Rixa? Eles faturam R$ 6 milhões em São Paulo com botecos inspirados no Rio de Janeiro – Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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As duas maiores metrópoles do país, São Paulo e Rio de Janeiro, têm suas similaridades — a alta densidade populacional, pontos turísticos mundialmente conhecidos e economia vibrante, por exemplo —, mas também têm suas diferenças. E essas distinções são frequentemente usadas como forma de provocação entre os moradores das duas cidades.
André Silveira e Mariele Horbach resolveram desafiar a polêmica biscoito-bolacha na base do empreendedorismo. O casal abriu bares inspirados na cidade maravilhosa na capital paulista. No início não foi fácil, de acordo com eles, mas hoje são donos do Grupo Hungry, que opera quatro casas temáticas na cidade e estima faturar R$ 6,3 milhões neste ano.
André Silveira e Mariele Horbach, fundadores do Grupo Hungry (Foto: Luis Vinhão)
Os quatro bares do casal têm como proposta “levar o melhor dos botecos do Rio de Janeiro para São Paulo”, por meio de cardápio com comidas típicas, decoração temática com referências ao futebol e a bossa nova, além de apresentações musicais como rodas de samba.
O primeiro restaurante, Garota da Vila, foi aberto há dez anos. Silveira, que é publicitário, tinha vindo para São Paulo em 2011, por conta do trabalho. Ele e Horbach já namoravam havia cerca de três anos, e, com a mudança, passaram a viver o romance na ponte aérea. Até que se cansaram dessa dinâmica e decidiram colocar um fim na distância.
Horbach, que é gaúcha, trabalhava em duas lanchonetes da família no Rio. Ela sempre ficou à frente da cozinha e já tinha experiência no ramo. Assim que decidiu morar em São Paulo, os dois resolveram empreender juntos no segmento. Ter um negócio próprio era um sonho antigo de Silveira, e a experiência da então namorada foi o motor que ele precisava para tirar o desejo do papel. 
Eles apostaram em um ponto de 240 metros quadrados na região da Vila Olímpia, em São Paulo, conhecida por ser um polo de escritórios e grandes empresas. As obras começaram no final de 2011, e o Garota da Vila abriu as portas em abril de 2012. Começar no vermelho e atrair mais clientes do que eram capazes de atender foram alguns dos erros que eles acreditam ter cometido naquele momento.
Bar Garota da Vila foi o primeiro aberto pelos empreendedores André Silveira e Mariele Horbach em SP (Foto: Luis Vinhão)
“Não tínhamos noção naquela época de como era abrir um negócio em São Paulo. Foi um início bem difícil. No Rio, é legal ter garçom mal-educado, ‘grosseirão’, mas em São Paulo é outro grau de exigência. Recebemos muitos comentários negativos na internet”, lembra Silveira. Ele conta que também teve dificuldade para entender como fazer a gestão do negócio — nos dois primeiros anos, o empreendedor conciliava o restaurante e o trabalho na agência. “Passamos dois anos girando no vermelho”, diz.
Horbach lembra que o ar carioca do espaço também não foi bem recebido em um primeiro momento, e era olhado com desconfiança pelos empreendimentos vizinhos, que não acreditavam na longevidade do projeto. “As pessoas demoraram a comprar a ideia de um bar despojado na Vila Olímpia, com cadeira de praia.”
Além da dedicação ao novo negócio, o casal foi surpreendido com a primeira gravidez em julho de 2012, três meses após a abertura do Garota da Vila. Após Horbach dar à luz, Silveira resolveu se dedicar mais ao negócio. “Depois de um tempo, eu saí do emprego para ajudá-la. Fiquei mais focado no salão, enquanto a Mari liderava a cozinha. O bar começou a decolar no movimento no final de 2014”, conta Silveira.
Com os bons resultados, eles resolveram abrir mais duas casas em 2017. Primeiro veio o Jobim, no bairro de Moema, com uma pegada de “boteco de esquina”. Alguns meses depois, nasceu o bar Chacrinha, na Chácara Santo Antônio, mais intimista (o nome é uma alusão ao famoso comunicador, e também ao bairro onde o bar está instalado). Dessa vez, eles optaram por espaços menores e mais baratos. “Colocamos no papel tudo o que erramos com o Garota da Vila e fizemos ao contrário nos dois novos bares. Ambos abriram no azul, com folha salarial menor, menos aparelhagem e aluguel mais baixo”, diz o empreendedor.
Calçadão do Espeto é a aposta mais recente do Grupo Hungry em São Paulo (Foto: Luis Vinhão)
Com e fechamento do segmento de bares e restaurantes durante a pandemia de covid-19 em 2020, o casal criou a marca de hambúrguer artesanal, a Vaka Loka Burgers, como alternativa para o delivery. As entregas foram suspensas após o afrouxamento das medidas restritivas, em 2021, mas eles mantém os pratos nos cardápios dos bares e cultivem o plano de abrir uma casa dedicada aos lanches. No ano passado, também inauguraram seu quarto bar, o Calçadão do Espeto, também na Vila Olímpia.
Para 2022, o foco tem sido a profissionalização dos negócios. Para isso, o casal criou a holding Hungry, e estruturou departamentos de back office para unificar o gerenciamento das casas, o que permite dar mais atenção aos negócios em si. “A nossa proposta, além de unificar os nossos negócios, é o de encorajar pequenos e médios empreendedores a também investirem no mercado e alimentar a indústria de alimentos”, comenta Silveira.
De acordo com o casal, o faturamento de outubro já atingiu o mesmo patamar de 2019 nas casas que já existiam. Em julho de 2022, a somatória dos quatro bares foi a maior desde o início do negócio. “O delivery não funcionou muito para nós, porque nosso negócio é o entretenimento. Só estamos com o canal ativo na operação nova [Calçadão do Espeto], por entender que pode ser uma forma de divulgação”, diz o empreendedor.
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