Popularidade digital: Lula dispara, e Bolsonaro despenca um mês após eleição – UOL
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No mês seguinte à vitória, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve seu melhor desempenho em redes sociais neste ano, abrindo dianteira sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), que despencou nos meios virtuais desde a derrota, segundo o Índice de Popularidade Digital (IPD).
O indicador, que vai de 0 a 100, é calculado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest e publicado pela Folha desde junho. Lula atingiu 84,8 e Bolsonaro marcou 51,6 na medição mais recente, de segunda-feira (28). As curvas recentes são favoráveis para o futuro mandatário.
O petista marcou 89,1 no dia da eleição, 30 de outubro, e atingiu a melhor pontuação nos dias em que participou da COP27. O pico (96,1) ocorreu em 16 de novembro, data em que ele falou na Conferência do Clima da ONU, com um discurso que repercutiu positivamente na comunidade internacional.
Outra movimentação que, segundo a Quaest, gerou burburinho positivo foi o anúncio do vice Geraldo Alckmin (PSB) como coordenador da equipe de transição do governo, no dia 1º de novembro.
Já Bolsonaro, que no dia do segundo turno possuía 72,8 pontos, amargou nos últimos dias sua pior sequência, com IPD na casa dos 40 pontos. Seu melhor resultado recente tinha sido durante a campanha, com a marca de 88,1 registrada em 7 de outubro. Nesse mesmo dia, Lula obteve 83,7.
Desde que se tornou o primeiro presidente do país que tentou a reeleição e fracassou, o atual mandatário se recolheu e diminuiu drasticamente o ritmo de postagens em redes sociais. Sem seus pronunciamentos e tradicionais lives, a repercussão de seus atos se esfarelou.
No último sábado (26), Bolsonaro participou do seu primeiro evento público depois da derrocada, uma cerimônia militar no Rio de Janeiro, mas permaneceu em silêncio. Ele compareceu ao Palácio do Planalto apenas quatro vezes de um mês para cá.
A disputa entre os dois adversários na internet foi acirrada durante toda a campanha. Lula e Bolsonaro se alternaram na primeira posição durante todo o período de embate, mas desde o dia da votação do segundo turno o presidente eleito assumiu a liderança, sem ver o rival se aproximar.
Apesar da desmobilização digital, uma parte da militância bolsonarista radical passou a promover manifestações antidemocráticas, com fechamento de rodovias e concentração em frente a quartéis do Exército. Os grupos contestam o resultado da eleição e pedem saídas golpistas.
O IPD é calculado por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis das plataformas Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google.
São monitoradas cinco dimensões: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).
O peso que cada dimensão tem na conta é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais de eleições anteriores, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa.
Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor de métodos quantitativos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o início da transição para o governo Lula e o sumiço de Bolsonaro foram decisivos para a variação dos índices no último mês.
Nunes, que também é cientista político, diz que o incremento no IPD do presidente eleito está relacionado à “grande expectativa gerada com a futura equipe econômica“, incluindo nomes afinados com o pensamento liberal.
Já a derrocada de Bolsonaro na internet, de acordo com o diretor da Quaest, é explicada principalmente pelo gesto de não aceitar a derrota e se fechar no palácio.
“O bolsonarismo digital se desmobilizou com a ausência de posicionamento claro de seu líder”, afirma Nunes, observando que a mobilização e o engajamento, dois quesitos que compõem o IPD, caíram significativamente em torno do ainda presidente.
No universo atrelado a Lula, o movimento foi contrário —e não só pela óbvia razão de ter sido o lado vencedor.
“Ele conseguiu engajar seu público com as notícias sobre a transição, gerando expectativa sobre como será o novo governo”, diz o pesquisador. “Cada nome anunciado ajudava a aumentar a mobilização digital, empolgada com a volta do petista ao poder e com a formação de uma frente ampla no governo.”
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