Política se discute SIM – JM Online

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Sempre considerei curiosa aquela frase: no Brasil não se discute futebol, religião e política. Não sei quem inventou. Pior que essa ideia está tão arraigada em nossa cultura que virou uma espécie de crendice popular, dessas que ouvimos desde criança e crescemos acreditando como sendo uma verdade incontestável, que simplesmente nem nos damos ao trabalho de refletir sobre o assunto.
Quanto à religião, não me atrevo a discutir, pois creio que é algo muito subjetivo e abstrato. Já entrando no assunto futebol, assumo que sou torcedor do Flamengo (meu Mengão) e do Uberaba Sport (meu Glorioso). Torço para os meus times do coração, acompanhado do meu filho, respeitando os outros torcedores – claro que sempre acontece uma piadinha aqui, outra lá com o adversário. Tudo na brincadeira mesmo, sem ofensas pessoais.
Agora, quando se trata de política, afirmo e reafirmo que o tema deve ser discutido SIM (em letras maiúsculas)! Porque não é uma questão de valores subjetivos como fé e time do coração, e sim de ideologias, que englobam ações e medidas governamentais que visam a administração do poder e dinheiro públicos em favor das comunidades, sejam elas locais ou mundiais.
Política deve ser sempre o centro das nossas atenções, pois é por meio dela que garantimos o correto funcionamento da máquina do Estado e, dessa forma, salvaguardamos os direitos e o bem-estar dos nossos cidadãos. O mito de que política não deve ser discutida se baseia no pressuposto de que discussão é uma briga de egos em que nervos ficam à flor da pele, e diante do caos instalado não chegamos a lugar algum. Eu, como Advogado, que tem a palavra como ofício e utiliza a argumentação e contra-argumentação como instrumentos de trabalho, sei muito bem que discutir ideias e trocar pontos de vista são práticas saudáveis – diria até necessárias – que ajudam a esclarecer pontos nebulosos e aprendermos uns com os outros. Assim, aprendo a ser um cidadão mais consciente, responsável e empático.
Vendo sob esse ponto de vista, a política deve fazer parte das conversas do dia a dia. Por que não? Se isso fosse um hábito recorrente, certamente não veríamos cenas chocantes como as noticiadas logo após o resultado das eleições presidenciais. As inúmeras manifestações dos seguidores do partido derrotado são provas vivas de que a “cegueira” pode ser oriunda da não percepção do que é real e do que é inventado. Bem como seríamos poupados dos conteúdos irreais (vulgo fakes news) que fizeram parte da nossa rotina nesses últimos quatro anos. Por não discutirmos as políticas públicas com lucidez, criou-se um clima terrível de animosidade entre a população brasileira, que começou a encarar as ideias contrárias como um elemento inaceitável, rompendo até vínculos de amizade e familiares.
Por todas essas razões, convido a todos a discutir política nas redes de relacionamentos, assim como faziam os filósofos da antiga Grécia. Esses pensadores, cujas ideias são relevantes até os dias atuais, utilizavam a oratória e a retórica como ferramentas de aprimoramento pessoal e profissional. Ao discutirmos as políticas públicas de peito aberto e escuta ativa, conseguiremos ser mais engajados no desenvolvimento coletivo, iremos potencializar nosso espírito crítico e teremos maior entendimento para combater falsidades ideológicas arquitetadas por políticos oportunistas e militantes mal-intencionados, que objetivam somente os próprios interesses.
Importantíssimo, também, reforçar que jamais podemos esquecer que não existe torcida adversária quando falamos de um país. Somos todos brasileiros. Então, vamos lá discutir política para reivindicar ações sociais e econômicas dos nossos funcionários, os políticos que exercem cargos públicos remunerados por nós. Municiados do poder do conhecimento, seremos mais fortes e lúcidos para lutarmos por nossos direitos!
 Euseli dos Santos
Advogado em Uberaba/MG – OAB/MG 64.700; mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp); conselheiro estadual titular da OAB/MG – Triênio 2022/2024
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