Professor de Medicina da USP que espalhou fake news sobre saúde de Lula já foi denunciado por corrupção – Revista Fórum

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O professor de Medicina da USP e ex-diretor do InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), José Antonio Franchini Ramires, que espalhou mentiras sobre a saúde do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já foi denunciado por corrupção.
Ramires foi afastado do cargo de diretor do InCor, em 2005, pelo conselho deliberativo do Hospital das Clínicas, acusado de má gestão. Na época, o Ministério Público Estadual chegou a abrir diferentes inquéritos para investigá-lo.
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Um dos inquéritos tratou da contratação de consultoria de uma empresa acusada de superfaturamento para liberar equipamentos importados. Outro inquérito apurou que o Incor foi indicado sem licitação para implantar o Programa Saúde da Família em Caraguatatuba (SP) e Ponta Grossa e repassou os valores à VAE (Valorização Empresarial). Três anos depois, em 2008, no entanto, Ramires foi reintegrado ao instituto.
Além disso, Ramires liderou a equipe médica que assistiu Olavo de Carvalho em 2021 e, por conta das irregularidades, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) abriu inquérito civil para apurar as circunstâncias do atendimento, que tem lances não esclarecidos desde o pouso do voo da American Airlines 951, em Cumbica, como noticiou o DCM.
Alegando “mal súbito” (que passageiros desmentiram), Olavo de Carvalho, que à época morava nos EUA, teria conseguido com ajuda de Ramires, acesso privilegiado a um dos melhores hospitais do país.
Ramires também foi contra o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2007, ao Jornal da USP, ele defendeu que o SUS não era ideal para uma nação das dimensões do Brasil. Entre os problemas, alegava, está o fato de que as unidades não conversam entre si. “A consulta simples numa unidade local demora tanto que é mais fácil ir ao Pronto-Socorro, porque pelo menos a pessoa será atendida, ainda que não de forma adequada”, dizia, então.
Ramires se tornou alvo de uma denúncia protocolada junto ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) nesta terça-feira (8) por disseminar notícias falsas sobre o presidente eleito Lula (PT). 
A ação, assinada por advogados do Grupo Prerrogativas, pede que o órgão investigue a conduta de Ramires após reportagem da Fórum revelar que o médico foi um dos que espalhou a fake news de que Lula estaria internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com recidiva de câncer.
O médico, que foi um dos cotados para substituir Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde, em 2021, afirma que teria recebido as informações de “fonte fidedigna” de dentro do hospital que Lula estaria com um “linfonodo jugulocarotideo, com certeza recidiva loco-regional. Não quiz operar, não aceitou traqueostomia, agora… Carcinoma de base de língua agressivo estágio IV (Sic)”.
Os advogados afirmam na representação encaminhada ao Cremesp que “a situação é absurda e os fatos reclamam a devida e rigorosa apuração”, apontando que Ramires, com a disseminação da fake news, podem caracterizar “infrações éticas”, passíveis de punição. 
“O Código de Ética Médica estabelece, dentre seus princípios fundamentais, que o médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade, bem como que o trabalho do médico não pode ser explorado com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa”, escrevem. 
A mentira sobre internação de Lula passou a circular nas redes sociais durante os poucos dias que o presidente eleito tirou para descansar no Sul da Bahia, na última semana. O petista retornou a São Paulo no último domingo (6) e vem cumprindo agenda intensa de reuniões e articulações com sua equipe de transição. 
À Fórum, Marco Aurélio Carvalho, um dos advogados que assinam a ação, classificou a conduta do médico como “extremamente grave”. “O médico tem uma função muito importante em qualquer sociedade, ele faz quando se forma o chamado Juramento de Hipócrates, tem que prestigiar a vida, proteger a vida em toda e qualquer circunstância. Então, atentar contra a verdade comprometendo o ambiente saudável em que devem viver as pessoas numa democracia, propagando fake news, é de extrema gravidade”, diz.
“E que ganha um contorno ainda mais delicado por se tratar de uma pessoa que abraçou uma profissão tão nobre como essa. Então, essa conduta tem que ser averiguada pra ser devidamente penalizada se for o caso”, prossegue Carvalho. 
Até o momento o médico José Antonio Franchini Ramires não se pronunciou sobre a denúncia. O espaço está aberto para eventual manifestação. 
 

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