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22/11/2022 11:41
(Foto: Jô Folha) – PSOL e PT cedem cadeiras a vereadores negros
Por Rafalela Rosa
rafaela.rosa@diariopopular.com.br
Ocupar espaços e potencializar os debates construídos pela comunidade negra. Esses são alguns dos objetivos dos vereadores suplentes negros que irão ocupar cadeiras na Câmara de Vereadores de Pelotas na Semana da Consciência Negra. Por mais uma vez, Júlio Araújo e Cristiane Gomes, ambos do PSOL, estarão no Legislativo pelotense e este ano contarão com a companhia de Catharina Motta, do PT. Os parlamentares do PSOL já foram empossados ano passado e não precisam passar pelo rito novamente. Catharina toma posse na sessão ordinária de hoje. Eles se juntam aos titulares César Brisolara, o Cesinha (PSB), Rafael Dutra, o Barriga (UB), Reinaldo Elias (PSD) e Michel Promove (PP).
A novidade deste ano é o nome da petista de 67 anos, que ocupará a cadeira de Carla Cassais (PT). Ela é servidora aposentada da UFPel e concorreu à vaga em 2020 juntamente com Fernanda Camargo e Luciana Almeida, quando apresentaram um mandato compartilhado. “Acho interessante a Carla ter abraçado essa pauta. Nossa ideia é combater o racismo e reforçar a presença da mulher negra”, enfatiza Catharina.
Com uma história de militância de mais de três décadas, a vereadora cita proposições que, mesmo estando fora do parlamento, já constrói no seu dia a dia. “Participo do Coletivo Antirracismo O Melhor de Cada Uma e temos um projeto em parceria com a deputada Maria do Rosário (PT) que distribuímos cartilhas de educação antirracista para escolas e outras instituições que se interessaram”, conta.
A ideia para esta semana é, de fato, marcar presença na Câmara de Vereadores. “No último pleito tivemos quatro vereadores negros eleitos e nenhuma mulher negra. Noto que a sociedade, além de racista, é machista. Sinto falta de ter uma de nós aqui, para levar nossas ideias, as questões femininas de saúde, por exemplo”, sustenta.
Continuidade
Desde o primeiro ano da legislatura o PSOL adotou a prática de dar espaço a suplentes negros durante esta semana, assim como também faz na Semana da Mulher, em março. “É a continuidade de um processo que a gente já constituiu no último ano, de dar visibilidade às pautas através de uma discussão coletiva não só da bancada do PSOL, mas da Setorial de Negras e Negros do partido”, fala Araújo, que tem 39 anos e é servidor público do Hospital Escola. Na prática, a bancada da sigla irá levar à Câmara os encaminhamentos do Congresso de Negras e Negros, ocorrido em julho deste ano. “Um dos exemplos que a gente vai abordar é a questão da saúde integral da população negra, que tem uma política nacional. Queremos discutir com a prefeitura a implantação deste processo na cidade”, cita.
A implementação das leis 10.639 e 11.645, que tratam da história e cultura brasileira e indígena nas escolas, é um tema que foi debatido no Congresso, já apareceu em 2021 e irá voltar ao debate durante essa semana. “Colocamos a negritude e a periferia como centro da nossa discussão e isso tem que passar pela nossa presença no Legislativo através dos nossos mandatos. Isso é muito simbólico e importante”, fala Araújo sobre a importância da ocupação do espaço.
A outra vereadora da sigla que ocupará a cadeira de Jurandir Silva (PSOL) é Cristiane Gomes, 46, pedagoga. “Estamos representando os negros e os não negros, as pessoas que vêm das comunidades periféricas, os que precisam de vez e voz”, resume. A suplente endossa o discurso de Araújo sobre as proposições que a comunidade pelotense irá ver no Legislativo nos próximos dias, mas acrescenta o Carnaval. “Qual vai ser a visão da prefeitura de Pelotas frente ao Carnaval? Quais são as metas? O que pensa sobre?”, questiona, em função do evento não ocorrer há três anos por conta da pandemia. “O Carnaval não é só diversão, é geração de emprego e renda, é turismo, é dinheiro para a cidade. Pessoas se preparam o ano inteiro para isso.”
Sobre a representação de estar de volta em mais uma semana, Cristiane resume o momento “fortalecimento”. “É cada vez mais a ocupação dos nossos espaços. Ocupação que é direito nosso. Temos que estar aqui e em todos os lugares. A luta é contínua e diária, dentro e fora do Legislativo”.
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