Por sobrevida, PSDB quer virada sobre nomes de Lula e Bolsonaro em PE e RS – UOL Confere

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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e com especialização em gestão de conteúdo em jornalismo pela Universidade Mackenzie, Carlos Madeiro atua há 20 anos e escreve para o UOL desde 2009, participando de grandes coberturas e fazendo reportagens e análises sobre o Nordeste e o Norte do Brasil.
Colunista do UOL e colaboração para o UOL
28/10/2022 04h00Atualizada em 28/10/2022 13h53
Rachado em torno da disputa presidencial e sem nenhum governador eleito no primeiro turno, o PSDB aposta agora todas as suas fichas em quatro estados em que segue vivo na eleição estadual para tentar amenizar o péssimo resultado das urnas em 2022.
Vencer em dois deles é visto como uma tábua de salvação para o PSDB superar a perda do governo de São Paulo, onde comandava havia 28 anos. Na Câmara Federal, o partido encolheu e elegeu só 13 parlamentares, o menor número de sua história (ele tem 24 deputados federais hoje).

O PSDB está com quatro candidatos em disputa no segundo turno:
Os quatro ficaram em segundo lugar no primeiro turno, mas dois deles tomaram a dianteira segundo as pesquisas de intenção de voto, justamente nos mais populosos e importantes em disputa: Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Nos dois estados, o PSDB enfrenta adversários opostos em âmbito nacional: em Pernambuco, Raquel se opõe a Marília Arraes (Solidariedade), com apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na eleição gaúcha, Leite encara Onyx Lorenzoni (PL), candidato de Jair Bolsonaro (PL).
Em ambos os locais, os tucanos optaram por não declarar voto para presidente, mesmo tendo dito que vão escolher um candidato no próximo domingo.
Em Pernambuco, Raquel está na liderança, com oito pontos de vantagem, segundo a pesquisa Ipec da última terça-feira, e é a maior esperança do partido em conseguir retornar a um governo no Nordeste —algo que ocorreu pela última vez com Teotonio Vilela Filho, em 2010, em Alagoas.
A candidata conta com apoio de tucanos históricos, inclusive na parte financeira, com doações feitas pelo senador Tasso Jereissati (CE) e pelo economista Armínio Fraga.
A estratégia de Raquel tem sido se manter distante da disputa nacional, o que se mostra acertado até aqui e a fez receber apoio dos dois lados. O último aliado veio de um histórico militante da esquerda, o deputado federal reeleito Túlio Gadelha (Rede). Também há muitos nomes bolsonaristas em sua campanha.
Em sabatina UOL/Folha na segunda-feira passada, Raquel Lyra citou que ela, Pedro Cunha Lima e Eduardo Leite são “três pessoas da nova geração da política” e que, em nome do partido, se colocam à disposição “para construir um momento novo nos nossos estados e no Brasil”.
“A questão partidária será discutida após a eleição, especialmente com esses atores para reposicionar o PSDB a expressar os valores maiores e a social-democracia”, disse.
Sobre o mau resultado nas urnas em 2018 e 2022, Raquel afirma que isso se deve muito à polarização nacional, “que deixou o PSDB e outros partidos meio perdidos”. “Existe um racha interna no partido —e é natural que exista, é da democracia. Mas, passado o período eleitoral, a gente precisa fazer uma profunda reflexão para dentro e para fora e reanalisar o momento.”
Procurado pelo UOL, o presidente nacional do partido, Bruno Araújo —que é de Pernambuco—, não respondeu ao pedido de entrevista.

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite era considerado favorito no primeiro turno, mas o cenário aparentemente favorável não se manteve na contagem de votos e Onyx assumiu a liderança, com o tucano terminando na segunda posição.
Agora, para o segundo turno, a campanha está convicta da vitória. A sigla já recebeu apoio crítico do PT gaúcho (que havia lançado Edegar Pretto) e de outros candidatos derrotados no primeiro turno.
Outro apoio importante foi da ONG Somos, voltada à promoção de direitos humanos para homossexuais. Em 2021, quando era governador do estado, Leite declarou ser homossexual em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo.
Porém, mesmo precisando do voto petista para vencer, o tucano optou por não declarar apoio a nenhum candidato à Presidência durante a sabatina UOL/Folha em 18 de outubro. Em 2018, Leite havia apoiado e votado em Bolsonaro no segundo turno das eleições.
Para Leite, “entrar no debate eleitoral nacional só atrapalharia o debate local”. “Não é uma questão de tirar votos ou dar votos, é uma questão de nós podermos nos debruçar sobre o tema e debate que deve interessar e votar uma eleição local”, disse.

O coordenador de campanha de Leite, Caio Tomazelli, entende que o Onyx é “dependente” da campanha nacional e o classifica como “ameaça” para o que já foi feito no estado.
“Ele fica sempre querendo fazer algum tipo de alinhamento, como se a eleição do presidente fosse resolver os nossos problemas e nós estamos vendo que não. Quem vai governar o estado é o governador. Em vez de apresentar propostas, ele ameaça inclusive desfazer tudo o que a gente levou oito anos [para fazer] desde o governo [José Ivo] Sartori, de ajustes na nossa pauta fiscal, de reformas e reestruturações, de concessões, de privatizações.”
Para o cientista político Arthur Leandro, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), o PSDB sairá menor mesmo que vença nos quatro estados em que ainda disputa o segundo turno.
“O encolhimento é um dado, ele já ocorreu: o partido perdeu relevância no Congresso e perdeu o governo de São Paulo. Ele vem se reduzindo ao longo dos anos em uma crise que foi aguçada a partir da eleição de 2014.”
Ele cita que eventuais vitórias em Pernambuco e Rio Grande do Sul farão Leite e Raquel serem protagonistas nesse processo de renovação do partido e podem dar um fôlego à sigla.
“Se forem eleitos, eles serão os nomes que o PSDB terá para mostrar sucesso e resiliência, apesar dos revezes em nível nacional. Não é questão de evitar que ele encolha, mas de mostrar que pode voltar a ser um partido viável”, afirma.
Nesse caso, diz Leandro, o PSDB deve fazer dos estados algo similar ao que o Novo faz com Romeu Zema, em Minas Gerais, e o PSOL em Belém, com o prefeito Edmilson Rodrigues.
Esses estados vitoriosos serão espaço de resistência e vão ser utilizados dessa forma, o que já representa uma redução de capacidade, porque o partido deixa ter uma agenda própria, que funciona como diretriz para seus quadros.”
Arthur Leandro, cientista politico
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