Seis em cada dez jovens não participam da política além do voto – Enfoque MS
Segundo estudo, 4 em cada 10 desconhecem formas de se envolver politicamente. Educação, saúde e economia são temas prioritários
Seis em cada dez jovens só voltarão a participar da política no segundo semestre de 2024. Essa é a conclusão do Atlas das Juventudes, que mostra que 64% das pessoas entre 15 e 24 anos afirmam não ter vida politicamente ativa para além do voto.
O estudo, que ouviu 16.326 jovens de todo o país entre julho e agosto, revelou que somente 12% do total participam muito da política e 24% participam pouco.
Há aqueles que não sabem como participar da política mas o fariam se soubessem (17%) e outros que não conhecem e tampouco têm interesse na vida politicamente ativa (22%). Um em cada quatro (25%) afirma saber como, porém não participa.
Esse distanciamento se deve, em alguma medida, à falta de engajamento por parte da juventude, para Mayra Goulart, cientista política na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“Os jovens muitas vezes se colocam numa posição de desalento em relação à política, mas também não estão participando de diferentes espaços disponíveis para o cidadão na política”, avalia.
Porém, isso não é algo particular ao contexto brasileiro ou à atualidade, segundo Maurício Fronzaglia, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie: “Podemos achar porcentagens muito semelhantes em outros países e outros tempos também. A grande questão é que muitos não sabem como participar.”
Desinteressados em participar, de modo geral, eles se mostram descrentes com o comprometimento de políticos com a sociedade: muito pessimistas (38%) e parcialmente pessimistas (32%) formam a maioria, enquanto apenas três em cada dez estão otimistas, parcialmente (19%) ou muito (11%).
Além de não acreditarem no compromisso dos políticos, somente metade dos jovens se veem representados na classe, o que denota um paradoxo próprio da democracia, segundo Fronzaglia:
“Realmente há um distanciamento entre representantes e representados, mas são os votos da população que fazem os políticos serem eleitos. Não há uma solução fácil para isso. É uma das características da crise de legitimidade da democracia em vários países do mundo em que os representantes não têm a questão de responsabilidade, não prestam contas regulares aos seus eleitores.”
Segundo o Atlas, a maioria do jovens defende o desarmamento (71%), as urnas eletrônicas (81%) e a democracia (88%). Posturas progressistas e ousadas, de certa maneira, são mais comuns entre os jovens que em pessoas mais velhas, segundo os dois cientistas.
Valores como a defesa da democracia e das urnas indicam, para Maurício Fronzaglia, como o sistema democrático cria raízes.
“Ou seja, fazer as pessoas perceberem que a democracia é um sistema importante e oferece liberdade de culto, de crença, de expressão, o direito de ir e vir, o direito a voto. Que todas essas coisas dependem do funcionamento da democracia”, afirma o especialista.
Porém, tampouco trata-se de uma panaceia, prossegue ele: “É um método de escolha de governantes e garantia de direitos, mas que depende de governos responsáveis.”
Solicitados a indicarem as três prioridades para garantir o voto, os respondentes definiram educação (63%), saúde (56%) entre as mais importantes. Economia, trabalho e renda (49%) vem logo na sequência.
Apenas um em cada quatro (25%) inclui a redução das desigualdades neste grupo, mas isso não necessariamente é um problema, segundo Fronzaglia e Goulart.
“Educação não é apenas aprender e ensinar, mas um espaço de mobilidade social importante. Então, tem uma conotação econômica importante para esses jovens, além de ser um espaço para prática de cidadania”, diz a cientista política.
O acesso à saúde de qualidade e a promoção de trabalho e renda também ‘atacam’ diretamente a desigualdade social, segundo Fronzaglia.
“Essas coisas estão interligadas. Estar preocupado com a renda, por exemplo, quer dizer também estar preocupado com as desigualdades. Indiretamente acabam considerando importante a questão da desigualdade visto que se preocupam com a educação, a saúde, o trabalho e a renda”, diz.
Quando a pergunta pedia as duas ações mais relevantes se eles próprios fossem os governantes, 32% dos jovens da capital paulista disseram que criariam um plano e fortalecimento da educação, e 30% investiriam em ações de combate à fome.
Planejar ações para o fortalecimento do SUS e criar um plano de recuperação econômica aparece em seguida, com 27% para cada.
“O voto é uma forma, talvez a mais simples, de pensar a participação dos cidadãos numa democracia liberal”, lembra Mayra Goulart, diante dos 39% de jovens que dizem não saber como participar da política.
Existem vários outros meios, lembra a cientista: “participar diretamente da formação de políticas públicas, através de conselhos e conferências; participar de audiências públicas – um elemento muito importante do processo legislativo –, que acontece dentro das comissões no parlamento e assembleias estaduais; pressionando deputados, prefeitos e mandatários eleitos com várias ferramentas que existem nas mídias sociais e nos sites dos parlamentos, prefeituras e governos estaduais.”
Ao lembrar a falta de reconhecimento dos jovens na classe política, Maurício Fronzaglia comenta sobre a importância da população acompanhar instâncias como a Câmara dos Deputados, o Congresso Nacional e assembleias estaduais, e critica:
“A população não segue o dia a dia dessas instituições, mas elas também não fazem questão de melhorar sua comunicação com o eleitorado.”
Fonte: R7
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Edcéia Pereira Gonçalves
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