crie um ambiente mais estável.
Os economistas ouvidos pelo UOL dizem que há problemas estruturais difíceis de resolver: melhor educação para qualificar trabalhadores e investimentos em infraestrutura.
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Mariana Londres

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