Sob Bolsonaro, violência política e eleitoral aumenta 400% no Brasil – Rede Brasil Atual

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De 2 de setembro de 2020 a 2 de outubro de 2022 foram 54 assassinatos, 109 atentados, 151 ameaças, 94 agressões e 104 ofensas, mais 6 casos de criminalização e 5 de invasão. PT e Psol são os maiores alvos entre os partidos
Publicado 11/10/2022 – 15h50
São Paulo – Os dois meses que antecederam o primeiro turno das eleições registraram quase o mesmo número de episódios de violência política e eleitoral do que os sete primeiros meses de 2022. É o que aponta a segunda edição do estudo sobre  violência política e eleitoral no Brasil, produzido pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, lançado nesta segunda-feira (10). O estudo analisou o período entre 2 de setembro de 2020 e 2 de outubro de 2022, onde foram mapeados 523 casos ilustrativos de violência política envolvendo 482 vítimas entre representantes de cargos eletivos, candidatos/as ou pré-candidatos/as e agentes políticos no Brasil.
Nesse período de pouco mais de dois anos, foram registrados 54 assassinatos, 109 atentados, 151 ameaças, 94 agressões e 104 ofensas, além de 6 casos de criminalização e 5 de invasão. Apenas no período eleitoral, até o primeiro turno, entre 1 de agosto e 2 de outubro de 2022, 121 casos de violência política foram registrados contra agentes políticos, praticamente, dois casos de violência política por dia.
Esta segunda edição do estudo confirma a tendência de crescimento da violência política a partir de 2019, apresentada na primeira edição do estudo. Até o ano de 2018, uma pessoa era vítima de violência política a cada 8 dias. Mas a partir de 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), os episódios de violência foram registrados a 48 horas. E agora neste ano de 2022 já registra 247 casos. Ou seja, um caso de violência política registrada a cada 26 horas. O número de episódios já supera o total de 2020, quando houve eleições municipais e é mais de 400% maior do que o número de casos registrados em 2018, quando também houve eleições presidenciais.
“Essa tática da violência pode ter um reflexo perverso na garantia da democracia. Esse clima de ódio e medo tem um impacto profundo em como as candidaturas realizam suas campanhas e dialogam com a população. É preciso também refletir o quanto essa violência intimidou segmentos a retirarem suas candidaturas – pessoas, inclusive, cuja representação teria grande importância, como mulheres negras, pessoas trans e LGBTQIA+”, disse Gisele Barbieri, coordenadora de incidência política da organização Terra de Direitos.
Essa segunda edição completa o primeiro levantamento lançado em 2020, que analisou casos ilustrativos de violência política entre 1 de janeiro de 2016 a 1 de setembro de 2020. A série histórica iniciada em 2016 com dados até 31 de julho de 2022 registra 850 episódios desse tipo de violência. A segunda edição da pesquisa analisou episódios de violência política divulgados em portais de notícias, redes sociais e veículos de comunicação.
O período analisado nesta segunda edição do estudo também aponta que a cada 5 dias ocorre um assassinato ou atentado à vida por violência política e eleitoral no Brasil. São Paulo lidera o ranking de estados com maior número de assassinatos e atentados, com 24. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (22), Bahia (20), Pará (14), Pernambuco (8) e Paraíba (7).
Entre os partidos alvos da violência, PT e Psol representam mais de um quarto dos casos. E dentro dessas siglas, as mulheres são os principais alvos. “Se na primeira pesquisa vimos que a violência política atingia todos os partidos de diferentes espectros políticos, nesta segunda edição, percebemos uma concentração de ataques a partidos de centro-esquerda e parlamentares que atuam na defesa de direitos humanos, da população LGBTQIA+ e na pauta antirracista”, disse Glaucia Marinho, coordenadora da Justiça Global.
A segunda edição do levantamento revela que o perfil das maiores vítimas permanece sendo os  homens cisgênero que, além de serem a maioria em representação nos espaços de poder, são vítimas em 59% dos casos de violência política. As mulheres, que representaram 15,80% das pessoas eleitas em 2020 e 16,11% em 2018, são vítimas de 36% dos casos de violência política registrados no último período. São elas também as maiores vítimas de ameaças e ofensas. Mulheres trans e travestis também foram alvo de 5% dos episódios de violência.
Apesar de serem minoria entre os eleitos, as pessoas negras são vítimas de 48% dos episódios de violência política onde foi possível identificar cor e raça. Brancos representam 50%, enquanto amarelos e indígenas são 2%.
Com 175 registros, vereadores e vereadoras candidatos/as, eleitos/as e em exercício continuam sendo  as principais vítimas dessa violência, seguidos por deputados/as federais e estaduais com 135 casos e prefeitos e vice-prefeitos com 53 casos.
O levantamento desde 2016 considera apenas episódios de violência contra agentes político-institucionais, sem contabilizar os casos em que os alvos não eram candidatos, pré-candidatos, pessoas que ocupam cargos eletivos ou políticos, assessores parlamentares e dirigentes partidários.
No entanto, em um levantamento à parte, as entidades identificaram desde agosto deste ano 68 casos de violência eleitoral disseminada, que teve como alvo apoiadores, eleitores e trabalhadores em diferentes funções – dentre esses, foram 6 assassinatos -, além de ataques a imóveis e depredação de urnas eletrônicas como forma de intimidar adversários e questionar o próprio processo democrático eleitoral.
Ou seja: considerando os 121 casos de violência política contra agentes político-institucionais mais os 68 casos de violência política disseminada, o período eleitoral registrou ao menos 189 ocorrências.

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