Política x economia: entenda o que afeta o mercado após as transições de governo – ND Mais

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A instabilidade política no Brasil após o resultado das eleições de outubro de 2022 surtiu um resultado negativo para o universo econômico no País. Especialistas apontam que, após a troca de governo, o mercado tende a sofrer algumas influências, o que pode não agradar os investidores e empresários brasileiros e internacionais.
O índice da Ibovespa fechou no dia 29 de dezembro de 2022 em queda de 0,46%, fechando o dia com 109.735 pontos. Já no primeiro dia útil do ano, em 2 de janeiro, após a posse presidencial, a bolsa encerrou com tombo ainda maior, com 3,06% de queda, encerrando aos 106.376,02 pontos.
Para poder entender como a política movimenta a maré econômica no Brasil, o ND+ consultou especialistas que apontam alguns dados importantes. Alguns fatores podem impactar o ânimo do mercado e mexer com a confiança dos investidores e empresários.
O cientista político e professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Tiago Borges aponta alguns fatores políticos que influenciam na economia. Segundo ele, a maior intervenção ocorre em momentos de transição de governo.
O cientista político ressalta que alguns recursos políticos podem aquecer a economia e impactar positiva ou negativamente no Brasil. Borges destaca, por exemplo, o bolsa família, o aumento do salário mínimo e a regulação de taxas de juros, que são instrumentos que o governo tem em mãos e fazem muita diferença na economia brasileira.
Borges aponta ainda que o mercado econômico busca se informar muito bem sobre os integrantes do primeiro e segundo escalão do Ministério da Economia. Com isso, as indicações de integrantes da pasta podem surtir efeitos e impactar a economia do país.
O mestre em economia Álvaro Dezidério concorda que os investidores possuem um cuidado muito grande em saber quem estará a frente das pastas da economia. E também nas secretarias da pasta, que funcionam como empresas dentro do país e elaboram projetos para investimentos.
Indicações de nomes extremamente técnicos para compor a equipe econômica pode não trazer o resultado desejado ou esperado. “Boa parte das decisões econômicas envolvem costuras políticas e essas negociações são feitas com políticas”, frisa Borges.
O cientista político ressalta ainda que o ideal é montar a equipe do Ministério da Economia com pessoal qualificado, mas também com figuras políticas. Deste modo, o governo consegue atender e aprovar projetos importantes de maneira mais rápida e eficaz.
O analista de investimentos Ilan Arbetman aponta que os investidores são movidos por expectativas. Albetman ressalta que, quando ocorre uma grande mudança no governo, empresas, investidores e conglomerados financeiros planejam com cautela os próximos passos de investimentos perante a atual gestão.
O analista aponta que, naturalmente após uma troca de governo, investidores tendem a se precaver e aguardar decisões governamentais antes de tomar decisões de investimentos: “É natural que haja uma dose maior de cautela por parte dos agentes investidores com mudanças bruscas no governo.”
Um ponto a ser considerado é referente aos investimentos que o novo governo pretende fazer durante a gestão. Albetman salienta que projetos sociais, por exemplo, podem prejudicar a formação de ideias de grupos de investidores.
Essa situação ocorre se, por acaso, não ficar claro se a verba para suprir os projetos sociais será redirecionada ou se o governo pretende investir mais e elevar o orçamento. As respostas destes questionamentos irão formar as ideias e traçar os planos de ação e investimentos de grandes conglomerados financeiros, investidores e empresas.
Conforme os especialistas, o mercado de investimentos não vê de forma prejudicial o projeto de amparo social em si, o que o mercado exige de fato é racionalidade e previsibilidade financeira no país. “Temos que observar de que maneira o governo vai “se financiar”, como vai justificar suas próximas ações”, ressalta Albetman.
Em tese, se o governo transparecer previsibilidade, se ficar mais atento ao mercado financeiro, o “susto” inicial vai causar impacto, mas com recuperação mais rápida deste cenário. Uma comunicação eficiente e transparente das ações e projetos também ajuda na retomada da economia de investimentos e confiança dos investidores no governo.
Uma pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta uma queda de 2,2 pontos no ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) em relação a dezembro de 2022. O índice fechou em 48,6 pontos, ficando abaixo da linha divisória de confiança fixada em 50 pontos.
Com a queda, o índice demonstrou uma migração de um estado de confiança para um estado de falta de confiança no governo por parte do setor industrial. É a primeira vez desde julho de 2020 que o setor como um todo demonstra falta de confiança no governo.
Ainda segundo o levantamento da CNI, a queda do ICEI em janeiro de 2023 é a quarta queda consecutiva. Ao longo dos últimos quatro meses, o índice de confiança acumula uma queda de 14,2 pontos no índice geral.
Esse índice abaixo dos 50 pontos desperta insegurança e também um receio de empresas do setor. Com esse receio, empresários se mantém ainda mais cautelosos em fazer novas contratações, ampliações das estruturas das empresas e investimentos futuros.
O economista Álvaro Dezidério comenta que o governo é a instituição que mais toma crédito no país. Para cumprir com demandas e necessidades, o governo faz empréstimos e, por consequência, acaba determinando a taxa de juros praticadas no Brasil.
Dezidério reforça que, para a economia, o importante é como serão conduzidos os gastos públicos. “Quando ele (governo) não deixa claro a trajetória dos gastos públicos, e se precisar tomar mais dinheiro emprestado, a taxa de juros tende a se elevar e cessar alguns planos de investimentos”, salienta.
Um ponto citado por Dezidério retrata os incentivos fiscais oferecidos à grandes empresas pelo governo. Álvaro aponta que com a isenção tributária, a curto prazo, o governo deixa de arrecadar impostos, mas a longo prazo, pode surtir um efeito muito positivo na economia.
Esses benefícios serão percebidos com o aumento do índice de empregos na região, elevando o poder de compra da população, por exemplo. O detalhe é que para esses incentivos surtirem um efeito real, o governo precisa fiscalizar e cobrar das empresas beneficiadas.
Essa expressão comumente utilizada no Brasil foi criada nas assembleias realizadas na França durante o século 18. Nessa época, a burguesia procurava, com o apoio da população, reduzir o poder da nobreza e do clero (igreja católica).
Durante essas assembleias, os ricos não gostavam da presença de pessoas de menor poder aquisitivo e se colocavam sentadas ao lado direito durante as reuniões. Os trabalhadores e menos abastados, se posicionavam à esquerda, dando então a origem da expressão.
A direita passou a ser vista como conservadora, em harmonia com a classe rica e buscavam manter o poder da elite e o bem-estar individual. A esquerda, se caracteriza pela luta dos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres.
O cientista político Tiago Borges aponta que não existe uma ideologia política que beneficie ou prejudique a economia no Brasil. “Tivemos bons resultados na economia com governos de esquerda e alguns resultados não satisfatórios com governos de direita, isso é bem relativo”, comenta.
Para o economista Álvaro Dezídério, dentro do conceito esquerda ou direita, não existe um governo melhor ou pior para a economia. Contudo, é de extrema importância, o governo “caminhar lado a lado” com o mercado e aliar políticas sociais e econômicas pensando no bem-estar da nação na totalidade.
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