Senado pede que governo Lula seja ouvido sobre indicação de 19 embaixadores – UOL Confere

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Do UOL, em São Paulo
11/11/2022 04h00Atualizada em 11/11/2022 08h38
A gestão de Jair Bolsonaro (PL) se aproxima do fim com 19 postos de embaixadores indefinidos — incluindo Vaticano e países como Argentina e França. Por entender que não faz sentido nomeações de um governo em fim de mandato, a Comissão de Relações Exteriores do Senado, responsável por avaliar os indicados, pediu que o Itamaraty entre em consenso com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Se tem transição, faz sentido que esteja afinado”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC), presidente da comissão.

Negociações em curso. Existe certa urgência no assunto porque está marcado para os dias 22 e 23 de novembro um esforço concentrado da comissão do Senado. Diante desse cenário, as conversas entre Itamaraty e o governo de transição já começaram.
Ontem à tarde, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, viajou a São Paulo para uma reunião com Celso Amorim, ex-chanceler do governo Lula e conselheiro do petista para assuntos de diplomacia. A iniciativa é vista como um sinal de boa vontade. Amorim está sem condições de viajar porque se recupera de uma cirurgia de hérnia realizada na terça-feira.
Ele disse ao UOL que mudanças são naturais com a troca de governo e disse preferir não adiantar nomes porque “seria indelicadeza”. O titular do Itamaraty ir a seu encontro é visto como indicativo de tentativa de alcançar um acordo na transição de governos.
Integrante de base de apoio de Bolsonaro no Congresso, Esperidião Amin afirma ser natural que as nomeações para as 19 embaixadas reflitam os interesses do próximo presidente. Ele diz que a conversa se dá entre servidores de carreira, com a mesma formação e acredita em um consenso.
“É uma oportunidade para o Itamaraty dar uma demonstração prática de espírito republicano e transição”, afirmou.
Otimismo. A expectativa é que os reflexos do encontro entre o atual e o ex-chanceler apareçam na próxima semana com a definição dos nomes. Os indicados para postos de embaixada precisam passar por sabatina da Comissão de Relações Exteriores do Senado e não se trabalha com o cenário de não haver diplomatas a serem ouvidos no esforço concentrado de 22 e 23 de novembro.
Pessoas envolvidas com o assunto informaram ao UOL que o otimismo se justifica porque é esperada sensatez na negociação entre o Itamaraty e a equipe de transição de Lula. A avaliação é que o assunto poderia até estar mais adiantado não fosse a cirurgia de Amorim.
Postos importantes em aberto. No conjunto de 19 postos diplomáticos indefinidos, há alguns considerados bastante relevantes. A Argentina é um antigo parceiro econômico do Brasil e país de importância regional. A vaga no Vaticano tem significado simbólico.
A lista também tem duas agências integrantes da ONU: a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Este último tem uma representatividade porque acabar com a fome é uma das bandeiras de campanha de Lula.
Ocorre que o Brasil enfrenta uma situação constrangedora na FAO. Por falta de pagamento de sua contribuição obrigatória, o governo brasileiro corre o risco de perder o direito a voto na instituição a partir do ano que vem.
Nova cara para diplomacia. O presidente eleito anunciou que pretende mudar a imagem e a atuação da política externa brasileira. Entre outras áreas, a questão ambiental terá novas diretrizes e semana que vem Lula viaja ao Egito e participa da COP27.
Durante o governo Bolsonaro, houve forte reação às posições brasileiras. O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo declarou não se importar com a condição de pária. Crítico ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, Bolsonaro não esteve no país vizinho nenhuma vez e o posto diplomático em Buenos Aires está vago.
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