Por que a Bahia foi o estado em que o rebanho bovino mais cresceu em 2021 – Revista Globo Rural

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Por Roger Marzochi
17/10/2022 18h15 Atualizado 17/10/2022
O rebanho bovino da Bahia cresceu 20,58% em 2021, a maior alta entre os Estados brasileiro, e chegou a 11,78 milhões de cabeças. É o que revela levantamento realizado pela Scot Consultoria a partir da análise dos dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em setembro. O Brasil tem um rebanho total de 224,6 milhões de cabeças, uma alta de 3,1% em relação a 2020. O rebanho do Mato Grosso, que continua como o maior do Brasil com 32,42 milhões de cabeças, cresceu 0,27%.
Julia Zenatti, analista de mercado da Scot Consultoria, explica que a valorização do bezerro contribuiu para esse crescimento no Estado. Esse movimento, que vem sendo registrado desde 2019 fez com que o pecuarista mantivesse as fêmeas dando crias.
Na sexta-feira (14/10), um bezerro nelore de 12 meses, com peso de 240 quilos, valia R$ 2,79 mil na Bahia. A cotação do garrote de 18 meses, pesando 300 quilos, era de R$ 3,06 mil a cabeça. E os valores do boi gordo variaram de R$ 261 a R$ 274 por arroba a depender da região do Estado.
“Esse crescimento especificamente na Bahia respeitou o mesmo comportamento do País. Mas não se sabe se essa tendência vai continuar. Há especulações de que, principalmente nas regiões Sul e Oeste da Bahia, onde há bastante criação pecuária, a indústria de sebo bovino cresceu muito na pandemia, talvez possa ser um motivo de especulação”, diz Zenatti.
Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), lembra também que o Estado saiu de uma seca prolongada entre 2014 e 2017. Com a volta na regularidade das chuvas, foi possível melhorar a pecuária do Estado. “Dependemos muito da chuva no semiárido, o que melhorou o rebanho”, explica Miranda, que também avalia que houve muito investimento na profissionalização do produtor.

Novos frigoríficos

Miranda acredita que esse movimento de alta deve continuar atraindo novos frigoríficos para o Estado, que está fazendo um movimento de incentivo para que as unidades já existentes poderem conseguir habilitações para exportar. Dos dez frigoríficos do Estado com aprovação do Sistema de Inspeção Federal (SIF), apenas um exporta para a China e países do Mercosul.
A Bahia é um Estado que tem poucos frigoríficos aptos a exportação. Em virtude de demanda de proteína que o mundo tem, o mercado da Bahia tem rebanho de excelente qualidade, e vislumbramos uma participação mais efetiva de ocupar o mercado de carne no exterior que dá um retorno melhor ao pecuarista”, diz o presidente da Faeb, que explica que o gado do Estado é predominantemente nelore.
Antonio Balbino de Carvalho Neto, pecuarista que mantém 5 mil cabeças de gado nelore e seus cruzamentos em cidades como Barreiras e Angical, no Oeste da Bahia, avalia que esse crescimento do rebanho no Estado vai muito além da valorização do bezerro e da melhoria do clima. Para ele, essa alta é um reflexo da evolução da agricultura no Estado, que permitiu usar seus produtos para alimentar o gado de forma mais próxima, muitas vezes em projetos de integração lavoura-pecuária.
“A gente foi integrando fatores de conhecimento técnico, juntamente com o crescimento da agricultura no Oeste, onde a puxada do crescimento agrícola gera na Bahia condição favorável. Diferentemente do que acontece em outros Estados, quando a agricultura ocupa áreas de pastagem degradada e retira a pecuária dali, aqui houve um crescimento conjunto”, diz ele, citando especialmente regiões produtores da área conhecida como Matopiba, divisas entre os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
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