Política é assunto de criança, sim: é possível discutir sem entrar em briga partidária, dizem especialistas – UOL

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Mesmo nas salas de aula em que as crianças ainda não estão nem alfabetizadas, os professores já veem os alunos se dividindo entre fazer o L ou arminha com os dedos. Nas turmas dos mais velhos, os docentes também estão há semanas sendo confrontados com uma pergunta: “Em quem você vota?”.
Apesar do interesse e da participação natural das crianças na política, muitos pais ainda defendem que o assunto deve ficar longe dos pequenos, sobretudo na escola. Para especialistas da área, no entanto, o afastamento é prejudicial.
“Crianças são seres políticos e, portanto, têm direito de se manifestar. Quando digo que elas são políticas, quero dizer que elas têm opiniões, vontades e preferências que podem ser individuais ou refletir os valores de seus pais ou de quem convive com elas”, diz Danila Zambianco, que pesquisa relações interpessoais na escola, na Faculdade de Educação da Unicamp.
“A origem da palavra política remonta à participação na comunidade, na ida coletiva. Querer apartar as crianças da política é privá-las de fazer parte dessa coletividade”, continua a educadora.

Para ela, o que as crianças precisam é ser apresentadas a uma ideia de política diferente da que, normalmente, veem entre os adultos, já que elas aprendem pelo exemplo.
Por isso, explica ser normal que as crianças imitem gestos e falas que escutam na rua, ainda que não as compreendam. “A escola e os pais precisam ensinar que elas precisam conviver e respeitar o coleguinha que pensa diferente. E que há formas de se manifestarem sem violência e intolerância.”

Para a cientista política Débora Thomé, as crianças exercem seu papel político quando escolhem um representante de turma, quando reivindicam mais tempo de recreio ou querem ir ao parquinho. “Mostrando essas situações cotidianas das crianças, podemos explicar a elas coisas mais complexas, como participação e representação política, o que é uma democracia ou uma ditadura”, diz.
Thomé escreveu um livro infantil, com o também cientista político Lucio Rennó, que explica política para as crianças. A obra, por exemplo, trata os partidos políticos como uma união de pessoas com os mesmos interesses e valores, como crianças que gostam de brincar da mesma coisa.
“Política é de fato um tema complexo, mas podemos fazer associações com situações cotidianas que as crianças conhecem. A partir do interesse e curiosidade delas, é possível aumentar a complexidade do que é falado”, diz a coautora de “Dicionário Fácil das Coisas Difíceis” (Editora Jandaíra).
Para elas, ao incentivar a participação em situações cotidianas, famílias e escolas ensinam valores democráticos. Por exemplo, em uma roda de conversas, os pequenos aprendem a dialogar, respeitar o tempo de fala dos colegas e a argumentar de forma respeitosa quando divergem.
“O simples ato de criança levantar a mão para falar já mostra que ela está respeitando o tempo de fala do colega. É uma ação que muitos adultos não conseguem fazer”, diz Zambianco.
Quando fazem uma votação em sala de aula para decidir qual será a brincadeira ou leitura do dia, as crianças aprendem a lidar com a possível frustração de ver sua preferência não ser acatada pelos demais.

“A política é sobre acordos para vivermos em harmonia na sociedade. Com essas experiências elas vão aprendendo a lidar com situações mais complexas”, diz a pesquisadora.
As especialistas acreditam que as escolas devem ter cautela ao tratar de questões partidárias, mas podem e devem tratar sobre valores, ainda que eles possam se chocar com os das famílias. “Por isso, é importante que a escola tenha um projeto político-pedagógico, assim, os pais podem avaliar se estão em consonância com o que defendem”, diz Zambianco.
Durante uma disputa eleitoral, como a que o país vive, elas dizem que os professores precisam avaliar como expor suas posições e questionar as preferências dos alunos.
“É natural que alunos, principalmente os mais velhos, queiram saber em quem os adultos votam. É uma forma de entender melhor quem convive com eles. Os professores devem avaliar se a turma terá maturidade para essa revelação”, avalia Zambianco.
Para ela, na maioria das situações, é melhor que os professores expliquem que o voto é secreto, mas podem expor quais são seus valores e deixar que, a partir daí, os alunos tomem suas próprias conclusões. “O professor nunca se desliga de quem ele é individualmente, isso não significa que ele estará sendo partidário.”
Aproveite a curiosidade
Crianças escutam e veem o que acontece ao seu redor e têm curiosidade em entender. Aproveite as dúvidas que podem surgir para explicar, de forma adequada à idade, sobre o processo eleitoral, democracia e sistemas políticos
Incentive a participação
As crianças podem entender melhor como funciona a participação política se forem envolvidas em decisões cotidianas. Por exemplo, fazer uma enquete na hora de decidir a qual filme a família vai assistir ou a que hora ela deve fazer a lição de casa
Crianças aprendem pelo exemplo
As crianças não aprendem apenas quando os pais dizem o que é certo ou errado, mas pelo exemplo que veem em casa. Por isso, é importante atentar para a forma como se discutem questões políticas perto dos filhos, porque eles vão reproduzi-la. Ao defender ou criticar um candidato ou partido, cuidado para não ofender o adversário ou incentivar a violência
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