Projeto distribui comida a idosos solitários da Bela Vista, em São Paulo – UOL

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Telma da Silva, 62, sai todos os dias da rua Humaitá, onde mora, e desce dez quadras até o número 53 da rua Rocha. Neste endereço, na mesma Bela Vista, centro de São Paulo, às 11h ela pega cinco marmitas.
Uma é para ela e as demais Telma entrega na volta para casa a outras quatro pessoas, sem a mesma mobilidade, mas que também vivem sozinhas. São residentes no bairro, com idade a partir de 60 anos, beneficiados por uma ação social para distribuição de almoço a idosos.
O Projeto Kalebe, liderado pelo pastor Daniel Checchio, 58, da igreja Comunidade Evangélica do Bexiga, nasceu em meados de 2020, como uma forma de levar refeição a idosos do bairro trancados em casa por causa da pandemia de Covid-19. “Comida traz conforto, é remédio”, afirma.
Articulador da Rede Social do Centro, associação responsável por outros trabalhos sociais em locais como a cracolândia, Checchio diz que, por isso, acabou exposto ao coronavírus e o levou para casa, onde contaminou a família inteira —uma tia de 82 anos morreu devido à Covid, e ele mesmo acabou internado.
“Precisava ajudar as tias dos outros naquele momento”, afirma o religioso sobre o nascimento do projeto, iniciado a partir da lista de idosos mais vulneráveis cadastrados na UBS (Unidade Básica de Saúde) Nossa Senhora do Brasil, um dos dois postos de saúde na Bela Vista.
Hoje, mesmo com as vacinas e a flexibilização nas regras sanitárias que puseram as pessoas de volta às ruas, em média cem embalagens de isopor com comida são entregues de segunda a sábado para idosos em casa, que, de acordo com o pastor, viviam à base de macarrão instantâneo ou refeições desbalanceadas.
“É mais fácil e barato, porque elas [pessoas mais velhas] não têm mais força para descascar um legume ou mesmo dinheiro para comprar a mistura”, diz.
Checchio afirma ter gente abandonada pela família e vítimas de maus-tratos entre os beneficiados, ou mesmo pessoas sem amigos próximos.
Por isso, Telma admite levar uma hora para chegar em casa, depois de peregrinar pelo endereço dos outros quatro idosos. “Não é só a comida, essas pessoas vivem sozinhas e precisam de alguém para conversar, de alguma ajuda”, diz ela, que até recentemente entregava seis marmitas, mas dois dos idosos que ajudava morreram.

Todos os insumos para a produção das refeições chegam por meio de doações, tanto de pessoas físicas quanto de supermercados, açougues, restaurantes e até mesmo do vizinho Hospital Sírio-Libanês, que no início foi o principal doador do projeto —não são aceitas contribuições em dinheiro.
Nas marmitas entregues no último dia 9 de dezembro, quando a reportagem esteve no local, havia arroz, feijão, polenta com molho e carne moída, além de doce de banana e um saco com pães, fruto de um outro projeto social, o Padoca da Fé, que redistribui doações de uma padaria.
A polenta é doada pronta todas as quintas-feiras por Solang Taverna, 65, dona da Conchetta, um dos restaurantes do corredor de cantinas do Bexiga, na Bela Vista.
“Sei que os idosos gostam de polenta, porque é molinha, fácil de mastigar, mas leva horas para fazer e gasta muito gás“, afirma a empresária, sobre o fato de doar a enorme travessa pronta como forma de ajudar o projeto (e as cozinheiras).
Lojas da zona cerealista, na região do centro histórico de São Paulo, são responsáveis por abastecer prateleiras do quarto transformado em depósito com centenas de quilos de arroz, entre outros. Mas há período de baixa nas doações. “O país não vive um momento econômico fácil”, diz o idealizador do projeto.
Mesmo assim, o cardápio é variado e quase sempre tem carne. As marmitas chegam à casa dos idosos com pratos tradicionais de todo dia, mas também há nhoque, porpeta e yakisoba. “Esse fizemos pela primeira vez quando recebemos doação de brócolis”, diz o pastor.
Ocasionalmente são entregues cestas básicas como reforço para o jantar dos beneficiados.
Entre os doadores há anônimos. Um idoso, que perambula pelas ruas ali perto, faz bicos na feira livre de terça-feira na rua Santo Antonio, a uma quadra da sede do projeto. Lá pede aos feirantes os temperos verdes que dão gosto ao molho de tomate da polenta, por exemplo.
A equipe do projeto buscou doações para o almoço de Natal, planejado para ter pernil, lentilha e panetone de brinde.
Atualmente, cerca de dez voluntários trabalham diariamente no sobrado alugado na rua Rocha. Desde cedo começam a mexer nas geladeiras, fogões e panelões doados para que às 11h comece a distribuição em uma espécie de rede colaborativa. Idosos com boa locomoção levam as marmitas aos com mais dificuldades ou acamados.
Entre os voluntários estão pessoas que encontraram motivação no Kalebe.
Maria José Santos, a Zezé, 66, está no projeto há cerca de dois anos. Ajuda a montar as marmitas e a cuidar e limpar a cozinha. Assim, diz ter encontrado uma saída para a depressão. “Foi ajudando aos outros que me curei.”
Juliana Vincoletto Lima, 42, é uma espécie de gerente. Leva, sempre que pode, as filhas Elizabeth (15) e Débora (4). A mulher substitui o marido, Genes, um dos líderes do projeto, morto vítima de câncer há cerca de três meses. Quando a Folha visitou o projeto no último dia 9, ela organizava a distribuição das panelas em uma mesa, onde as marmitas eram abastecidas.
Na recepção, a filha mais velha recebia os idosos e a mais nova apontava a quem chegava para uma lousa com o recado de que no dia seguinte as refeições seriam distribuídas mais cedo por causa do jogo do Brasil na Copa do Mundo.
A primeira da fila era Ana de Jesus dos Santos, 70, moradora de um apartamento da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) na rua São Vicente. Ela vive com o benefício social da Previdência. “Antes, nem sempre tinha mistura em casa. Agora é tudo gostoso.”
Alimentos não perecíveis ou frescos
Onde: rua Rocha, 53, Bela Vista, São Paulo
Contato por redes sociais (o projeto não tem telefone)
Facebook: https://www.facebook.com/daniel.checchio.3
Instagram: https://www.instagram.com/daniel_checchio/
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