Sem mandato, Bolsonaro tem futuro político incerto e desafio de manter bases – O Tempo

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Com o fim de seu mandato no comando do Palácio do Planalto na virada para 2023, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não pretende abandonar a política, mas terá como desafio se manter em ascensão pelos próximos anos a depender de sua pretensão. Terminando o mandato como o principal nome da extrema direita no país, que faz antagonismo direto com a política do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele tentará fortalecer uma oposição por meio de estratégias internas e com a ampla bancada eleita para o Congresso Nacional – inclusive com a presença de seus filhos. 
Com casa no Rio de Janeiro (RJ), local em que morava até 2018, Bolsonaro ficará em Brasília (DF). O futuro ex-presidente terá uma casa e um escritório financiados pelo PL por ordem do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para fazer negociações. Antes mesmo desta troca de governo, o dirigente partidário já disse que Bolsonaro será candidato presidencial em 2026. O pleito deste ano indicou que o mandatário tem apoiadores mobilizados. Ele ficou com 49,1% dos votos contra 50,9% de Lula, que teve vitória com uma diferença de 2,1 milhões de votos. 
Há, porém, uma proposta que pode tirar Bolsonaro do cenário eleitoral pelos próximos anos. Parlamentares debatem a criação do cargo de senador vitalício para ex-presidentes. A pauta, com garantia de imunidade, já rondou o Parlamento e retornou, agora, com a aproximação da troca de governo. O texto ainda está em debate, mas a ideia é de que a adesão seja opcional e que o ex-presidente que assumir fique inelegível. Isso significa que, caso o projeto prospere dessa forma e Bolsonaro vire senador vitalício, ele não poderá mais disputar eleições. 
Enquanto o futuro do atual mandatário se mostra incerto, ele tentará ampliar sua base e a força do bolsonarismo por meio de cabos eleitorais com mandatos e lugar de fala na política. Dos 27 governadores eleitos (incluindo dois do PL), pelo menos 13 declararam apoio ao atual presidente da República. Três deles representam os maiores colégios eleitorais do país: Tarcísio Freitas (Republicanos), em São Paulo; Cláudio Castro (PL), no Rio de Janeiro; e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais. Os governadores aliados a Lula ganharam em pelo menos dez estados.  
No Congresso Nacional, a bancada bolsonarista será maior do que a de apoio a Lula em 2023, virando um quadro histórico de bases parlamentares. Na Câmara dos Deputados, 99 dos 513 deputados serão do PL. No Senado, o PL também terá a maior bancada com 14 senadores dos 81 totais. O objetivo do partido é, ainda, conseguir o comando da casa legislativa com a candidatura do futuro senador Rogério Marinho (PL-RN). A intenção é garantir o cargo para avançar em pautas conservadoras que perpetuam a posição bolsonarista, principalmente a radical.  
É atribuição do presidente do Senado, por exemplo, aceitar ou arquivar pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na gaveta do atual presidente da instituição, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estão pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, alvo de embates de Bolsonaro e visto pela militância do presidente como rival por decisões que desagradam o grupo. 
Têm mandatos, inclusive, três filhos do presidente. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi reeleito por mais quatro anos. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) está na metade do mandato e irá permanecer na função por mais quatro anos. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também está na metade do mandato e terá mais dois anos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 
As eleições de 2024 serão outra oportunidade de Bolsonaro traçar estratégias para ampliar sua base por meio de eleições municipais para prefeitos e vereadores, fortalecendo sua imagem para as eleições gerais de 2026. 
Bolsonaro deverá enfrentar, ainda, acusações judiciais com potenciais riscos. Os entraves, no entanto, não devem desmobilizar a militância do atual mandatário se ele conseguir manter a união de seus apoiadores, que acreditam que o atual presidente é “vítima” do sistema de Justiça.  
Na última quarta-feira (14), Bolsonaro e seus filhos Eduardo e Flávio viraram réus por suspeita de utilização de redes sociais para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Na mesma posição, estão as deputadas federais Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), os deputados eleitos Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador eleito Magno Malta (PL-ES) e o candidato derrotado a vice-presidente Walter Braga Netto (PL-MG). 
Embora haja a expectativa sobre o futuro político de Bolsonaro, uma eventual candidatura em 2026, apesar de já endossada pelo presidente do PL, é vista como uma “questão em aberto” pelo cientista político Leonardo Barreto. O especialista explicou que, apesar de o atual presidente ter capital político, o tempo de reclusão e afastamento da militância desde o resultado eleitoral pode prejudicá-lo no futuro e aumentar a probabilidade de endosso a outro nome que mostre força em uma candidatura. 
“Pela sua inércia, pela maneira como ficou paralisado, eu hoje acho que ele não vai liderar esse processo. Eu penso que ele não tem disposição, não tem sofisticação, acho que ele não vai fazer esse trabalho de quatro anos na oposição. Eu tenho a impressão de que hoje a direita é um uma oportunidade até para outros partidos e para líderes emergentes”, analisou. 
A discussão passa, ainda, pela atuação de quadros partidários. O Centrão, que fechou apoio com Bolsonaro nos últimos anos, é visto historicamente como um grupo que se adapta ao governo vigente. Um dos líderes do Centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já negocia acordos com Lula. Com o cenário, Barreto prevê dificuldade em se criar um líder do grupo dependendo da posição a ser adotada no futuro governo.  
“Eu acho que o Centrão que se tornar governista nesse momento, ou seja, apoiando o governo Lula, vai ter dificuldade de depois se apresentar como esse representante da centro-direita, e acho que isso vai também ser muito aproveitado por alguns líderes locais. Eu vejo o Zema, vejo o Tarcísio, veja até talvez o Eduardo Leite [eleito governador no Rio Grande do Sul pelo PSDB], embora ele não seja conservador, com mais possibilidade de surfar nessa onda”, destacou. 
Segundo o cientista político, é possível que o movimento bolsonarista permaneça e até seja fortalecido por outro nome que represente a ideologia representada. “Essa agenda tem a ver com conservadores, com valores libertários. Isso quer dizer redução do Estado, de impostos, de burocracias, liberdade para empreender e tem a ver também com valores cristãos. Essa é uma agenda muito forte e que até estava encubada. Ficou encubada durante algum tempo, encontrou em Bolsonaro uma vazão, mas que uma vez na sociedade, vai continuar por aí. Eu acho até que pode sobreviver melhor sem o Bolsonaro do que com ele”, afirmou. 
O especialista ponderou que o grupo ganhará mais força, no entanto, quando a parte extremista se diluir “porque você vai ter outros partidos de centro e de centro-direita buscando um processo de conexão e de enraizamento com essa turma”. Há diferenças fundamentais, de acordo com ele, entre os apoiadores mais brandos de Bolsonaro e os que estão à frente de atos e acampamentos nas ruas desde a derrota do mandatário. 
“Por que essa massa que está na rua ainda não encontrou um líder? Por que que os partidos do Centrão até fizeram questão de se afastar um pouco? Porque estão pedindo coisas que não podem ser entregues. E aí a gente precisa fazer uma diferenciação. Por um lado, existe uma agenda de direita, conservadora, legítima, que vai fazer parte da vida política. O outro lado tem uma agenda de não aceitação do resultado eleitoral. Embora uma tenha surgido da outra, elas são diferentes”, completou Barreto. 
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