PT está com a cama feita para ressurgir como força política no Espírito Santo – ES360

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Somada aos bons resultados alcançados nas disputas legislativas, vitória dupla de Lula e Casagrande (tendo o PT como sócio) abre perspectivas positivas para o partido se reerguer no ES nas eleições municipais de 2024. Mas a 1ª escala pode ser o comando da Assembleia
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Militância petista durante comício de Marina Silva na Praça dos Desejos, em Vitória (27/10/2022). Crédito: PT-ES
No dia 19 de julho, vaticinei aqui que, mesmo sem lançar candidato a governador ou a senador no Espírito Santo, o Partido dos Trabalhadores (PT) poderia ressurgir como força política no Estado após as eleições deste ano, desde que duas condições essenciais fossem cumpridas. O primeiro grande SE era o ex-presidente Lula vencer a corrida rumo ao Palácio do Planalto. O segundo e mais importante SE era o governador Renato Casagrande (PSB), apoiado pelo PT, conseguir se reeleger.
Double check: as duas condições se cumpriram. A partir de janeiro, o PT estará de volta ao poder central, com Lula. E, no âmbito estadual, com ajuda imprescindível do partido, Casagrande também conseguiu derrotar a direita bolsonarista, representada por Carlos Manato (PL) na eleição para governador. Na próxima administração de Casagrande, após a reconciliação política, o PT voltará a fazer parte do governo do Espírito Santo – possivelmente, ocupando cargos de visibilidade política.
Com o duplo triunfo, o caminho está reaberto para o restauro do “brilho de uma estrela” que, nos últimos anos, andava totalmente apagada no Espírito Santo. De 2016 para cá, tendo por marco zero o impeachment de Dilma, o PT capixaba bateu no fundo do poço: eleição após eleição, foi perdendo um mandato atrás do outro e vendo seu tamanho encolher, a ponto de só ter feito um prefeito no pleito municipal de 2016 e simplesmente nenhum em 2020. 
Nenhum dado fala mais por si que este: desde 2020, nem um sequer dos 78 municípios capixabas é governado pelo PT. Isso sem contar a derrota de Dilma para Aécio no Estado em 2014, a de Haddad para Bolsonaro em 2018 e agora, novamente, a de Lula para o atual presidente, em território capixaba.
Por outro lado, além da dupla vitória com Lula e Casagrande, os petistas colheram neste pleito algumas boas notícias que fortalecem as perspectivas favoráveis ao reerguimento do partido nos próximos anos.
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Na Câmara dos Deputados, o resultado do PT foi excelente: das 10 cadeiras em disputa na bancada capixaba, a Federação Brasil da Esperança (formada por PT, PV e PCdoB) conseguiu preencher duas. Foi, no Espírito Santo, um dos quatro únicos partidos ou federações a eleger dois federais, ao lado do Republicanos, do PP e do Podemos. 
E as duas vitórias foram muito simbólicas. 
Deputado desde 2014, Helder Salomão conseguiu reeleger-se para o 3º mandato seguido de maneira consagradora: com a preferência de mais de 120 mil eleitores, foi o candidato mais votado para o cargo no Espírito Santo. 
Já a segunda deputada eleita, Jack Rocha, é nada menos que a presidente estadual do PT, uma mulher jovem e negra que exercerá seu primeiro mandato eletivo e que ascende como potencial nova líder política, apontando para a renovação do partido.
Ainda no Congresso, o PT seguirá tendo um dos três integrantes da bancada capixaba no Senado, Fabiano Contarato.
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Já na Assembleia Legislativa, o resultado da Brasil da Esperança pode até não ter sido excelente, mas também ali o saldo é positivo e reforça as perspectivas mais otimistas para o PT. Assim como na Câmara, a bancada da federação passará de um para dois deputados no Legislativo estadual. E será composta por duas figuras muito simbólicas do partido.
Uma delas é a deputada Iriny Lopes, que, apesar do mandato pouco fulgurante, obteve excelente votação e conseguiu reeleger-se como a 6ª candidata mais votada, em mais uma forte evidência da mobilização de eleitores petistas nesta eleição. 
Mas quem volta mesmo por cima à cena política é João Coser. Após uma década inteira sem mandato, ao longo da qual amargou três reveses seguidos nas urnas, o ex-prefeito de Vitória retornará à Assembleia como o 3º candidato mais votado para o cargo, atrás de Sérgio Meneguelli (Republicanos) e do Capitão Assumção (PL). 
Como se comenta intensamente no paço do Palácio Anchieta, esse retorno político do petista pode ser ainda mais triunfal, já que ele é cotado desde antes da campanha para tornar-se o próximo presidente da Assembleia, em fevereiro de 2023, com o apoio de Casagrande. 
Há quem diga, inclusive, que esse teria sido um dos itens da fatura apresentada a Casagrande pelo PT entre abril e julho, nas negociações que culminaram com a decisão do partido de retirar a pré-candidatura de Contarato ao governo para apoiar Casagrande, bem como suas pré-candidaturas ao Senado para apoiar Rose de Freitas (MDB).
Isso e, naturalmente, participação destacada no próximo governo – o qual, como o próprio governador não cessa de repetir, será um “outro governo”. 
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Pode-se inferir desde já que o PT ocupará no mínimo uma secretaria de Estado – e isso talvez ainda seja pouco, se colocado tudo na mesa: o “sacrifício” do PT em retirar um candidato competitivo em benefício do aliado socialista, a importância da Federação Brasil da Esperança na coligação de Casagrande e, acima de tudo, a força política nacional que o PT volta a concentrar a partir da eleição de Lula para seu terceiro mandato na Presidência. 
A título de comparação, após se eleger para o primeiro governo em 2010, Casagrande destinou duas secretarias de Estado para o PT (Turismo e Assistência Social), além de ter um vice-governador do partido (Givaldo Vieira). Isso coincidindo com a primeira eleição de Dilma, o fim do segundo governo Lula e o auge da popularidade do maior líder petista.
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Tudo isso somado e ponderado, não é preciso ser profeta para saber que o PT virá com muita força em 2024, também no Espírito Santo, na próxima eleição municipal, a fim de buscar recuperar pelo menos uma parte do espaço perdido desde 2016. 
Não custa lembrar que, no auge de seu capital político, de 2009 a 2012, o partido de Lula chegou a governar simultaneamente quatro dos maiores municípios capixabas, sendo dois na Grande Vitória (Cariacica e Vitória) e dois no interior (Cachoeiro e Colatina).
Na Capital, após ter perdido (sem mandato) o 2º turno da eleição de 2020 para Lorenzo Pazolini (Republicanos), Coser é considerado um concorrente certo em busca de revanche, dessa vez investido de mandato e com livre acesso a uma tribuna que pode lhe servir de palanque nos próximos dois anos – ou até, como dito anteriormente, com a presidência da Mesa Diretora.
Na Serra, cogitam-se os nomes de Jack Rocha ou do ex-deputado Roberto Carlos.
Em Vila Velha, especula-se o lançamento de Rafael Primo.
Em Cariacica, são cotados Célia Tavares e o sempre lembrado Helder.
Em Cachoeiro, o ex-prefeito Carlos Casteglione está animado para voltar a concorrer.
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São conjecturas, é claro, que podem até se confirmar, mas é preciso ponderar que dificilmente o PT lançará candidatos próprios em todas essas cidades de uma vez, por maior que seja a sede de “redenção” das bases e dos dirigentes da legenda e por maior que seja a força com que o PT possa chegar em 2024 (especialmente em caso de êxito do governo Lula). 
Como partícipe da ampla coalizão liderada por Casagrande, o PT precisará administrar interesses de outros sócios do mesmo projeto estadual. Vale lembrar que, só na Grande Vitória, quatro aliados importantíssimos do atual governador e também fundamentais para seu triunfo sobre Manato poderão pleitear a reeleição: os de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos); da Serra, Sérgio Vidigal (PDT); de Viana, Wanderson Bueno (Podemos); e de Cariacica, Euclério Sampaio (União Brasil). Têm a preferência na fila. 
Além disso, ao mesmo tempo em que deram resultados auspiciosos ao PT no Espírito Santo, as urnas também comprovaram em definitivo a força da direita bolsonarista no Espírito Santo e a popularidade do ainda presidente entre os capixabas. Com 52% dos votos válidos no 1º turno e 58% no 2º, Bolsonaro impôs a Lula uma derrota em dois tempos por aqui. 
Na mesma esteira, candidatos do PL e/ou fortemente identificados com Bolsonaro também alcançaram votação expressiva no Estado. Expoentes da ala mais ideológica do bolsonarismo, como Gilvan e Capitão Assumção, poderão vir com a mesma sede eleitoral, mas contra os candidatos petistas, no pleito municipal de 2024.
De todo modo, 2022 pode ser o ano da inflexão para o PT-ES e o marco inaugural do processo de “revitalização” do partido também em solo capixaba. Com os resultados das urnas, o PT-ES, ironicamente, está com a cama feita… para voltar a despertar.  
Com o balde de pipoca nas mãos, estaremos assistindo a dois filmes no Senado a partir de 2023: como Contarato, sempre opositor de Bolsonaro, se comportará como membro da base de Lula, e os possíveis embates em plenário entre ele e Magno Malta (PL), que voltará ao Senado (a princípio) como opositor do governo petista.
Todos os petistas citados nesta coluna se engajaram muito, pessoalmente, na campanha pela reeleição de Casagrande.
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