Sobre futebol – Jornal NH
Quando eu era adolescente, na minha distante e bucólica São José do Norte, interior do Rio Grande do Sul, integrava, com dezenas de jovens, uma equipe de futebol chamada SER Nortense. Jogávamos, ano após ano, o campeonato local nas categorias adulta e júnior. Como a equipe era composta basicamente por meninos entre 15 e 20 anos, costumávamos ser eliminados cedo no campeonato de adultos e seguir até as fases finais, com os mesmos jogadores praticamente, na categoria júnior.
Recordo que as coisas para nós eram muito difíceis, por causa da estrutura corrupta dos campeonatos, o que nos prejudicava em ambas as categorias. Fora de campo, as decisões administrativas do órgão que organizava o campeonato eram sempre tomadas em nosso desfavor e no intuito explícito e deliberado de beneficiar as agremiações das quais eram simpatizantes os organizadores. Sacanagem mesmo! Toda decisão extracampo, especialmente as que partiam do Tribunal Desportivo Municipal, eram tomadas contra nós e para beneficiar outras equipes.
Imaginem, então, senhores, como eram as coisas dentro de campo! Os adversários trapaceavam, faziam cera, jogavam-se ao solo quando estavam vencendo, davam cuspidas e pontapés e conduziam a arbitragem a gritos, no melhor estilo futebol brasileiro. E os árbitros? Nada! Quando algum qualquer jogador nosso falava alguma coisa ou fazia uma falta um pouco mais forte lá vinha o cartão amarelo e até o vermelho. Quantas e quantas vezes tivemos que terminar partidas sem que nos assinalassem pênaltis a favor, dando-se penalidades a favor do adversário e contando ao final com um ou até dois jogadores a menos. Os árbitros faziam tudo, visivelmente, para beneficiar e dar a vitória a nossos trapaceiros adversários e tirar de nós os três pontos.
Nossa torcida, entretanto, apesar de as avaliações locais dizerem que era menor, era ainda maior que as demais por alguns pontos percentuais, e nossos jogadores muito técnicos e empenhados em superar toda a espécie de esquemas pouco honestos para que pudéssemos alcançar as vitórias e títulos. E assim foi que nos anos de 1983, 1985 e 1988 nos sagramos tricampeões municipais de futebol. Em 1988, pasmem, na disputa por penalidades, onde nosso goleiro teve de defender três vezes o último pênalti, porque o árbitro parcial fez repetir a cobrança duas vezes.
Fico feliz em compartilhar com todos os leitores uma história épica de superação de adversidades impostas por injustiças e manobras antidesportivas, uma história de futebol, mas que poderia ser da vida real de cada um. Com força, determinação, correção e Deus, vencemos e sempre venceremos quaisquer adversidades!