Qual legado Bolsonaro deixa para o mercado automotivo e aos motoristas brasileiros? – Autoesporte

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Por Cauê Lira
05/11/2022 09h28 Atualizado 05/11/2022
Jair Bolsonaro (PL) perdeu a disputa presidencial para Luís Inácio Lula da Silva (PT) em uma das eleições mais apertadas da história da democracia brasileira: 50,9% contra 49,1%, segundo o TSE. O resultado colocará fim ao mandato de quatro anos do atual presidente, que foi marcado por várias mudanças nas vidas dos motoristas e das fabricantes de automóveis que atuam no Brasil.
Agora Autoesporte faz o balanço dos últimos quatro anos da gestão Bolsonaro, enumerando os acontecimentos mais relevantes para os motoristas brasileiros neste período. Algumas medidas ficarão marcadas na história. Acompanhe abaixo:

Nova validade da CNH

Nova CNH tem prazo de 10 anos para motoristas entre 18 e 50 anos — Foto: Ilustração/Autoesporte
Até o início do governo de Bolsonaro, a nova Carteira Nacional de Habilitação (CNH) precisava ser renovada a cada cinco anos. Com a aprovação da Lei nº 14.071, a validade passou a ser de 10 anos para documentos expedidos a partir do dia 12 abril de 2021.
Com a nova lei, o prazo para a renovação é de 10 anos para motoristas entre 18 e 50 anos; 5 anos para motoristas entre 50 e 70 anos e 3 anos para motoristas com idade igual ou superior a 70 anos.
Os prazos podem ser alterados se o motorista apresentar indícios de deficiência física ou mental, ou de progressividade de doença que possa diminuir a capacidade para dirigir.

Novo limite de pontos na CNH

Veja as regras de pontuação da CNH — Foto: Autoesporte
Com o novo prazo da CNH estabelecido em 2021, também entrou em vigor o limite de 40 pontos para suspender a habilitação. Antes do governo Bolsonaro, o limite era de 20 pontos.
Com a expansão, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) foi atualizado e o limite de 40 pontos tem algumas condições. Ao cometer uma infração gravíssima (7 pontos), o limite de pontos para suspender a CNH cairá para 30. Cometendo outra infração gravíssima no período de um ano, o motorista terá 20 pontos disponíveis.
Sendo assim, ao cometer a terceira infração gravíssima, o motorista vai totalizar 21 pontos. A CNH será suspensa e o cidadão terá que passar pela reciclagem.
Motoristas de ônibus, de caminhões, taxistas, motoboys e outros profissionais que exercem atividade remunerada com a CNH estão isentos da regra que reduz o limite de pontos.

Retirada de radares das rodovias

Bolsonaro diz que removeu em torno de 6 mil radares das rodovias federais — Foto: Divulgação
Uma das propostas da campanha de Bolsonaro em 2018 era a retirada de radares das rodovias federais para combater a “indústria da multa”. Em suas lives, o presidente chegou a dizer que o número de radares caiu de 8 mil para 2 mil em 2021. A retirada da fiscalização foi coordenada pelo ex-ministro da Infraestrutura e governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A arrecadação com multas nas rodovias federais também caiu. Em 2018, o governo federal arrecadou R$ 936 milhões com motoristas que excedem o limite de velocidade nas estradas. Em 2020, o valor foi reduzido para R$ 340 milhões. Vale lembrar que a pandemia da Covid-19 reduziu a mobilidade das pessoas, que passaram a circular menos.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou que o número de acidentes nas rodovias federais aumentou 1,6% em 2021, na comparação com o ano anterior. As mortes também registraram alta de 2%. O órgão ainda diz que o custo anual do governo com acidentes.

Fechamento da fábrica de carros da Mercedes

Em dezembro de 2020, a Mercedes-Benz anunciou o encerramento da produção de automóveis em Iracemápolis (SP). A marca continua produzindo caminhões na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
A Mercedes-Benz alegou que a queda nas vendas do mercado brasileiro e a pandemia da Covid-19 foram os principais motivos para o encerramento das operações. Os veículos da marca eram feitos no arranjo CKD, em que todas as partes do carro são importadas da Europa e apenas a montagem é realizada no Brasil.
Fábrica de Iracemápolis foi adquirida pela Great Wall Motors em 2021 — Foto: Divulgação
A marca chinesa Great Wall Motors comprou o complexo de Iracemápolis (SP), onde vai produzir picapes e SUVs híbridos nos próximos anos.

O fim da produção nacional da Ford

Em janeiro de 2021, a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), encerrando sua produção nacional. A iniciativa faz parte do processo de reestruturação global da marca, que passa por uma crise severa em todo o mundo. Além do Brasil, a Ford também fechou fábricas na França, Eslováquia, País de Gales e mais recentemente na índia.
Bolsonaro lamentou os 5 mil empregos perdidos com o fechamento das fábricas, mas disse que a Ford não falou a “verdade” sobre o encerramento das operações.
Mais de 5 mil pessoas perderam o emprego com o fechamento das fábricas da Ford — Foto: Divulgação
“O que a Ford quer? Faltou dizer a verdade: querem subsídios. Vocês querem que eu continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizeram nos últimos anos? Dinheiro de vocês, de impostos de vocês, para fabricar carro aqui?”, disse o presidente a apoiadores, no Palácio da Alvorada.
Nesta semana, a marca chinesa BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para instalar três fábricas na região. Conforme apurado por Autoesporte, a antiga fábrica da Ford em Camaçari pode ser adquirida como parte de um negócio de R$ 3 bilhões.

Retomada da produção da Audi

Fábrica da Audi em São José dos Pinhais (PR) — Foto: Divulgação
Em junho de 2022, a Audi anunciou um investimento de R$ 100 milhões e a retomada de sua produção nacional na fábrica de São José dos Pinhais (SP). A marca alemã voltou a produzir os modelos Q3 e Q3 Sportback no arranjo CKD, sem qualquer peça de origem nacional em ambos os modelos.
Segundo o CEO da Audi no Brasil, Daniel Rojas, a marca não enxerga um cenário favorável, mas acredita na recuperação e no crescimento da economia brasileira após a pandemia de Covid-19.

Nenhum avanço ou estímulo a carros elétricos

Incentivo para carros elétricos era proposta de campanha de Bolsonaro para a reeleição — Foto: Divulgação
Durante seus quatro anos de mandato, Bolsonaro não tocou no assunto dos carros elétricos e híbridos ou na ampliação da infraestrutura de carregadores. O segmento avançou nos últimos quatro anos com investimentos da própria indústria ou da iniciativa privada.
Entretanto, o plano de governo para o seu segundo mandato citava que “deverão ser contempladas tecnologias que gerem combustíveis limpos, como é o caso do hidrogênio verde e veículos elétricos e híbridos”. Entre os principais candidatos à presidência, Bolsonaro foi o único a citar diretamente os carros elétricos no plano de governo, por mais que a pauta não tenha sido abordada nos últimos quatro anos.
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