Saiba quem é o homem que viralizou com foto de Bolsonaro em ataque no Planalto – O Tempo

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O homem que se tornou um dos símbolos dos atos criminosos em 8 de janeiro ao exibir uma foto oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em vídeo gravado por ele mesmo, dentro do Palácio do Planalto, durante a invasão e depredação do prédio que abriga a Presidência da República, conseguiu escapar das forças de segurança e deixar Brasília. Desde então, não foi mais visto nas ruas nem nas lojas da cidade mineira onde mora e mantém seus negócios, Sete Lagoas, distante pouco mais de 70km de Belo Horizonte e 670km de Brasília.
Alcimar Francisco da Silva é pequeno empresário, apoiador de Bolsonaro e militante de extrema direita. Durante o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022, participou de campanhas feitas por comerciantes para pressionar trabalhadores do comércio local a votarem no candidato do PL – sob ameaças de demissão e até oferta de bônus aos funcionários fiéis politicamente; também pregou boicote aos comerciantes que apontava como “petistas”. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liderou o acampamento em frente ao quartel do Exército na cidade, o 4º Grupo de Artilharia Antiaérea (4º GAAAe).
O empresário mineiro não só compartilhou ataques ao sistema eleitoral brasileiro como fez diversos vídeos incentivando brasileiros a seguirem para Brasília para “tomar o poder” à força, para entregá-lo a Bolsonaro. Na companhia de outros moradores de Sete Lagoas, entrou em um ônibus, alugado por dois irmãos, empresários da cidade, para desembarcar na capital do país em 7 de janeiro, um sábado. O grupo fez vídeos e publicou nas redes sociais a chegada à Brasília. Todos diziam orgulhosos de estar ali e falavam em “guerra”, “ataque”, “invasão”.
Da BR-040, a rodovia que liga o Rio de Janeiro a Brasília e passa por Sete Lagoas, os moradores da cidade mineira seguiram direto para o Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), onde bolsonaristas montaram acampamento desde o fim da apuração do segundo turno, em protesto contra a vitória de Lula. Desde então, eles pedem a anulação do pleito e intervenção federal por meio das Forças Armadas. Investigações mostraram que foi de lá que saíram os criminosos que tentaram invadir a sede da Polícia Federal em 12 de dezembro e, dias depois, colocaram uma bomba sob um caminhão perto do aeroporto de Brasília.
Até a tarde de 8 de janeiro, Alcimar da Silva era apenas mais um no QG do Exército e na multidão que invadiu e depredou os prédios dos três poderes. Mas, ao entrar no Palácio do Planalto, ele decidiu fazer uma transmissão ao vivo, pelo telefone celular, vangloriando-se de participar daquele momento, dos atos criminosos.
“Ó, meu herói aqui, ó. Estamos na casa dele aqui, ó, na nossa casa, aqui, ó, na nossa casa”, diz, no vídeo que ele fez e viralizou, ao lado de outro homem, ainda não identificado. Ambos usavam camisetas da Seleção Brasileira de futebol. Em seguida, o empresário mineiro apontou a câmera para a quebradeira no interior do Palácio do Planalto, enaltecendo o vandalismo. 
O quadro com a foto emoldurada de Jair Bolsonaro pertencia à galeria dos ex-presidentes da República. Os demais quadros da mesma galeria foram destruídos. 
Pouco tempo depois, homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar entraram no edifício da Presidência e interromperam o vandalismo, dando voz de prisão em flagrante aos criminosos. Alcimar conseguiu escapar.
Até a publicação desta reportagem, na tarde desta segunda-feira (16), Alcimar não havia sido visto em locais públicos de Sete Lagoas. A reportagem entrou em contato com familiares dele. Nenhum quis dar entrevista. Amigos do empresário disseram que, desde 9 de dezembro, ele não responde a ligações nem mensagens de texto. 
Também no dia, à noite e sob chuva, um grupo de setelagoanos decidiu fazer um ato em defesa da democracia em frente a uma das duas unidades da Te y Te, de Alcimar. Eles, porém, não picharam ou muito menos quebraram nada. Apenas deixaram papéis brancos com a palavra democracia impressa na calçada da loja, além de gritarem palavras de ordem como: “Bolsonaro e seus golpistas na prisão! Sem anistia!”.
Não foi só Alcimar que escapou das forças de segurança em Brasília. O nome de nenhum dos bolsonaristas que moram em Sete Lagoas e vieram de ônibus para Brasília participar dos atos criminosos constava na lista de presos em flagrante na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, ou na ação da PM, na manhã seguinte, que cercou o acampamento no QG de Brasília e levou mais de 1,2 mil pessoas.
Desde 10 de janeiro, a equipe do O TEMPO em Brasília recebe denúncias, via e-mail e whatsapp, contra Alcimar e os demais integrantes do grupo. Os jornalistas analisaram mais de 100 mensagens, além de fotos e vídeos – a maioria feita e publicada pelos próprios acusados, inflando outras pessoas a participarem de atos violentos na capital do país e mostrando que estavam em meio à invasão e depredação das sedes dos poderes da República. 
Os moradores da cidade mineira afirmam que o ônibus que levou conterrâneos de Sete Lagoas para Brasília foi fretado e pago por uma dupla de irmãos empresários, donos de uma tradicional loja que vende produtos de elétrica, hidráulica e construção civil, além de prestar serviços no setor. Fizeram fortuna com o braço industrial da empresa, mantendo contratos com o poder público e grandes empresas privadas.
Em grupos bolsonaristas no Whatsapp e Telegram, havia convocação para tal viagem, dizendo ser “tudo de graça”. Teriam embarcado 38 bolsonaristas residentes na cidade mineira.
Os irmãos empresários são apoiadores de Bolsonaro e, nos últimos quatro anos, lideraram manifestações a favor dele, além de ajudar a manter o acampamento do 4º GAAAe. Os próprios fizeram imagens no local, além de disseminar textos e vídeos contra os poderes da República e o sistema eleitoral. Um deles desembarcou em Brasília em 7 de janeiro, com a cunhada. Fez vídeo convocando para ato na Esplanada.
O O TEMPO decidiu preservar os nomes dos irmãos e da loja deles porque ainda não há provas que financiaram o ônibus nem imagens deles nos prédios dos três poderes durante os atos terroristas. Não é o caso de outros moradores de Sete Lagoas, também empresários, que, assim como Alcimar, se filmaram em meio à horda na Esplanada dos Ministérios ou no QG do Exército, à véspera do terrorismo.
Gildacy Alonso, dono de uma distribuidora de água mineral em Sete Lagoas e ex-vice-prefeito de Fortuna de Minas, pequeno município vizinho, fez vários vídeos em suas redes sociais nos dias 7 e 8 de janeiro, em Brasília. “Olha gente, a boiada estourou. Tem 5 mil ônibus chegando, 2 mil índios. Hoje a onça vai beber água”, ressaltou, em uma das lives, com uma multidão vestida de verde e amarela no Eixo Monumental, a caminho da Esplanada, no início da tarde do dia 8.
Outro que fez o registro é Daniel Carneiro Araújo, dono de uma franquia da Kingdom, escola de inglês. “Tem uma galera de Sete Lagoas aqui, nós estamos em Brasília, hoje, dia 7 de janeiro de 2023. Observando a galera aqui, pessoal, a galera está com sangue nos olhos, todo mundo revoltado. Eles estão querendo invadir uns lugares aí para retomar esse poder. Estou acompanhando todo esse movimento. Vai ter reuniões aqui para traçar todas essas estratégias”, afirma, no QG do Exército.

Tanto Gildaciy Alonso quanto Daniel Araújo não atenderam os telefonemas da equipe do O TEMPO. Funcionários das suas lojas disseram que eles não estavam.
Já Sara Sany, também residente em Sete Lagoas, não demonstrou arrependimento sobre sua participação nos atos em Brasília. Ela ainda culpou os “infiltrados” pelo vandalismo nos prédios públicos. No entanto, a própria se filmou em meio à quebradeira na Praça dos Três Poderes. Seus vídeos foram copiados por conterrâneos, antes de ela apagar todos, e viralizaram nas redes sociais.
Sara Sany publicou diversos vídeos durante o ataque de domingo, no QG do Exército e na Esplanada dos Ministérios, em meio às invasões, bombas de efeito e gás lacrimogêneo. “Vamos ver o que a gente vai fazer, mas o mais importante é que está todo mundo rezando, ninguém quer briga, ninguém quer confronto”, disse em um story no Instagram. No story seguinte, aparecem os bolsonaristas correndo e subindo a rampa do Congresso Nacional. “Pessoal, invadimos. A polícia chegou, mas a gente enfrentou mesmo assim. A gente está aqui em cima”, comemorou.
No dia seguinte, no Facebook, ele publicou um texto condenando os atos violentos mas garantindo que continuaria no movimento pela anulação da eleição presidencial e intervenção militar. “Muito antes da lamentável depredação feita por infiltrados, a narrativa na nossa esquerda porca já estava montada contra nós, cidadãos que trabalham e produzem para manter este Estado opressor que (eles) insistem em defender como Estado de Direito. Aconteça o que acontecer, eu sei pelo que estou lutando: Deus, pátria, família e liberdade. Oh Virgem Dolorosíssima, vossas lágrimas derrubaram o império infernal”.
Sara Sany se apresenta como defensora das causas animais. Mantém uma pequena revista, sem circulação periódica, sobre pets, patrocinada por pet-shops e clínicas veterinárias de Sete Lagoas. Assim como os demais setelagoanos que decidiram pegar estrada para tentar derrubar o governo Lula e os demais poderes da Repúblicas, ela não atendeu às ligações da reportagem nem tem sido vista em público na cidade. 
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