Política não é assunto nem de deuses nem de bestas – folha.uol.com.br

0
65

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
Expressa as ideias do autor e defende sua interpretação dos fatos​
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Jurista, professor e advogado
[RESUMO] Autor argumenta que a política foi degenerada pela ascensão de redes sociais sem critérios de verificação, onde a mentira assume valor de verdade, e pela infiltração de temas religiosos. Em contraponto a esse quadro que ameaça a democracia, é preciso recuperar os critérios públicos do debate político, defende ele.
Na crise da democracia, devemos ir aos clássicos. Aristóteles dizia que o homem é um ser sociável por natureza. É um “politikon zoom”, animal político. Ou isso ou somos deuses ou bestas. Aliás, para ele, a política é uma ciência estritamente humana, não é assunto nem de bestas nem de deuses.
Também Aristóteles dizia que, por ser um animal político, o ser humano busca parceiro(a) para se unir e formar família, grupos e assim vai.
Talvez hoje em dia o homem (ou mulher) busque parceiros de WhatsApp para formar neocavernas. É o novo “homowhatszapiens”. Acima dos grupos humanos estão os grupos de WhatsApp. Viva. E o TikTok, é claro.
Platão, professor de Aristóteles, talvez tenha sido o primeiro a criticar as bestas, os néscios. Contra esses, formulou a Alegoria da Caverna.
As sombras são sombras, denunciava, mas de nada adiantava. O rei filósofo foi apedrejado ao dizer que as sombras não eram a realidade.
Portanto, não há fatos; apenas narrativas. Isso é coisa velha. E, pior, sempre cabe qualquer narrativa. Eis o novo mundo. Vasto mundo. Que, assim, pode, sim, ser chamado de Raimundo, para desdizer o poema de Drummond.
Hoje já é possível dar às palavras o sentido que se quer, dando razão ao personagem Humpty Dumpty, de “Alice Através do Espelho”, de Lewis Carroll.
Como exercitar a democracia nestes tempos em que já não há fatos? Eis a pergunta de 2.500 anos dois de filosofia. E de política.
Do modo como se apresentam, hoje, as redes sociais são compatíveis com a democracia?
As redes, com seus algoritmos e quejandos, criam seus próprios critérios de verificação. É esse o ponto, daí a incompatibilidade com a democracia. A democracia moderna é uma questão de linguagem pública. Há critérios para se dizer as coisas —e esses critérios são públicos, construídos intersubjetivamente.

Por isso os “outsiders” não surpreendem. “Outsider” é quem vem de fora do jogo de linguagem da política. As redes facilitam isso. Por quê? Ora, exatamente porque criam seus próprios critérios de verdade.
O que é uma república? Política, assim, na sua acepção moderna, é essencialmente pública. Porém, quando o meio de se fazer política passa a ser as redes, privatizam-se os critérios de verificação. Desaparece a mediação.
Daí passam a valer todos os paradoxos: gente contra a corrupção que tem orgulho de sonegar. Médico a favor de cloroquina. Pastores e evangelizadores que apoiam tortura, misturam o que é de Deus e o que é de César para prosperar (anti)politicamente com base na fé alheia. Fracassamos? A pergunta é retórica.
As redes permitem isso, porque, assumindo o já paradoxal papel de meio, porque não há mediação, substituem a política, pública e tradicional, por um simulacro em que os critérios são “ad hoc”. A mentira como critério da verdade.
A política foi degenerada —pelos tais outsiders— e, fundamentalmente, “evangelizada”: pastores da fé e da carteira alheia, “padres” de festa junina, os “outsiders” de um Estado que é laico.

A esperança? Recuperar o “politikon zoom”. O animal político. E não as bestas “políticas”.
Afinal, fatos existem, por mais que as narrativas queiram se impor. E as sombras eram mesmo sombras. Às vezes, o padre é mesmo só de festa junina. E o que é de Deus não é de César.
A política é pública. Como disse, lembrando sempre Aristóteles, não é assunto nem de bestas nem de deuses.
Logo, como os tais “outsiders” e os protagonistas que misturam religião e sua (anti)política não são deuses, resta-lhes a segunda hipótese, segundo o velho Aristóteles: bestas.
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Carregando…
Carregando…
Tecnologia da Mastercard garante a segurança de operações com criptoativos
Empresas devem saber acolher colaboradores com depressão
Havaianas celebra 60 anos como exemplo de inovação
Nova lavadora e secadora da LG alia tecnologia e sustentabilidade
Mackenzie é uma das universidades privadas mais reconhecidas pelas empresas
Lalamove oferece soluções seguras e econômicas para entrega rápida e descomplicada
DNA ajuda a identificar tratamento mais eficaz contra o câncer de mama
Brasil pode ser protagonista da alimentação do futuro
Cidadania global: formação para além do bilinguismo
Brilho eterno: Tiffany cresce e planeja dobrar vendas no Brasil
Entenda o que é deep fake e saiba como se proteger
Rastreamento pode reduzir mortes por câncer de pulmão
Clara facilita vida das empresas na gestão de gastos corporativos
Chegada do 5G traz revolução para o dia a dia dos negócios
Tecnologia com inclusão e diversidade gera inovação
Inteligência artificial e automação moldam o futuro das empresas
Tecnologia permite que pessoas recebam pela comercialização de seus dados
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Mobilizações de militantes em estradas começam a diminuir, mas interdições ainda atingem 17 estados
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Mensagens em aplicativos se intensificaram desde derrota de Jair Bolsonaro (PL)
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Crescimento do PT no Sudeste é principal responsável pela menor disparidade no resultado do 2º turno

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A.
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Leave a reply