Queremos uma política oficial de equidade no Itamaraty em 6 meses, diz embaixadora – UOL

0
67

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Fundada nesta segunda-feira (16), a Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras tem como uma de suas principais reivindicações o cumprimento das promessas do chanceler Mauro Vieira de trabalhar pela equidade de gênero no Ministério das Relações Exteriores.
O grupo espera que em seis meses Vieira baixe uma portaria que possibilite aumentar o número de mulheres em cargos de liderança no Itamaraty. Hoje, 23% dos diplomatas são mulheres, mas elas ocupam apenas 12,2% dos postos de chefia no exterior —muitos dos quais em consulados. Vagas estratégicas nas embaixadas e em secretarias importantes da pasta continuam redutos masculinos.
“Achamos que o ministro está na posição de passar a seguinte mensagem: ‘Olha, vocês queriam uma mulher [titular do ministério]. Eu sou homem, mas tenho o propósito de criar condições para que eu seja sucedido por uma mulher; está nas minhas mãos entregar oportunidades de postos importantes para mulheres, para que elas possam ascender'”, diz à Folha a embaixadora Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo e presidente da associação.
A expectativa de ver o presidente Lula (PT) nomear a primeira chanceler foi frustrada, mas Vieira prometeu mudanças —e nomeou a primeira secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha.
De onde veio a ideia de criar uma associação para diplomatas mulheres? Há uma ameaça à evolução da nossa carreira, e a gente tem que se unir. A ameaça é o teto de vidro, é ver nossa carreira tolhida por uma cultura institucional que não oferece espaço para mulher.
Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.
Carregando…
Vocês têm levantamentos mostrando a disparidade no número de mulheres em postos estratégicos? Um exemplo é a embaixada em Moscou [capital da Rússia], onde 92% dos diplomatas são homens, porque há essa ideia de que a cidade é uma área de política de segurança, não muito adequada para mulheres.
A área econômica também é essencialmente masculina. Na representação do Brasil na Organização Mundial do Comércio, 78% dos diplomatas são homens, e nenhuma das mulheres que servem lá tem cargo de liderança [acima de conselheiro, na hierarquia do Itamaraty].
O caso mais dramático é a estratégica embaixada em Pequim [China], que tem 92% de homens e nenhuma mulher em cargo acima de conselheira. Mas nem precisa ir longe. Na embaixada em Buenos Aires [Argentina], 82% dos diplomatas são homens, sendo que nenhuma das mulheres tem cargo acima de conselheira [a expectativa é que Lula nomeie uma embaixadora para o posto].
Mesmo considerando que há menos mulheres no Itamaraty —são 23% dos diplomatas—, ainda há disparidade em cargos de liderança. Já na representação do Brasil junto à ONU em Genebra, que cuida de direitos humanos, tema visto como “mais feminino”, há 33% de mulheres, metade das quais com cargo de liderança. Nos postos da África, onde há poucos candidatos, há muitas diplomatas mulheres.
Uma colega diz que as diplomatas ficam restritas às áreas “femininas” do Itamaraty: o Departamento de Serviço Exterior, o “RH do ministério”, que cuida das famílias; o Instituto Rio Branco, que cuida das “crianças” [com cursos preparatórios da carreira]; e os consulados, que cuidam dos necessitados.

No discurso de posse, Mauro Vieira se comprometeu a aumentar o número de mulheres e pessoas negras em posições de liderança. Isso é suficiente? Ficamos muito felizes por ele ter dito isso. Agora o próximo passo é isso se materializar, termos uma política oficial. Nossa expectativa é que já se tenha progredido bastante nesse ponto em seis meses, a tempo para as próximas promoções.
Podemos ter uma primeira institucionalização com uma portaria assinada pelo ministro, depois um decreto-lei presidencial e eventualmente uma lei aprovada no Congresso, que daria ainda mais solidez.
O que gostariam de colocar no papel? Um plano de porcentagem de cargos de liderança ocupados por mulheres? A gente precisa ter no mínimo uma proporcionalidade. Se 23% dos diplomatas são mulheres, então 23% dos cargos de liderança precisam ser ocupados por mulheres. Mas temos que ser mais audaciosos, ter mais do que 23% —senão vai levar 88 anos para mudar as coisas.
A gente precisa de uma ação afirmativa no contexto de fazer uma correção histórica. E mostrar que a mudança na representatividade não interessa apenas às mulheres, mas ao conjunto do Itamaraty. Segundo um levantamento, em maio de 2022 mulheres ocupavam apenas 12,2% dos cargos de chefia em postos diplomáticos no exterior. Só 20,5% dos ministros de primeira classe são mulheres e 19,5% dos de segunda classe —os dois cargos mais altos na hierarquia.

Achamos que o ministro Mauro Vieira está na posição de passar a seguinte mensagem: “Olha, vocês queriam uma mulher [chanceler]. Sou homem, mas tenho o propósito de criar condições para que eu seja sucedido por uma mulher; está nas minhas mãos entregar oportunidades de postos importantes para mulheres, para que elas possam ascender”.
Como funciona em outros países? A comparação não precisa ser exatamente em números. Muitas chancelarias imprimem uma orientação. Há pouco tempo, o governo britânico determinou que todos os seus postos nos países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU seriam chefiados por mulheres. Países como Suécia e Dinamarca estabeleceram metas. Na Finlândia, há cotas.
E como aumentar o número de mulheres entrando na carreira? Vamos discutir estratégias. Já há cotas para negros, por exemplo. A política que será construída precisa abordar a falta de visibilidade de mulheres na carreira. O entorno e as famílias das candidatas são importantes.
Candidatas são bombardeadas por argumentos como “se você for diplomata, você não vai casar, não vai ter família, é uma coisa para homens“. Eu tenho 61 anos e lembro que a coisa que mais me diziam é “você não vai casar”. E daí, né? Como se fosse um grande assunto. Até hoje, as jovens que querem ser diplomatas são expostas a esse desestímulo social.
Subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo, foi nomeada a primeira presidente da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras. Especializada em relações do Brasil com países africanos, foi embaixadora do país em Gana.
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Semanalmente, os principais fatos do globo, explicados de forma leve e interessante
Carregando…
Semanalmente, os principais fatos do globo, explicados de forma leve e interessante
Carregando…
Importância do pré-natal para a saúde da gestante e do bebê
Bradesco Seguros desenvolve formato pioneiro de aprendizagem para corretores
Transmissão é caminho fundamental para energia renovável
Prioridades para 2023 incluem novas soluções em nuvem, IA e segurança
Imunoterapia como principal aliada contra o câncer gastrointestinal
Caminhos e alternativas para garantir cuidado contínuo a todos os brasileiros
Carne mais lembrada e mais vendida do Brasil
SP ganha mais mobilidade com obras de expansão e modernização
BP – A Beneficência Portuguesa obtém reconhecimento internacional
Governo de SP aposta no transporte público elétrico
Seminário discute mobilidade no estado de São Paulo
Em todo o ano, juntos pelo seu negócio
Soluções da Clara liberam empresas para foco total nos negócios
Vacilo no descarte de dados facilita ação de golpistas
Cartão de crédito versátil revoluciona pagamentos corporativos
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Rui Costa encontrou-se com militares e disse articular reunião com presidente
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Bolsonarista estava foragida de operação que mirou financiadores de transporte e hospedagem para bolsonaristas
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Maria de Fátima foi flagrada em 2014 orientando compradores de crack; a reportagem não conseguiu contato com ela

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Leave a reply